Em 1979, um dos maiores ícones da música brasileira percorria os corredores do poder em Brasília, deixando as secretárias em agitação, pois ele já era muito “aclamado”. Roberto Carlos, com 38 anos de idade e seus cabelos cacheados, estava em busca de uma concessão para uma emissora de rádio. Ele fazia visitas estratégicas às autoridades governamentais, ciente da importância da influência política para alcançar seus objetivos.
Em uma dessas visitas, Roberto Carlos adentrou o gabinete do secretário-geral do Ministério das Comunicações, Rômulo Furtado, de forma abrupta e inesperada, causando um susto no funcionário público. Apesar do constrangimento inicial, Furtado recorda a visita como uma cortesia do cantor. No entanto, ele sabia que a concessão para uma emissora de rádio não dependia da documentação burocrática que ele gerenciava.
As concessões eram concedidas pessoalmente pelo ministro das Comunicações, na época o capitão da Marinha Quandt de Oliveira, ou pelo presidente do Brasil, o general Ernesto Geisel. Roberto Carlos era consciente disso, mas a sua visita simbolizava a sua determinação em obter a tão sonhada concessão.
Essa história de Roberto Carlos em Brasília é um retrato do poder que a música e a arte têm sobre a política e o público em geral. O cantor era um ícone cultural, capaz de mobilizar multidões e influenciar decisões importantes. Suas visitas aos corredores do poder não eram apenas por questões burocráticas, mas por uma visão estratégica que alinhava sua arte com a política.
O comportamento de Roberto Carlos nessa empreitada é condenável e revela um lado sombrio do cantor que muitos fãs desconhecem. Em vez de buscar a concessão por meios legítimos e justos, ele utilizou sua fama e prestígio para conseguir um benefício que não estava disponível para todos. É preocupante ver uma figura tão influente agindo de forma antiética e desonesta.
Além disso, o fato de ter mantido sua participação na Rádio Terra em segredo durante 15 anos é alarmante. É importante lembrar que a transparência e a honestidade são valores fundamentais em qualquer negócio ou atividade. Ocultar informações relevantes é um comportamento questionável e que pode gerar desconfiança e descredibilidade.
Em um momento em que a corrupção e o tráfico de influência são tão presentes na sociedade brasileira, é fundamental que pessoas com poder e influência ajam de forma ética e honesta. Infelizmente, a atitude de Roberto Carlos na obtenção da concessão para a Rádio Terra não é um exemplo a ser seguido.
