Por que pensar é algo tão difícil para muitos brasileiros?

Pensar não é difícil, a grande questão é o que e como pensar? Pensar de forma produtiva e intelectual é uma tarefa que exige dedicação, método e persistência. Infelizmente, muitos brasileiros encontram dificuldades nesse processo. Para compreendermos essa situação, é necessário analisar o contexto histórico e social do Brasil, além de reconhecer que cada indivíduo tem sua parcela de responsabilidade na cura de sua própria ignorância.

O Brasil é um país marcado por desigualdades sociais, educacionais e culturais profundas. Desde seu período colonial, houve uma estrutura de poder que perpetuou a exclusão de amplas camadas da população do acesso à educação de qualidade e ao conhecimento. Durante séculos, a elite dominante manteve o controle sobre o pensamento, determinando o que era válido e o que deveria ser rejeitado. Essa realidade restringiu o desenvolvimento do senso crítico e da capacidade de questionamento em larga escala.

Mesmo após a independência e o fim da escravidão, as desigualdades persistiram. A falta de investimentos na educação pública, a ausência de políticas inclusivas e a negligência com a formação de professores contribuíram para um quadro no qual o conhecimento ainda é privilégio de poucos. É fundamental reconhecer que a dificuldade em pensar de maneira crítica e reflexiva é um reflexo direto dessa realidade.

No entanto, é importante não isentar cada indivíduo de sua responsabilidade na busca pelo conhecimento e na superação da ignorância. Mesmo diante de obstáculos, cada um tem o poder de curar sua própria ignorância por meio da busca constante por informação e do exercício do pensamento crítico. Nesse sentido, é fundamental que sejamos conscientes de nossa capacidade de questionar e não aceitar passivamente o que nos é apresentado como verdade absoluta.

Uma analogia útil para entendermos essa questão é a do “prato pronto”. Muitos brasileiros preferem consumir o conhecimento como um prato pronto, sem questionar sua procedência, veracidade ou possíveis interesses por trás dele. Assim como é mais fácil pegar um alimento pronto e aquecido no micro-ondas, é mais cômodo e menos trabalhoso aceitar o conhecimento pronto, sem se dar ao trabalho de pensar por conta própria.

Porém, assim como a comida industrializada nem sempre é saudável, o conhecimento pronto nem sempre é confiável. É essencial desenvolvermos a habilidade de “cozinhar” nossas próprias ideias, de forma crítica e consciente. Isso requer esforço, estudo, análise e disposição para questionar as informações que nos são apresentadas.

É possível superar as barreiras impostas pelo contexto histórico brasileiro e pelo sistema educacional deficiente. Por meio da valorização da educação de qualidade, da busca por conhecimento e da conscientização de nossa responsabilidade individual, podemos desenvolver uma sociedade mais crítica, informada e capaz de pensar por si mesma.


Praticamente todos os humanos estão hipnotizados pelo senso comum, pois a maioria pensa o que lhes disseram para pensar. Vivemos em uma sociedade que valoriza a conformidade e a aceitação passiva das ideias preestabelecidas, em vez de promover o pensamento crítico e questionador.

Desde tenra idade, somos moldados por influências externas, sejam elas familiares, educacionais ou midiáticas. Recebemos um conjunto de crenças e valores que são incutidos em nós sem que tenhamos a oportunidade de refletir sobre sua veracidade ou relevância. Aceitamos essas informações como verdades absolutas, sem questionar sua origem ou validade.

Essa hipnose coletiva nos leva a adotar opiniões sem fundamento e perpetuar estereótipos e preconceitos arraigados na sociedade. Ao invés de buscar conhecimento e questionar a realidade, aceitamos passivamente o que nos é apresentado, limitando nossa capacidade de crescimento intelectual e social.

A consequência disso é uma sociedade que se movimenta em um ciclo vicioso de ideias obsoletas e dogmas infundados. Não somos encorajados a questionar o status quo, a desafiar as estruturas de poder ou a buscar soluções inovadoras para os problemas que enfrentamos. Em vez disso, somos incentivados a seguir o rebanho, a pensar como a maioria e a temer a mudança.

Essa mentalidade conformista impede o progresso social e perpetua desigualdades e injustiças. Enquanto aceitamos acriticamente as narrativas que nos são apresentadas, nos tornamos cúmplices das opressões e dos sistemas que nos limitam. A falta de questionamento nos impede de reconhecer as nuances e complexidades da realidade, restringindo nossa capacidade de agir de maneira informada e responsável.

Para romper com essa hipnose coletiva, é necessário cultivar o pensamento crítico e o questionamento constante. Devemos buscar informações de fontes confiáveis e diversificadas, ouvir perspectivas diferentes e estar dispostos a desafiar nossas próprias crenças. Somente assim poderemos abrir espaço para o crescimento individual e coletivo, construindo uma sociedade mais justa, inclusiva e progressista.

É hora de despertar do transe do senso comum e abraçar a individualidade intelectual. Somente assim poderemos romper as correntes da conformidade e alcançar uma sociedade onde as ideias sejam avaliadas por sua relevância e mérito, em vez de serem aceitas simplesmente por serem populares ou tradicionais.

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Wanderson Dutch.

 

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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