Há tantas coisas horríveis na humanidade – a terra tem sido há muito tempo um asilo de dementes. “

O título deste breve artigo é uma referência clara ao que Nietzsche escreveu em seu poderoso e polêmico livro “Genealogia da Moral” : “Há tantas coisas no homem que infundem espanto! A terra tem sido há muito tempo um asilo de dementes.”

Nietzsche chama seus leitores de “Espíritos Livres”, mas não são todas as pessoas que possuem as características necessárias para se tornar esse espírito desperto das ilusões deste mundo maravilhoso e desafiador que nós vivemos.
Podemos citar algumas características específicas:
1- Amar a própria presença, não demonizar a solidão. Não procurar completude no outro e jamais usá-lo como escudo energético para preencher um vazio existêncial. A solidão é condição fundamental para se tornar um pensador livre das amarras convencionais da sociedade.
2- Já que tem a mente aberta, o espírito livre não defende uma verdade única, isto é, uma ideia absoluta e imortal. Ele se mantém distante de tudo aquilo que prende sua mente à uma concepção que não se conecta com a vida real.
3- Por mais que seja difícil, o espírito livre procura autenticidade, não tem o hábito de querer ser igual a determinado grupo ou se comportar de maneira que agrade o outro por medo de julgamentos.
4- O espírito livre aceita o sofrimento, entende a necessidade de amadurecer a cada momento de dor.
5- Procura superar suas limitações, reinventa a própria vida sempre que possível.
6- Pode ser difícil lidar com pessoas assim, pois elas não têm comportamentos convencionais.
7- Espíritos livres não são perfeitos, mas são raros. A gente não os encontra em qualquer esquina.
E o restante das pessoas é o quê? Nas palavras de Nietzsche: “O resto é apenas a humanidade, repetitiva e doente.”

Uma decisão difícil: evitar os supérfluos e fazer da solidão uma sinfonia agradável de se ouvir.
A terra está cheia de pessoas vazias, descartáveis, insignificantes, desnecessárias, pomposamente fúteis.
“Nossa, que horror você olhar assim para a vida, para as pessoas, julgar a sociedade como uma coisa ruim…”
Também acho isso horrível…
Péssimo pra dizer a verdade.
No entanto, é a realidade. Durante séculos o mundo vem sendo um asilo de dementes, como diria Nietzsche.
Ao constatar essa triste realidade, que é a realidade de uma sociedade decadente e líquida, eu olho para a minha vida de maneira mais crítica, isto é, começo a fazer perguntas do tipo: quem sou eu de verdade? Será que eu também não sou um cadáver criticando outros cadáveres? O que me coloca distante da cidade dos abutres? Como posso saber se eu não sou um putrefato em decomposição? Um verme que come as migalhas na mesa da hipocrisia social?
Que lástima esses questionamentos!
Entretanto, eles são importantes para não continuarmos na mesmice dos dias cinzentos e sem luz.
É necessário constatar a realidade da tragédia humana para buscarmos um reencontro com a beleza da existência. Um retorno à natureza.
A jornada filosófica é um caminho sem volta, principalmente quando decidimos mergulhar nas profundezas do nosso ser.
Esse mergulho permite desenvolvermos horror a hipocrisia e tudo aquilo que é baixo.
E o que é baixo e pequeno em nós?
Ah, esse é um processo investigativo intensivamente pessoal, somente você tem a resposta necessária para tuas aflições.
O processo de autoconhecimento é um processo de desconstrução e enfrentamento contra os mecanismos de defesa que não defendem nada.
É preciso ter coragem para enfrentar os próprios demônios e tornar-se seu melhor amigo!
Não é fácil, mas te aseguro que os resultados são incríveis.
Eu não seria o que sou hoje se um dia não tivesse entrado no túnel dos meus maiores medos.
Ouse sair da superfície da mediocridade e mergulhar mais fundo!
Texto: @wanderson_dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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