PM Mata Motociclista Após Recusar Pagar Corrida de R$ 7 em Pernambuco

As monstruosidades cometidas por policiais no Brasil têm se tornado uma triste rotina, alimentando uma cultura de violência e impunidade que atinge, sobretudo, as populações mais vulneráveis. Episódios de abusos, execuções e uso desproporcional da força por parte de agentes de segurança mostram que o aparato policial muitas vezes atua como uma ameaça, em vez de proteção, para os cidadãos. Essa realidade levanta questionamentos urgentes sobre a militarização das forças de segurança e a falta de preparo para lidar com situações cotidianas sem recorrer à violência letal.

A normalização desses atos, muitas vezes justificados sob a premissa de manutenção da ordem, mascara a gravidade de um sistema policial que não apenas falha em proteger vidas, mas também coloca os próprios agentes acima da lei. O Brasil carrega um histórico de abusos que reforçam desigualdades sociais e consolidam um estado de insegurança pública. Para muitos, o medo da violência estatal é tão presente quanto o medo do crime comum, tornando-se um dos grandes desafios estruturais do país.

Casos recentes como o de Camaragibe, em Pernambuco, exemplificam essa dura realidade. No domingo (1º), o motociclista de aplicativo Thiago Fernandes da Silva, de 23 anos, foi morto com um tiro no meio da rua após uma discussão com um policial militar. A briga teria começado por causa do pagamento de R$ 7, valor de uma corrida. O policial Venilson Cândido da Silva, de 50 anos, foi preso em flagrante após ser espancado por moradores revoltados. Um revólver calibre 38, usado no crime, foi apreendido.

Violência policial, São Paulo, gestão Tarcísio Freitas

O crime aconteceu na Rua Barão de São Francisco, no bairro Alberto Maia, e foi registrado em vídeo por testemunhas. As imagens mostram o momento em que o PM atira em Thiago, que morreu no local. Após ser levado a um hospital, o policial foi autuado e permanece sob custódia. A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) investiga o caso, que expõe mais uma vez o despreparo e a brutalidade de agentes que deveriam garantir a segurança da população.

A morte de Thiago é um lembrete doloroso da necessidade de reformas profundas nas forças de segurança brasileiras. O episódio reforça a urgência de repensar o modelo policial vigente, que, ao invés de proteger, muitas vezes perpetua o ciclo de violência que assola o país.

O crime gerou revolta na comunidade e motivou um protesto de moradores na manhã desta segunda-feira (2), bloqueando o trânsito na Avenida Belmino Correia, a principal via de Camaragibe. Indignados com o assassinato de Thiago Fernandes da Silva, os manifestantes exigiram justiça e medidas para evitar novas tragédias como essa.

Imagens registradas por uma câmera de segurança revelam o desenrolar do crime em detalhes:

•O motociclista para em frente a um condomínio residencial, enquanto o policial militar desce da garupa;

•Os dois iniciam uma discussão, e o motociclista também desce da moto;

•Durante o bate-boca, o motociclista empurra o policial, que recua em direção ao portão do prédio e saca uma arma;

•O PM dispara no peito da vítima, que cai no chão;

•Em seguida, o atirador recolhe um objeto caído, caminha até o condomínio, mas retorna para deixar o capacete próximo ao motociclista, que permanece no chão;

•Por fim, o policial guarda a arma e entra no condomínio.

Segundo a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS), o policial, identificado como Venilson Cândido da Silva, foi autuado em flagrante por homicídio. Ele também será submetido a um processo administrativo que pode levar à sua expulsão da corporação. O caso está sob investigação da 10ª Delegacia de Polícia de Homicídios.

O corpo de Thiago Fernandes da Silva foi liberado do Instituto de Medicina Legal (IML), no bairro de Santo Amaro, Recife, na manhã desta segunda-feira (2). O velório e o enterro acontecem durante a tarde, no Cemitério de Camaragibe, marcados por emoção e clamor por justiça.

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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