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Sair da Matrix não é fugir do mundo. É parar de vê-lo com os olhos que te deram.  

AI Brain

Sair da Matrix não é fugir do mundo. É parar de vê-lo com os olhos que te deram.  

Forte né?

Quando falamos em Matrix, não estamos falando apenas de um sistema tecnológico externo, mas de um programa interno. Um script mental, emocional e simbólico que roda na nossa cabeça 24 horas por dia e organiza a forma como percebemos o mundo, o tempo, as pessoas e a nós mesmos. A Matrix é holográfica porque ela não está só “lá fora”, ela é projetada continuamente “aqui dentro”. E enquanto ela roda sem ser questionada, a realidade parece fixa, inevitável, natural.

Este mundo ilusório em que vivemos nos ensina a ser reativos. A responder antes de compreender. A desejar antes de saber por quê. A exigir sentido imediato para tudo, como se o mundo nos devesse explicações rápidas e recompensas instantâneas. Somos treinados para viver em urgência, em escassez, em carência permanente. A querer tudo para ontem. A confundir velocidade com profundidade. A confundir opinião com pensamento. A confundir estímulo com experiência.

E é aí que a Matrix se torna mais eficaz: quando nos convence de que aquilo que vemos é a totalidade do real. Quando nos vicia em acreditar que o visível é tudo o que existe, que o mensurável é tudo o que importa, que o imediato é tudo o que conta. A gente passa a olhar o mundo só com os olhos, e esquece de olhar com a escuta, com o corpo, com a memória, com a intuição, com a história.

Sair da Matrix, então, não é mudar de mundo. É mudar o sistema de operação interno. É trocar o modo reativo pelo modo reflexivo. É desacelerar a mente o suficiente para perceber que nem tudo precisa de resposta, nem tudo precisa de opinião, nem tudo precisa virar conflito. É perceber que muitas das nossas angústias não são nossas, foram instaladas. Que muitos dos nossos desejos não nasceram em nós, foram plantados. Que muitos dos nossos medos não são naturais, são úteis a alguém.

A Matrix não é só um sistema de dominação material. Ela é um sistema de colonização do imaginário. Ela ocupa primeiro a cabeça, depois o corpo, depois a vida. Ela nos ensina o que é sucesso, o que é fracasso, o que é normal, o que é estranho, o que é aceitável sonhar. E assim ela governa sem parecer governo. Controla sem parecer controle.

Quando Jung disse que quem olha para fora sonha e quem olha para dentro acorda, ele estava tocando num ponto que as tradições africanas sabem há milênios: a consciência não nasce do acúmulo de estímulos, mas do refinamento do olhar. O mundo moderno nos treinou para viver para fora, reagindo ao fluxo incessante de imagens, opiniões, urgências e conflitos, como se a realidade estivesse sempre nos acontecendo e nunca sendo co-criada por nós. Na filosofia kemética, conhecer não é capturar o mundo, é alinhar-se a ele. É silenciar o ruído interno para perceber as forças sutis que organizam a vida, aquilo que não grita, mas sustenta. Por isso o autoconhecimento nunca foi vaidade, foi tecnologia espiritual. Uma forma de não ser arrastado pelo que passa, mas de habitar o que permanece.

O que hoje chamamos de “despertar” é, no fundo, um retorno. Um retorno à escuta, à memória, à lentidão fértil, à capacidade de perceber antes de reagir. A ancestralidade africana nunca separou pensamento de corpo, nem razão de afeto, nem espiritualidade de política, porque sabia que toda desordem externa começa como desarmonia interna. Recuperar isso é romper com a ideia de que somos apenas consumidores de realidade e lembrar que somos também produtores de sentido. Não para controlar o mundo, mas para habitá-lo com mais inteireza, menos medo e mais responsabilidade. É nesse ponto que o olhar deixa de ser apenas visão e vira presença. E a presença, mais do que qualquer teoria, é o que nos devolve ao eixo.

Quando você muda o sistema interno, o mundo externo não muda imediatamente, mas você muda de posição dentro dele. E isso altera tudo. O que antes parecia natural passa a parecer estranho. O que antes parecia inevitável passa a parecer negociável. O que antes parecia normal passa a parecer violento.

Talvez seja isso que chamamos de despertar: não ver mais, mas ver diferente. Não saber mais, mas saber de outro lugar. Não sair do mundo, mas sair da hipnose coletiva que nos impede de habitá-lo com lucidez, presença e responsabilidade.

E isso, mais do que uma fuga da Matrix, é um retorno a si.

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Wanderson Dutch
Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016). Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo. É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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