Pressão estética, ditadura da beleza, misoginia e ataques virtuais.

Por: Wanderson Dutch

Marilyn Monroe, um ícone atemporal, foi moldada pela indústria do entretenimento para representar o ideal de beleza e feminilidade da sua época. Sua imagem foi meticulosamente construída e promovida como um padrão de perfeição feminina, impactando a maneira como a sociedade via e concebia a mulher ideal.

A indústria do entretenimento, por meio de Marilyn Monroe, estabeleceu um modelo de beleza inatingível para muitas mulheres. Seu corpo, sua aparência e sua personalidade carismática foram apresentados como a representação máxima do desejo e do glamour, criando um padrão inalcançável para a maioria das mulheres comuns.

Essa construção de imagem não apenas influenciou a percepção da beleza feminina, mas também impulsionou uma indústria inteira voltada para a busca incessante por esse ideal. A publicidade, o cinema e a moda se apropriaram dessa representação, utilizando o corpo de Marilyn como um molde, promovendo a ideia de que todas as mulheres deveriam aspirar a alcançar essa perfeição impossível.

No entanto, essa narrativa é limitadora e muitas vezes prejudicial. A busca desenfreada por se encaixar nesse molde pode gerar inseguranças, distúrbios alimentares e uma constante sensação de inadequação. É crucial questionar e desafiar essa padronização da beleza, reconhecendo a diversidade e a individualidade como elementos fundamentais da verdadeira autoestima e realização pessoal. É essencial celebrar e valorizar a beleza em todas as suas formas, para que as mulheres possam se sentir livres para serem quem são, sem a pressão de alcançar um ideal inatingível imposto pela indústria.

Quem diria? A atriz Paolla Oliveira foi duramente criticada nas redes sociais, devido ao seu corpo, é apenas mais um exemplo de uma triste tendência. Este incidente se soma a uma triste lista de vítimas de ódio online ao longo do ano de 2023, incluindo Viih Tube, Jojo Todynho, entre outras personalidades, todas alvos de agressões virtuais.

Especialistas identificam esse comportamento como parte de uma pressão estética nociva que afeta drasticamente a saúde física e mental das mulheres. Apesar do cenário sombrio, há um vislumbre de esperança: cada vez mais mulheres têm desafiado os padrões impostos pela sociedade. Além disso, os perpetradores desses linchamentos virtuais não têm passado impunes, enfrentando consequências por suas ações agressivas.

A internet, que prometia ser um espaço de inclusão e democratização, tornou-se um reflexo amplificado das estruturas sociais, incluindo a persistente e opressiva influência da estrutura patriarcal. Este artigo busca explorar como a pressão estética, a ditadura da beleza, a misoginia e os ataques virtuais são manifestações online que revelam as profundas raízes do patriarcado na sociedade.

1. Pressão Estética e Ditadura da Beleza Online

A pressão estética, moldada pelos padrões irreais da ditadura da beleza, encontra na internet um terreno fértil para florescer. Redes sociais e plataformas visuais tornam-se arenas onde a autoestima é frequentemente dilacerada por imagens retocadas e ideais inatingíveis. Mulheres são especialmente impactadas, sentindo-se compelidas a atender a normas estreitas que não refletem a diversidade e autenticidade da experiência feminina.

2. Misoginia: Raízes Profundas na Internet

A misoginia, infelizmente, prospera online, revelando as raízes profundas do patriarcado. Comentários sexistas, estereótipos de gênero e a objetificação contínua das mulheres perpetuam um ambiente tóxico que mina a igualdade de gênero. A misoginia virtual não apenas reflete, mas também alimenta a misoginia na sociedade offline.

3. Ataques Virtuais: Ferramentas de Controle e Intimidação

Ataques virtuais direcionados a mulheres, muitas vezes, têm motivações misóginas e revelam a tentativa de controlar, silenciar e intimidar. Mulheres que desafiam as normas patriarcais são frequentemente alvos de ataques, evidenciando a resistência que a estrutura patriarcal exerce contra mudanças na dinâmica de poder.

Desafiando a Estrutura Patriarcal: Estratégias para Resistência Online

1. Empoderamento Digital Feminino:

Fortalecer a voz feminina online é uma estratégia poderosa. Encorajar mulheres a compartilhar suas histórias, desafios e sucessos cria uma contranarrativa à pressão estética e à misoginia.

2. Educação e Conscientização:

Promover a educação sobre igualdade de gênero e conscientização sobre os efeitos prejudiciais da estrutura patriarcal na internet é essencial. Isso inclui questionar padrões de beleza e desafiar estereótipos de gênero.

3. Plataformas Seguras e Políticas Antimisoginia:

Exigir e apoiar plataformas online a implementar políticas rigorosas contra a misoginia e os ataques virtuais é crucial. Um ambiente online seguro é fundamental para encorajar a participação igualitária.

Desconstruindo e Reconstruindo a Internet

Enfrentar a estrutura patriarcal na internet exige uma abordagem multifacetada. À medida que reconhecemos e resistimos à pressão estética, à ditadura da beleza, à misoginia e aos ataques virtuais, estamos trabalhando para desconstruir e reconstruir um espaço online mais igualitário. Somente através da conscientização, educação e resistência coletiva podemos moldar uma internet que verdadeiramente reflete a diversidade e a igualdade que buscamos na sociedade.

 

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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