Como os estoicos explicavam guerras e conflitos ?

Os estoicos, uma antiga escola de filosofia que floresceu na Grécia e Roma, ofereceram uma visão única sobre guerras e conflitos humanos. Para os estoicos, o entendimento e a interpretação desses eventos estavam intrinsecamente ligados à sua concepção do mundo e da moral.

Os estoicos acreditavam que o universo era governado por uma ordem natural chamada “logos”, um princípio divino que impunha um sentido ao mundo. Sob essa perspectiva, as guerras e conflitos eram vistos como parte dessa ordem cósmica. No entanto, isso não significava que eles fossem apáticos ou indiferentes aos horrores da guerra. Pelo contrário, os estoicos enfatizavam a importância do autodomínio e da virtude pessoal.

Em sua visão, as guerras eram frequentemente o resultado da irracionalidade e das paixões humanas descontroladas. Os estoicos argumentavam que, ao cultivar a sabedoria, a coragem e a autodisciplina, as pessoas poderiam atingir um estado de equanimidade e aceitação diante das adversidades, incluindo conflitos.

Uma das ideias centrais da filosofia estoica era a distinção entre coisas que podemos controlar (nossas opiniões, escolhas e ações) e coisas que não podemos (eventos externos, como guerras). Eles encorajavam as pessoas a concentrar sua atenção e energia nas coisas que podiam controlar, em vez de se deixarem levar pela preocupação com eventos além de seu domínio.

Assim, os estoicos não negavam a realidade das guerras e conflitos, mas buscavam orientar as pessoas a enfrentá-los com serenidade, compaixão e coragem. A aceitação da ordem cósmica e a busca da virtude eram os pilares que sustentavam a visão estoica sobre como explicar e lidar com os conflitos humanos.

Os estoicos, em sua busca pela perfeição humana, estabeleceram a convicção de que os seres humanos estão intrinsecamente conectados à natureza. 

Segundo essa filosofia, a chave para essa perfeição residia na renúncia aos desejos em prol de uma vontade guiada pela razão, em conformidade com essa natureza subjacente.

A “virtude” era o conceito central nesse caminho em direção à felicidade, de acordo com os estoicos. Eles acreditavam que a virtude era alcançada quando a vontade humana se submetia à orientação da razão. Isso criava a base para uma vida de plenitude e harmonia.

Além disso, a influência da escola estoica estendeu-se ao desenvolvimento do Cristianismo, particularmente no conceito de providência. Tanto para os estoicos quanto para os cristãos, a crença em uma razão universal divina que regulava todos os aspectos do universo era central.

No entanto, as abordagens para a aceitação dessa providência variavam. Para os estoicos, aceitar a providência era uma questão da vontade, orientada pela razão, e da união do indivíduo com a natureza. Enquanto isso, a doutrina cristã enfatizava a necessidade de abnegação do pecado e de uma vida devotada à fé, estabelecendo uma ligação direta entre o indivíduo e Deus.

Essas filosofias, embora distintas em muitos aspectos, compartilham a crença em uma ordem superior que permeia o universo. Ambas enfatizam a importância da razão, da virtude e da conexão com algo maior como caminhos para atingir um estado de plenitude e significado na vida. Em última análise, elas nos lembram que, independentemente da abordagem filosófica ou religiosa, a busca por uma compreensão mais profunda do mundo e de nosso lugar nele é um anseio fundamental da experiência humana.

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Por: Wanderson Dutch.

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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