Estudo revela que mais de 98% dos quilombos no Brasil estão em risco

Territórios quilombolas de descendentes de africanos escravizados na região Centro-Oeste são os mais afetados, representando 57% da área total impactada. Pesquisa do Instituto Socioambiental (ISA) detalha os impactos da degradação ambiental nesses territórios.

Mais de 98% dos territórios quilombolas estão ameaçados, conforme revela um estudo inédito divulgado nesta quinta-feira (16) pelo ISA em parceria com a Coordenação Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).

De acordo com o levantamento, dentro das terras quilombolas operam empreendimentos relacionados a obras de infraestrutura, exploração mineral, atividades agrícolas e pecuárias, além de imóveis rurais particulares.

Atualmente, existem 485 quilombos registrados no Brasil. Deste total, 347 (70%) encontram-se em processo de titulação. Os territórios quilombolas ocupam 3,8 milhões de hectares, o que corresponde a 0,5% de todo o território nacional. (Fonte: G1)

Quilombo

A Importância dos Quilombos no Brasil

Os quilombos são comunidades formadas por descendentes de africanos escravizados que resistiram à opressão e criaram espaços de liberdade e preservação cultural no Brasil. A importância dos quilombos transcende a simples existência física desses territórios, abrangendo aspectos históricos, culturais, sociais e ambientais de grande relevância.

Resistência Histórica e Cultural

Historicamente, os quilombos representam um símbolo de resistência contra a escravidão e a opressão racial. Durante o período colonial, esses territórios foram refúgios onde africanos escravizados e seus descendentes podiam viver em liberdade, preservando suas tradições e culturas. Essa resistência continua sendo um marco fundamental na luta pela igualdade e pelos direitos das comunidades negras no Brasil.

Preservação Cultural

Os quilombos são guardiões de uma rica herança cultural africana, incluindo práticas religiosas, culinárias, artísticas e linguísticas. As comunidades quilombolas mantêm vivas tradições ancestrais que, de outra forma, poderiam se perder. A valorização e o reconhecimento dessas práticas culturais são essenciais para a diversidade cultural do Brasil e para a identidade das comunidades quilombolas.

Direitos Territoriais e Sustentabilidade

A titulação e proteção dos territórios quilombolas são fundamentais para a segurança e o bem-estar dessas comunidades. Esses territórios são, muitas vezes, áreas de grande biodiversidade e importância ambiental. A gestão sustentável das terras quilombolas contribui para a preservação de ecossistemas e para o combate às mudanças climáticas. Além disso, garantir o direito à terra é uma forma de promover a justiça social e reparar séculos de injustiças históricas.

Impacto Social e Econômico

Os quilombos também desempenham um papel crucial no desenvolvimento social e econômico de suas comunidades. A agricultura familiar e outras atividades econômicas locais promovem a subsistência e a autonomia das famílias quilombolas. Investir na infraestrutura, educação e saúde dessas comunidades é fundamental para melhorar a qualidade de vida e assegurar o desenvolvimento sustentável.

Reconhecimento e Inclusão

Reconhecer a importância dos quilombos é um passo essencial para promover a inclusão e a igualdade racial no Brasil. Políticas públicas que apoiem e protejam os direitos das comunidades quilombolas são necessárias para combater a discriminação e a marginalização. A valorização das contribuições das comunidades quilombolas enriquece a sociedade brasileira como um todo.

Em resumo, os quilombos são pilares de resistência, preservação cultural, sustentabilidade ambiental e desenvolvimento social. Proteger e valorizar esses territórios é essencial para a construção de um Brasil mais justo, igualitário e diversas.

A Realidade dos Quilombolas no Brasil

O Brasil abriga aproximadamente 1,3 milhão de pessoas que se identificam como quilombolas, ou seja, indivíduos que mantêm laços históricos e ancestrais com as comunidades e terras onde vivem. Essas comunidades são mais concentradas nos estados da Bahia, Maranhão e Pará, regiões que abrigam uma rica diversidade cultural e histórica, fundamental para a identidade do país.

Pressões Sobre os Quilombos

Um diagnóstico recente realizado pelo Instituto Socioambiental (ISA) em parceria com a Coordenação Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) revela as principais ameaças enfrentadas pelos quilombos. A infraestrutura, as atividades de mineração e os cadastros de imóveis rurais são os três principais eixos de pressão sobre essas comunidades.

Infraestrutura

O desenvolvimento de grandes projetos de infraestrutura, como rodovias, ferrovias e hidrelétricas, frequentemente resulta na desestruturação dos territórios quilombolas. Essas obras podem levar à desapropriação de terras, destruição de ecossistemas locais e interrupção de modos de vida tradicionais. As comunidades, muitas vezes, não são consultadas adequadamente e acabam sofrendo as consequências desses projetos sem receber compensações justas.

Mineração

A exploração mineral é outra grande ameaça para os quilombos. A mineração em larga escala pode causar danos ambientais severos, incluindo a contaminação de rios e solos, desmatamento e perda de biodiversidade. Além disso, as atividades mineradoras podem deslocar comunidades inteiras, comprometendo a segurança alimentar e a subsistência das famílias quilombolas, que dependem da agricultura tradicional e do manejo sustentável dos recursos naturais.

Cadastro de Imóveis Rurais

Os cadastros de imóveis rurais frequentemente resultam em conflitos de terra, já que muitas vezes desconsideram os direitos territoriais das comunidades quilombolas. A falta de regularização fundiária adequada e a sobreposição de títulos de propriedade criam insegurança jurídica, dificultando a titulação dos territórios quilombolas e deixando essas comunidades vulneráveis a invasões e disputas territoriais.

A Importância da Proteção dos Quilombos

Proteger os quilombos é essencial para a preservação da identidade cultural e histórica do Brasil. Essas comunidades são guardiãs de tradições ancestrais, conhecimentos ecológicos e práticas sustentáveis de uso da terra. Garantir seus direitos territoriais e a segurança de suas terras é uma questão de justiça social e reparação histórica, reconhecendo os séculos de resistência e luta contra a opressão.

Além disso, a proteção dos territórios quilombolas contribui para a conservação ambiental. As práticas sustentáveis adotadas pelas comunidades ajudam a preservar a biodiversidade, a proteger os recursos hídricos e a combater as mudanças climáticas.

Os quilombos representam um patrimônio inestimável para o Brasil. Reconhecer e enfrentar as pressões de infraestrutura, mineração e cadastros de imóveis rurais é crucial para garantir a sobrevivência e o bem-estar das comunidades quilombolas. Políticas públicas eficazes e a participação ativa das comunidades na tomada de decisões são fundamentais para proteger esses territórios e assegurar um futuro mais justo e sustentável para todos.

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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