Conheça os Tirailleurs Senegaleses que morreram pela França, mas nunca foram reconhecidos.

Mais uma história que não te contaram na escola. Os fuzileiros senegaleses, tropas de infantaria colonial recrutadas na África Subsaariana, têm um legado que remonta ao século XVIII. Seu estabelecimento oficial ocorreu em 1857, por decreto de Napoleão III, formalizando um corpo de combatentes africanos conhecidos como tirailleurs senegaleses.

O sistema r4cist4 sempre foi muito cruel com o nosso povo.

Esses soldados, originalmente chamados de “laptots”, eram ex-escravizados de confiança recrutados para proteger os navios da Companhia Geral das Índias durante as negociações com a África.

Desde então, os fuzileiros senegaleses desempenharam um papel crucial em todas as campanhas coloniais lideradas pela França, participando em conflitos na África negra no final do século XIX, incluindo a missão Marchand (1896-1899) e intervenções em Marrocos (1912-1934).
Durante os dois conflitos mundiais, esses combatentes estiveram ativos na defesa e reconquista do território nacional, intervindo em diferentes teatros de operações, como os Dardanelos e as frentes francesas em Verdun, Somme e Aisne durante a Primeira Guerra Mundial, e participando da Batalha da França em 1940 e de todas as batalhas lideradas pela França Livre na Segunda Guerra Mundial.A trajetória dos fuzileiros senegaleses reflete também as políticas de recrutamento adotadas pela França ao longo dos anos. Inicialmente, o recrutamento militar era baseado em compromissos voluntários, mas as necessidades da guerra levaram à implementação do recrutamento forçado.

Mesmo diante das rivalidades internacionais e do contexto das guerras coloniais, esses soldados enfrentaram o racismo predominante na época e nunca receberam o devido reconhecimento por seu valor e sacrifício.

Tirailleurs Senegaleses

As injustiças ao longo da história contra o povo negro são uma triste realidade que se manifesta de forma gritante, especialmente no contexto militar, onde o racismo encontra terreno fértil para prosperar. As unidades de infantaria colonial, como os fuzileiros senegaleses, são emblemáticas dessa brutalidade institucionalizada.Essas tropas, embora originadas em diversos lugares, adotaram o termo “sénégalais”, destacando o Senegal como berço do primeiro regimento de Tirailleurs negros africanos.
No entanto, essa designação não diminui a exploração e a opressão sofridas por esses combatentes, que foram usados como peões em jogos de guerra colonialistas.

Que a verdade seja dita e compartilhada!

Desde 1857, os Tirailleurs senegaleses serviram à França em conflitos como a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, enviando milhares de soldados para o front europeu. No entanto, apesar de seus sacrifícios, foram relegados ao esquecimento e à falta de reconhecimento, refletindo a maneira como o sistema racista sistematicamente desvaloriza as contribuições dos negros.

Além disso, outros regimentos de tirailleurs foram formados no norte da África e na Indochina, envolvendo comunidades árabes, berberes e asiáticas, que também foram subjugadas e exploradas pelo colonialismo europeu. A história dos fuzileiros senegaleses é um lembrete contundente das injustiças profundamente enraizadas que continuam a prejudicar o povo negro até os dias de hoje.

Dica de filme completar deste artigo: Tirailleurs

Originários da África Ocidental ou Central, eles lutaram ao lado dos franceses durante as duas guerras mundiais. Quem eram os tirailleurs senegaleses, destaque no filme “Tirailleurs” (2023) com Omar Sy? “Poder lembrar e reconhecer o que esses homens trouxeram para esta história, nossa geração precisava disso.” A emoção do ator Omar Sy, estrelando o filme “Tirailleurs” (2022), é palpável durante sua estreia em Dakar, em 20 de dezembro, antes de seu lançamento oficial em 4 de janeiro. Uma tarefa difícil para seu diretor, Mathieu Vadepied, abordar este aspecto da história, há muito tempo desconhecido pelo grande público.

O filme retrata a jornada das tropas coloniais durante a Primeira Guerra Mundial, os primeiros tirailleurs africanos a lutarem em solo europeu que jamais tiveram em vida o reconhecimento merecido pela bravura e por seus sacrifícios.

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Wanderson Dutch.

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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