Nós temos o compromisso ancestral de cuidar de nós mesmos.

“Uma nova civilização, uma nova cultura surgirá entre o nosso povo e o Nilo fluirá mais uma vez através da terra da ciência, da arte e da literatura, onde viverão os pretos de maior conhecimento e maiores realizações.”

~O Honorável Marcus Mosiah Garvey Jr- Filosofia e opiniões de Marcus Garvey Vol. II

“Foi em África que, pela primeira vez as mulheres tornaram-se deusas; mulheres dirigiram um Estado; mulheres montavam na cabeça do seu exército, e os homens andavam atrás dela, sem se sentirem inseguros, e os homens podiam adorar uma mulher como deus, sem se sentirem menos do que um homem”.

~Dr. John Henrik Clarke

A Responsabilidade Ancestral de Cuidar de Nós Mesmos

Carregamos dentro de nós a responsabilidade de honrar e preservar a sabedoria dos nossos antecessores. Esse compromisso não é apenas uma questão de preservar tradições, mas de vivenciá-las e adaptá-las para fortalecer nossa identidade e nosso bem-estar coletivo.

A ancestralidade africana não se limita ao passado; ela é uma força viva que nos guia e nos inspira. Nossos ancestrais, através de suas ações, escolhas e ensinamentos, deixaram um profundo impacto na maneira como devemos viver e nos relacionar com o mundo ao nosso redor. Eles nos legaram um modelo de cuidado que é tanto individual quanto coletivo, enfatizando a importância de manter a integridade e a saúde tanto física quanto espiritual.

Cuidar de nós mesmos, à luz dessa herança, significa mais do que atender às nossas necessidades básicas; é um ato de respeito e gratidão para com os que vieram antes de nós. Envolve honrar nossos corpos como templos sagrados, respeitar nossas tradições e práticas culturais, e cuidar de nossas comunidades com o mesmo zelo com que cuidamos de nós próprios. É um reconhecimento de que o nosso bem-estar está interligado com o bem-estar dos nossos irmãos e irmãs, e que, ao promovermos a saúde e a harmonia em nossas vidas, estamos, de fato, fortalecendo o tecido social que nos une.

A visão africana do cuidado é também profundamente espiritual. Nossos ancestrais acreditavam na interconexão de todos os seres e na importância de manter o equilíbrio entre o físico, o mental e o espiritual. Cuidar de nós mesmos é, portanto, um ato de conexão com o divino e com a essência mais profunda de quem somos. É um chamado para vivermos de maneira que reflita a dignidade e a sabedoria de nossos antecessores, para que possamos cultivar uma vida plena e significativa.

Este compromisso ancestral nos desafia a abraçar o cuidado com seriedade e dedicação. Não se trata apenas de práticas pessoais de bem-estar, mas de um esforço consciente para preservar e cultivar os valores e as tradições que definem nossa identidade. É um lembrete de que, ao cuidarmos de nós mesmos, também estamos cuidando da herança que deixamos para as futuras gerações, assegurando que o legado de nossos ancestrais continue a prosperar e a iluminar o caminho para aqueles que virão depois de nós.

África

“Eles me agrediram e eu clamei por sua ajuda, mas não pudeste vir me salvar…então, secretamente, nutri ressentimentos contra ti. Eles levaram nossos bebês e os venderam, supliquei para que nos salvasse… mas você não pôde…

Então, secretamente, te culpei.. Eles me violaram, gritei para que me protegesse, mas não conseguiu… Então, parei de confiar em ti. Esperava que fosses meu homem,meu provedor, meu protetor, mas quando mais precisei de você, não pudeste estar lá… então, te odiei..
Como pude permitir que me ditasse o que fazer? Enquanto o senhor podia me proteger mais do que você… Como poderia me submeter a ti quando eras forçado a se submeter ao senhor?

Então, para me proteger, submeti-me àquele que poderia proteger-me a mim e aos nossos filhos. Parei de confiar em ti… Parei de te amar… Parei de te honrar… Parei de te valorizar e, como resultado, me tornei sem valor para ti. Não vi a frustração em teus olhos quando nossos filhos foram vendidos.
🤴🏿Não ouvi os teus gritos silenciosos quando eu era espancado. Não percebi tua raiva quando estava sendo violada.Não compreendi que seguravas tuas emoções para seres forte por mim. Pensei que não te importavas… mas querias estar lá. Querias me proteger, mas o senhor fez com que não pudesses, para que eu confiasse mais nele do que em ti. Não vi as mãos ocultas moldando nosso destino… tudo o que vi foi minha dor… e a sensação de que me negligenciaste.
Por todas as vezes que te culpei, desculpa. Pelo ressentimento e desconfiança que mantive contra ti durante séculos, desculpa. Pelas vezes que te decepcionei. Por todas as vezes quebrando teu espírito com minhas palavras e ações. Pelas vezes que abertamente te rejeitei e tentei controlar-te, porque pensei menos de ti…
Desculpe… Mas havia um plano que ele disse que iria funcionar por 400 anos… 400 anos acabaram agora. Meus olhos estão bem abertos… Eu vejo o Rei em ti… Por favor, perdoe meus erros e veja sua Rainha em mim👸🏿”

👉Por mais de 400 anos, o homem africano foi privado de proteger sua família e isso deixou marcas profundas até os nossos dias!
Tradução do texto de Aisha Williams,da página @officialblackknowledge

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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