Marcelat Sakobi, atleta congolesa, faz sua denúncia sobre a violência no Congo expressa por meio de um gesto durante as Olimpíadas

Não é segredo para ninguém que EUA, Israel, Reino Unido e França têm fornecido ajuda financeira e militar à Uganda e a Ruanda para invadirem regiões do Congo onde existem reservas de minerais, terras raras, ouro e diamantes em quantidades admiráveis, além de minério de ferro, que é o mais comum na região. Essa intervenção estrangeira tem exacerbado um conflito que já é devastador, resultando em um genocídio frequentemente ignorado pela mídia internacional.

Apesar de se sentir emocionada após ser derrotada nas Olimpíadas de Paris, a boxeadora congolesa Marcelat Sakobi fez um gesto significativo ao colocar a mão na frente da boca e apontar dois dedos para a têmpora, como uma arma de fogo. Este ato de protesto visou chamar a atenção para a violência que assola a República Democrática do Congo, um país cuja crise humanitária tem sido sistematicamente minimizada.

O mesmo gesto de solidariedade e protesto foi replicado durante a Copa Africana de Nações de 2024 pelos jogadores da seleção do Congo em uma partida contra a Costa do Marfim. Durante o hino nacional, todos os atletas ergueram a mão à frente da boca e apontaram dois dedos para a têmpora, reforçando a mensagem de que a violência e o genocídio no Congo não podem ser esquecidos.

Esses atos simbólicos, embora poderosos, destacam a dura realidade de um conflito que não recebe a atenção que merece no cenário global. Enquanto as potências estrangeiras continuam a explorar as riquezas do Congo e os conflitos regionais persistem, o mundo precisa se lembrar da luta do povo congolês e exigir justiça para uma tragédia que continua a devastar vidas e comunidades.

Congo

O que seria das hipócritas e sanguinárias potências mundiais sem a exploração dos países subdesenvolvidos e do roubo protegido da escravização que é feito até hoje?

O que seria da supremacia branca mundial sem o controle de corpos imposto pela igreja, sem as limpezas étnicas promovidas pelos países que sufocam as nações através de políticas ditatoriais, e sem a distorção histórica que continua a moldar a narrativa global? A supremacia branca não teria sido tão consolidada sem a exploração contínua dos países subdesenvolvidos, sem o saque sistemático de recursos e a submissão de povos inteiros a regimes opressivos.

Desde o período colonial até os dias atuais, a hegemonia das potências ocidentais tem se sustentado por meio da exploração econômica e da subjugação política. As potências imperialistas, ao dominar e explorar nações mais vulneráveis, não apenas garantiram seus lucros e poder, mas também perpetuaram uma visão distorcida e desumanizante da história e das relações internacionais.

A igreja, muitas vezes, serviu como um instrumento de controle social e justificativa para a opressão. Ao promover ideologias que desumanizam e desvalorizam povos não europeus, contribuiu para o estabelecimento e a manutenção da supremacia branca. As políticas ditatoriais, alimentadas por interesses imperialistas, desencadearam limpezas étnicas e genocídios, que, além de eliminar culturas e identidades, asseguraram a dominação de certas potências sobre outras.

E, assim, a história tem sido reescrita para servir aos interesses das potências dominantes. Narrativas falsas e omissões intencionais têm obscurecido a verdadeira complexidade e a profundidade das injustiças históricas. Sem o controle e a exploração contínuos, as potências mundiais não teriam conseguido manter sua supremacia nem perpetuar a visão distorcida da história que ainda prevalece.

Assim, a interconexão entre exploração econômica, controle religioso, opressão política e manipulação histórica revela um sistema global profundamente desigual. Entender e reconhecer essas dinâmicas é essencial para abordar e reverter as injustiças que ainda perduram e para construir um mundo mais equitativo e verdadeiramente inclusivo.

Gostou? Compartilhe!

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

apoia.se