Antes que as vozes dos porteiros de Wakanda se levantem, já pressentindo críticas pela por abordar ideias de um “v*lho s*xista”, r*cista, rótulos que frequentemente é atribuído de forma póstuma e acaloradamente ao poeta alemão nada modesto, Charles Bukowski, quero ressaltar que estou ciente de todas as suas contradições. No entanto, este texto não visa explorar as complexidades do racismo do século XX e dos intelectuais que contribuíram para sua existência. Minha intenção é desviar o foco para uma reflexão sobre a utilidade prática em nossas vidas.
Bukowski, figura controversa, é conhecido por suas obras que refletem o lado cru da existência humana. Sua escrita, repleta de realismo visceral, aborda temas que muitos prefeririam varrer para debaixo do tapete. O poeta não se preocupava com a elegância das palavras, mas sim em trazer à tona a essência crua da vida, sem embelezamentos ou romantizações.
Seus escritos, permeados por suas próprias experiências e demônios pessoais, oferecem uma lente através da qual vemos os aspectos mais sombrios e muitas vezes negligenciados da condição humana. Em meio às suas contradições e às críticas que suscita, Bukowski serve como um lembrete vívido de que a arte nem sempre reflete o idealismo, mas muitas vezes espelha a realidade em sua forma mais crua e intransigente.
Ao invés de erguer uma bandeira de louvor ou condenação, talvez seja mais proveitoso observar Bukowski como um catalisador para a reflexão. Suas palavras, por mais desconfortáveis que possam ser, nos instigam a questionar, a desafiar convenções e a olhar além das superfícies polidas que muitas vezes adornam a sociedade.
Independentemente das opiniões polarizadas sobre suas obras ou de seus próprios posicionamentos questionáveis, Bukowski, de alguma maneira, convida-nos a mergulhar em territórios desconhecidos, a enfrentar o lado menos apreciado da vida e, por fim, a encontrar significado em meio ao caos.
1. Autenticidade Crua: “Não, eu não odeio as pessoas. Só prefiro quando elas não estão por perto.” Nessa frase, Bukowski nos lembra da importância de abraçar nossa autenticidade, encontrando alegria na nossa própria companhia e sendo verdadeiros com nós mesmos.
A sociedade está doente ou sempre esteve doente? Nós agimos por vontade própria ou pela pressão social? Essas são questões profundas que nos lançam em um labirinto filosófico, uma busca incessante por compreender a natureza humana e a dinâmica dos nossos comportamentos.
Olhando para a sociedade, há quem argumente que ela sempre foi enferma, que seus males são inerentes à sua própria estrutura. Desde os primórdios, vemos ciclos de problemas sociais se repetindo, manifestações de desigualdade, injustiça e conflitos. A história se desdobra com capítulos repletos de exemplos de doenças sociais persistentes.
A pergunta sobre nossa autonomia também é intrigante. Será que agimos verdadeiramente por vontade própria, ou estamos invariavelmente moldados pela pressão do ambiente que nos cerca? A liberdade, conceito tão aclamado, muitas vezes parece aprisionada pelos ditames sociais, pelas normas culturais e pelas expectativas alheias.
Somos seres sociais, inegavelmente influenciados pelas interações e pela cultura que nos rodeiam. Essa influência pode nos levar a adotar comportamentos, crenças e valores que, em muitos casos, estão alinhados com o que é socialmente aceito. Essa conformidade pode nos fazer agir não por escolha própria, mas como resposta a uma pressão invisível, porém poderosa, que molda nossas decisões.
No entanto, mesmo diante dessas forças coercivas, alguns defendem a existência de uma vontade livre, a capacidade de escolhermos nossos caminhos e decisões de forma autônoma. A liberdade pode ser vista como a capacidade de resistir à correnteza das expectativas sociais, de tomar decisões que refletem nossa verdadeira essência, mesmo que isso implique nadar contra a maré.
A complexidade dessa questão não admite respostas simplistas. Está enraizada nas profundezas da psicologia humana, na intersecção entre o indivíduo e a sociedade. A sociedade pode estar doente, mas a busca pela compreensão e pela liberdade genuína talvez resida na capacidade de questionar, desafiar e, eventualmente, transcender as limitações impostas pelos padrões sociais, buscando uma autonomia autêntica e consciente.
2. Resistência à Conformidade: “Me sinto bem em não participar de nada. Me alegra não estar apaixonado e não estar de bem com o mundo. Gosto de me sentir estranho a tudo…” Essas palavras revelam sua resistência à conformidade, inspirando-nos a abraçar nossa singularidade e encontrar conforto na não participação em expectativas sociais.
3. A Importância da Persistência: “Se você vai tentar, vá até o fim, caso contrário, nem comece.” Em sua incansável busca pela autenticidade, Bukowski nos incentiva a persistir até o fim, mesmo diante das dificuldades, promovendo a ideia de que o esforço total é a chave para o sucesso.
4. Valorizar as Pequenas Alegrias: ” Nunca me senti só. Gosto de estar comigo mesmo. Sou a melhor forma de entretenimento que posso encontrar.” Essa reflexão nos convida a valorizar as pequenas alegrias da solidão, aprendendo a apreciar nossa própria companhia e encontrar alegria nas atividades simples da vida.
5. A Necessidade de Solidão: “Me sinto bem em não participar de nada.” Ao abraçar a solidão, Bukowski destaca a importância de se desconectar do ruído social, permitindo-nos a introspecção necessária para entender a nós mesmos.
6. A Busca Pela Verdade Interior: “Gosto de me sentir estranho a tudo…” Essa frase reflete a busca constante de Bukowski pela verdade interior. Ele nos encoraja a abraçar nossas peculiaridades, questionar normas e descobrir nossa verdade única.
7. Aceitação da Natureza Humana: “Me alegra não estar apaixonado e não estar de bem com o mundo.” Ao revelar sua felicidade na não conformidade, Bukowski nos ensina a aceitar nossa natureza humana, com todas as suas complexidades e contradições.
Ao explorarmos o legado de Bukowski através de suas próprias palavras, absorvemos não apenas sua filosofia de vida, mas também lições práticas que ressoam com autenticidade, resistência e valorização do eu interior. Esses ensinamentos, ancorados na realidade do próprio autor, são um guia valioso para a jornada pessoal de cada um.
Wanderson Dutch
Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.