O que as pesquisas cientificas revelam sobre esse tema?
A conexão entre o futuro de uma criança nascida em uma família de baixa renda e suas perspectivas de ascensão social revela uma realidade incômoda e profundamente enraizada. A relação direta entre escolaridade e renda dos pais e as oportunidades de progresso da nova geração destaca um cenário desafiador no Brasil, onde o “elevador social” parece operar em marcha lenta, se não estiver parado.
Em um recente estudo da OCDE, que analisou dados de 30 países, o Brasil não apenas se destaca, mas de maneira desfavorável. O país ocupa a segunda pior posição em termos de mobilidade social, um indicador impactante que coloca em xeque a eficácia das estruturas sociais e educacionais.
O estudo “O elevador social está quebrado? Como promover mobilidade social” destaca uma projeção alarmante: seriam necessárias nove gerações para que os descendentes de um brasileiro que se encontra entre os 10% mais pobres alcancem o nível médio de renda do país. Essa estimativa somente encontra paralelo na África do Sul e é superada apenas pela Colômbia, onde o período de ascensão seria ainda mais longo, estendendo-se por 11 gerações.
Esses números alarmantes refletem não apenas a persistência da desigualdade, mas também indicam um sistema educacional e social que, ao invés de servir como um trampolim para o progresso, torna-se uma barreira. O Brasil, em sua busca por equidade e justiça social, enfrenta um desafio estrutural significativo.
A lentidão do “elevador social” é um chamado à ação para uma reavaliação profunda das políticas educacionais, programas de assistência social e oportunidades econômicas disponíveis para as camadas mais desfavorecidas da população. Sem medidas eficazes e impactantes, a mobilidade social continuará sendo uma miragem distante para muitos brasileiros, comprometendo não apenas a igualdade de oportunidades, mas também o tecido fundamental de uma sociedade justa e progressista.