Nem sempre a paciência é um sinal de sabedoria. Às vezes, é preciso mudar de direção, de rota, de caminho. A espera, dependendo do contexto em que você está vivendo, pode ser algo realmente honroso e sábio a se fazer, mas pode também ser simplesmente uma perda de tempo. É preciso entender que a falta, a escassez, os recursos limitados, etc., têm sim questões estruturais governamentais que por séculos se perpetuam, pois muitos grupos de elite estão sempre favorecendo os mesmos. Mas diante do aparente caos que se apresenta, é preciso que a gente reconheça nosso papel individual, e para que isso aconteça com eficácia, é preciso entender onde estamos colocando o nosso foco. É sobre isso a imagem capa desse texto. Qual é a direção que estou levando a minha vida? Por que estou há tanto tempo em um mesmo lugar esperando uma colheita que talvez nunca virá? Ao mudar nossa percepção sobre as coisas, ambientes, pessoas, situações, estamos ampliando as infinitas possibilidades que já estão disponíveis para nós.
A imagem reflete essa realidade: muitas vezes, estamos tão fixados em uma única forma de alcançar o que desejamos que ignoramos o que já está ao nosso redor. O pescador simboliza cada um de nós quando insistimos em estratégias ineficazes, esperando resultados diferentes sem mudar nossa abordagem. A paciência cega pode nos prender, enquanto a sabedoria real nos pede flexibilidade. Como nos lembra um provérbio africano: “Aquele que nunca muda de lugar pensa que seu campo é o mundo inteiro.” A mudança de perspectiva não só abre novos caminhos, mas também revela abundância onde antes víamos escassez.
Chorar sobre as desgraças passadas é a maneira mais segura de atrair outras. Essa frase, atribuída a Shakespeare, carrega um peso filosófico que ressoa em nossas vidas. O passado, quando visitado com frequência e lamentação, não apenas se mantém vivo, mas também molda o presente e o futuro com as mesmas dores e limitações. A mente humana tem o poder de atrair aquilo que cultiva. Se nos apegamos ao sofrimento, ao erro, à perda, inconscientemente criamos um ciclo que nos mantém presos a esses mesmos padrões.
Isso não significa ignorar as dores que vivemos ou apagar as lições que aprendemos. Pelo contrário, reconhecer o passado é necessário para seguir em frente. Mas há uma linha tênue entre aprender com a dor e ser consumido por ela. Reviver constantemente as desgraças, remoer mágoas, alimentar ressentimentos — tudo isso não apenas reforça as feridas antigas, mas abre caminho para novas. O que você alimenta, cresce. Se a tristeza e a vitimização são alimentadas, elas se expandem e se tornam sua identidade.
Nietzsche dizia que é preciso “se queimar em sua própria chama” para renascer. O que isso significa? Queimar o que não serve mais, deixar ir, transformar dor em aprendizado e seguir em frente como alguém mais forte e consciente. Um provérbio africano complementa essa ideia: “Não carregue ontem nos ombros se deseja caminhar com leveza hoje.” Apegarmo-nos ao que passou é carregar um peso que não nos permite avançar.
A chave para romper esse ciclo está na percepção e na escolha consciente. O passado não pode ser mudado, mas a forma como nos relacionamos com ele pode. O sofrimento não é um convite para estagnação, mas um portal para a evolução. Escolha aprender, escolha crescer, escolha viver sem as correntes do que já foi. A vida sempre seguirá adiante — e cabe a nós decidir se queremos acompanhá-la ou ficar presos em lamentos que apenas nos arrastam para trás.