Hatshepsut: A Primeira Faraó do Egito e Seu Fascinante Sorriso de 3500 Anos

Falar do Egito é sempre um grande prazer para mim, pois foi de forma tardia que descobri a profundidade e a riqueza da história dos nossos ancestrais. Tenho um sentimento profundo que o mundo, mesmo que de forma ainda devagar está finalmente começando a reconhecer quem foram os verdadeiros construtores das civilizações. Esses pioneiros pavimentaram, de maneira primorosa, os principais alicerces sobre os quais se assenta nossa sociedade contemporânea. É impossível estudar a história sem considerar a África, e não se pode falar de ciência sem mencionar o Egito.

Ao mergulharmos na riqueza da história africana, neste caso, em especial a egípcia, moderna e contemporânea nesta era da pós-verdade, percebemos que muitos aspectos da sociedade contém têm raízes profundas no conhecimento e nas práticas desenvolvidas por esses povos antigos. Não é apenas uma questão de reconhecer suas contribuições, mas de entender que os alicerces da civilização, em termos de arquitetura, matemática, medicina e filosofia, foram amplamente influenciados pelas descobertas e inovações que surgiram do continente africano. O Egito, em particular, ocupa um lugar de destaque nesse cenário, sendo uma das civilizações mais avançadas e enigmáticas da antiguidade.

Hoje, trago uma história que merece ser contada e celebrada: a de Hatshepsut, a primeira faraó do Egito. Reinando entre 1473 e 1458 a.C., Hatshepsut alcançou inúmeras conquistas durante sua vida. Governou um país que, até então, era admistrado majoritariamente por homens,embora, o continente africano em si, seja por essência patriarcal em suas raízes, algo que mudou depois da chegada dos árabes e dos cristãos. Contudo, tudo mudou durante seu reinado. Seus privilégios começaram desde o nascimento. Concebida durante o casamento do rei da 18ª dinastia, Tutmés I, com Ahmose, Hatshepsut ganhou mais alguns irmãos após o segundo casamento de seu pai com Mutnofret, sendo que um deles se tornou seu marido quando ela atingiu a idade necessária. No Egito Antigo, somente os homens podiam ocupar cargos altos[essa informação em negrito é para informar que esse pensamento não procede, pois tradicionalmente o Egito nunca colocou a mulher em segundo plano, ou como inferior, homens ocupavam diferentes cargos, mas isso não significava ser superior à mulheres). Por isso, quando Tutmés I faleceu, seu filho, casado com Hatshepsut, assumiu o trono como Tutmés II, prometendo continuar o legado de seu pai. Durante o casamento, nasceu uma linda menina, batizada de Neferure, fortalecendo ainda mais os laços da dinastia.

Hatshepsut

Sabe-se que Tutmés II faleceu em 1479 a.C. Como sua pequena família era composta apenas por sua esposa e filha, nenhuma delas pôde assumir o trono. Dessa forma, o trono foi transferido para o outro filho de Tutmés I, que antes era conhecido como Isis e passou a ser Tutmés III. No entanto, Isis havia acabado de nascer e não tinha idade suficiente para governar.

Desde o seu nascimento, Hatshepsut foi negligenciada por ter nascido mulher. Apesar de ser a primogênita de Tutmés I, estava fadada a viver sempre à sombra de seus irmãos. Tudo mudou quando seu marido faleceu. Durante sete anos, ela serviu como regente do jovem rei, sempre presente, esperando o momento em que seria reconhecida como algo além de uma mera rainha.

Embora não se saiba exatamente como Hatshepsut conseguiu a aceitação do povo e da elite egípcia, que na época prezavam pelas normas reais, seu legado é inegável. Durante seu reinado, ela deixou uma marca indelével na história do Egito. Após sua morte, o trono voltou para Tutmés III, que, agora com idade suficiente para governar, reinou por 33 anos. Ele tentou apagar qualquer evidência do governo de Hatshepsut, mandando destruir registros que lembrassem que o Egito já foi governado por uma faraó.

Egito

Seu corpo foi mumificado e encontrado em 2007, durante uma expedição à tumba KV60 no Vale dos Reis. Durante as análises dos restos mortais, a antropóloga Meredith Small, da Cornell University, relatou que uma tomografia computadorizada de um único dente, encontrado em uma caixa com o nome de Hatshepsut, combinava perfeitamente com uma cavidade dentária na mandíbula da múmia, revelando assim seu fascinante sorriso de 3.500 anos.

Uma observação curiosa feita pelos arqueólogos foi que a múmia da rainha Hatshepsut, faraó do Egito Antigo, parece estar sorrindo mesmo após quase 3.500 anos.

Muito incrível não é mesmo???

Antigo Egito

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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