7 Rainhas Africanas Poderosas que Você Não Aprendeu na Escola

Hoje quero falar de um tema muito importante, já que neste dia 25 de julho se comemora o Dia da Mulher Negra Latina.

Para Paulina Chiziane, as mulheres africanas do continente e da diáspora foram propositalmente enfraquecidas e despojadas de sua grandeza e poder pela colonização árabe e europeia, que impôs um modelo de mulher fraca e submissa. No entanto, elas devem se inspirar em modelos de força e grandeza, dos quais a África está repleta. Cleópatra, frequentemente retratada falsamente como branca, é um desses exemplos. Além dela, há muitas outras mulheres poderosas que marcaram a história com suas contribuições e liderança. Aqui estão sete rainhas africanas lendárias que impactaram o mundo:

1. Nefertiti (Egito)

Nergetiti

Nefertiti, cujo nome significa “A Beleza Chegou”, é uma das figuras mais enigmáticas do Egito Antigo. Ela se casou com o faraó Akhenaton, e seu reinado coincidiu com um dos períodos mais intrigantes da história egípcia: a introdução do culto monoteísta ao deus Aton. Juntos, Akhenaton e Nefertiti tentaram transformar o Egito de uma religião politeísta para uma adoração centrada em Aton. Nefertiti é mais conhecida pelo famoso busto que a retrata, encontrado em 1912, que representa um ícone de beleza e elegância. Além de sua influência religiosa, Nefertiti também exerceu um papel de liderança e poder, possivelmente governando como co-regente ou até mesmo sozinha após a morte de Akhenaton.

2. Nzinga (Rainha de Ndongo e Matamba)

Nzinga

Nzinga Mbande, frequentemente referida como Rainha Nzinga, foi uma figura imponente na história africana. Nascida no final do século XVI, ela governou os reinos de Ndongo e Matamba, na atual Angola. Nzinga é famosa por sua resistência obstinada contra a colonização portuguesa e suas habilidades excepcionais como estrategista militar. Ela liderou seu povo na luta contra as forças coloniais, formando alianças com outras nações africanas e até mesmo com o inimigo colonial, o que demonstra sua habilidade diplomática. Sua resistência ao domínio europeu e sua luta pela independência continuam a ser um símbolo de bravura e determinação para a África e o mundo.

3. Yaa Asantewaa (Rainha-Mãe de Ejisu)

Yaa Asantewaa

Yaa Asantewaa nasceu no século XIX no Reino Ashanti, na atual Gana. Ela é amplamente reconhecida por sua liderança durante a Guerra da Mulher de Ouro, que ocorreu entre 1900 e 1901, quando os britânicos tentaram anexar o Reino Ashanti. Yaa Asantewaa, como rainha-mãe de Ejisu, mobilizou o povo Ashanti para resistir à colonização britânica. Sua coragem e capacidade de liderança durante este período crítico fizeram dela uma heroína nacional. Ela não apenas lutou bravamente, mas também articulou a resistência com um profundo senso de estratégia e convicção, promovendo a luta pela autonomia e preservação cultural de seu povo.

Yaa Asantewaa era a rainha-mãe da tribo Edweso do Reino Asante (Ashanti), na atual Gana. Conhecida por sua coragem excepcional, ela desempenhou um papel crucial na defesa de sua nação contra as forças coloniais britânicas. Em março de 1900, Yaa Asantewaa organizou e liderou um exército de milhares de guerreiros para resistir à tentativa dos britânicos de subjugar o Asante e tomar o Trono Dourado, símbolo espiritual de unidade e soberania do reino.

Durante três meses, Yaa Asantewaa sitiou o forte britânico de Kumasi, demonstrando uma habilidade tática e determinação admiráveis. A resistência foi tão eficaz que os britânicos foram obrigados a mobilizar vários milhares de soldados e artilharia para romper o cerco. Após a queda do forte, Yaa Asantewaa e 15 de seus conselheiros mais próximos foram exilados para as Seychelles. Ela viveu no exílio até sua morte, em outubro de 1921.

A guerra liderada por Yaa Asantewaa, conhecida hoje como a “Guerra de Yaa Asantewaa” em Gana, foi uma das últimas grandes batalhas no continente africano comandadas por uma mulher. Seu legado como líder e defensora da soberania africana continua a ser uma fonte de inspiração e orgulho.

4. Ranavalona I (Rainha do Reino de Imerina)

Ranavalona I

Ranavalona I governou o Reino de Imerina, em Madagascar, de 1828 a 1861. Seu reinado é notável por seu caráter autoritário e sua resistência firme contra a influência europeia. Ela implementou políticas rigorosas para preservar a soberania de Madagascar e afastar a crescente influência dos missionários e colonizadores europeus. Embora seu governo tenha sido marcado por uma política de isolamento, ela também foi uma defensora da cultura e das tradições malgaxes. Ranavalona I é lembrada por seu papel em proteger o reino de invasões externas e por sua determinação em manter a identidade cultural e a independência de Madagascar.

5. Nandi ka Bhebhe (Rainha-Mãe do Reino Zulu)

Nandi ka Bhebhe

Muito da história da liderança preta na África foi distorcida pela perspectiva do colonizador durante o período do imperialismo, muitas vezes sendo completamente apagada. As consequências dessa deturpação são particularmente evidentes quando investigamos mais a fundo as vidas das rainhas africanas, que enfrentaram as estruturas patriarcais de seus reinos e se destacaram como figuras de importância entre seus conterrâneos. Recentemente, muito se tem escrito sobre Nzinga de Angola, a poderosa soberana que, durante quatro décadas, utilizou a guerra e a diplomacia para conter o avanço dos portugueses em seus domínios. No entanto, poucos conhecem Nandi ka Bhebhe, mãe do rei Shaka Zulu, que criou seus filhos sozinha e acreditava na possibilidade de unir os povos vizinhos. Ela se tornou um símbolo da força e da resiliência materna na história da África preta, inspirando mulheres ao longo das gerações na luta contra as imposições do patriarcado.
Nandi ka Bhebhe, mãe do famoso líder zulu Shaka Zulu, desempenhou um papel crucial na formação do Reino Zulu. Embora não tenha governado formalmente, sua influência sobre seu filho e seu papel como matriarca foram fundamentais para o sucesso e a expansão do reino. Nandi era conhecida por sua força e resiliência em tempos difíceis, e seu apoio a Shaka ajudou a moldar o Zulu em uma das nações mais poderosas da África do Sul. Sua habilidade para moldar o destino de seu filho e, por extensão, do reino, a torna uma figura significativa na história zulu.

6. Kandake Amanirenas (Rainha de Kush)

Kandake Amanirenas

Kandake Amanirenas foi uma rainha da antiga Kush, uma civilização situada ao sul do Egito, na atual Sudão. Ela governou durante o século I a.C. e é famosa por sua resistência contra a invasão romana. Amanirenas liderou seus soldados em batalhas contra os romanos, demonstrando grande coragem e habilidade estratégica. Seu reinado é um exemplo notável de resistência africana contra o imperialismo romano, e seu legado é um testemunho da força e resiliência das mulheres africanas na luta pela independência e autonomia.

7. Queen Mother Moremi Ajasoro (Reino de Ife, Nigéria)

Moremi Ajasoro é uma figura lendária da mitologia Yoruba e uma rainha-mãe do Reino de Ife, na Nigéria. Ela é celebrada por seu papel heroico na proteção de seu reino contra invasores. A lenda conta que Moremi sacrificou muito, inclusive sua liberdade, para obter informações sobre os invasores e salvar sua terra natal. Sua história é uma demonstração de devoção e coragem, e ela é reverenciada como uma heroína e uma líder que lutou incansavelmente para garantir a segurança e a prosperidade de seu povo.

Essas rainhas africanas não são apenas figuras históricas; elas representam o poder e a resiliência das mulheres africanas ao longo dos séculos. Em um dia como hoje, é fundamental reconhecer e celebrar suas contribuições e legados, que ainda ressoam e inspiram o mundo.

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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