O efeito Marçal e os mesmos erros da esquerda

A esquerda brasileira, ou o que se autodenomina como tal, continua repetindo os mesmos erros cometidos na eleição de 2018. Naquela época, Jair Bolsonaro se destacou por utilizar as redes sociais de maneira estratégica para impulsionar sua candidatura, enquanto a esquerda se mantinha atrelada a métodos tradicionais e subestimava o poder do marketing digital. Agora, estamos vendo um fenômeno semelhante com Pablo Marçal, candidato à Prefeitura de São Paulo, que tem causado alvoroço no cenário digital.

O que está sendo chamado de “efeito Marçal” é o resultado de uma estratégia digital calculada e potente. Pablo Marçal, um jovem que se apresenta como padrão, branco, cristão e que fundou sua própria igreja, conquistou mais de doze milhões de seguidores e tem dominado as redes sociais. Ele constantemente figura nos trending topics, conseguindo manter seu nome em evidência tanto entre aqueles que o apoiam quanto entre aqueles que o criticam. Essa exposição constante cria um ciclo de visibilidade que é difícil de controlar, transformando-o em uma figura sempre presente no debate público, independentemente do conteúdo discutido.

O “efeito Marçal” é mais do que apenas a popularidade nas redes; é uma estratégia deliberada que utiliza tanto a adulação quanto a rejeição para gerar engajamento. Ele se tornou um mestre em provocar reações, e cada menção a ele, seja positiva ou negativa, apenas amplia sua presença digital. Assim, ele manipula o algoritmo das plataformas para se manter relevante, aparecendo na linha do tempo das pessoas e criando uma sensação de inevitabilidade em torno de sua candidatura.

Especialistas em marketing digital explicam que esse efeito é eficaz porque se alimenta da polarização. Quanto mais as pessoas falam sobre Marçal, mais ele ganha espaço, mesmo quando a discussão é crítica. A estratégia se torna ainda mais poderosa quando leva em consideração o comportamento dos indecisos. Ao provocar reações extremas e dividir opiniões, Marçal consegue capturar a atenção de quem ainda não se decidiu, explorando as dúvidas e incertezas para atrair novos apoiadores.

A esquerda, por outro lado, parece não ter aprendido com a experiência passada. Em vez de criar uma narrativa digital própria e estratégica que possa contrapor esse tipo de manobra, muitos ainda se concentram em formas tradicionais de campanha, ou pior, caem na armadilha de reagir a cada provocação de Marçal. Essa postura reativa apenas reforça o efeito que ele deseja, ampliando sua visibilidade e relevância.

Para enfrentar o “efeito Marçal”, é essencial que a esquerda desenvolva uma compreensão mais profunda das dinâmicas digitais contemporâneas e pare de subestimar o impacto do marketing digital. Ignorar Marçal ou atacá-lo diretamente sem uma estratégia pode ser tão perigoso quanto promover suas ideias. O caminho deve ser criar um discurso que desafie sua narrativa sem amplificá-la desnecessariamente.

Guilherme BOULOS

Chegou a hora da esquerda perceber que as batalhas políticas do presente e do futuro estão sendo travadas no campo digital. É necessário inovar, entender o poder das redes sociais e usá-las para mobilizar e educar, em vez de apenas reagir. Só assim será possível evitar a repetição dos erros de 2018 e contrapor com eficácia os novos fenômenos digitais como o “efeito Marçal”.

Com o avanço das campanhas digitais e o uso estratégico das redes sociais, figuras como Pablo Marçal têm se destacado na política brasileira. Marçal, conhecido por suas técnicas de marketing digital agressivas e por criar um “efeito” que mantém seu nome constantemente em evidência, se tornou um desafio para aqueles que desejam combater sua influência. A esquerda, em especial, precisa encontrar maneiras eficazes de contrapor essa estratégia sem cair na armadilha de amplificar ainda mais sua visibilidade. Para isso, é crucial adotar novas abordagens e se adaptar ao ambiente digital em constante mudança. Abaixo, apresentamos sete estratégias possíveis para combater o “efeito Marçal” nas redes sociais, fortalecendo a presença progressista e promovendo um debate mais saudável e informativo.

Pablo Marçal

1. **Criação de Narrativas Próprias e Positivas**: Em vez de responder reativamente a cada provocação de Pablo Marçal, a esquerda deve desenvolver e disseminar suas próprias narrativas. Estas devem ser positivas e centradas em temas que mobilizem e inspirem seus seguidores, enfatizando as propostas, conquistas e valores que deseja promover. Ao focar em conteúdo original e propositivo, é possível evitar amplificar o alcance de Marçal.

2. **Educação Digital e Desconstrução de Mitos**: Implementar campanhas de educação digital que desmascarem as mentiras e desinformações propagadas por Marçal. Isso pode ser feito por meio de vídeos curtos, infográficos e artigos que explicam de maneira clara e acessível as inconsistências e falácias em suas mensagens, reforçando o papel da verdade e da informação baseada em fatos.

3. **Segmentação e Engajamento de Nichos**: Em vez de tentar competir diretamente com Marçal no mesmo espaço, a esquerda deve focar em construir comunidades fortes em nichos específicos que são menos propensos a serem influenciados por suas táticas. Trabalhar com micro-influenciadores e comunidades locais pode ajudar a criar uma rede de apoio sólida e engajada que seja resistente à propaganda digital.

4. **Monitoramento e Resposta Estratégica**: Implementar um sistema de monitoramento das redes sociais para identificar quando e como o nome de Marçal está sendo mencionado. Com esses dados, é possível planejar respostas estratégicas e coordenadas que evitem amplificar suas mensagens, respondendo de maneira inteligente e, se necessário, de forma satírica ou humorística para diminuir o impacto de suas provocações.

5. **Criação de Conteúdo Visual e Interativo**: Apostar em conteúdo visual de alta qualidade, como vídeos curtos, memes, GIFs e infográficos que sejam envolventes e compartilháveis. Marçal usa bem a estética e a emoção para atrair seguidores; portanto, a esquerda deve usar técnicas semelhantes, mas com mensagens construtivas e baseadas em fatos, para alcançar públicos amplos.

6. **Alianças com Movimentos Sociais e Culturais**: Formar parcerias com movimentos sociais, culturais e artísticos que já têm um público engajado e consciente. Essas alianças podem ajudar a amplificar as mensagens da esquerda em espaços onde Marçal não tem tanto alcance, construindo uma rede de apoio diversa e ativa que se oponha ao seu discurso.

7. **Desconstrução do “Efeito Marçal” em Debates Públicos**: Promover debates públicos que desmistifiquem o “efeito Marçal” e expõem suas táticas de manipulação digital. Isso pode incluir a organização de palestras, webinars e discussões abertas que não só critiquem suas estratégias, mas também eduquem o público sobre como resistir a elas e promover um ambiente digital mais saudável e informativo.

Essas estratégias visam criar uma abordagem proativa e coordenada para enfrentar o “efeito Marçal”, fortalecendo a presença da esquerda nas redes sociais e diminuindo a influência das táticas usadas por ele.

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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