Crítico de Trump, âncora da CNN dos EUA anuncia demissão ao vivo: ‘Nunca é um bom momento para se curvar a um tirano’

A saída de Jim Acosta da CNN, anunciada em 28 de janeiro de 2025, expõe mais uma vez a relação tóxica entre o governo Trump e as grandes instituições midiáticas. O jornalista, conhecido por desafiar o poder e questionar a concentração de interesses políticos e econômicos, tornou-se um alvo constante da administração Trump. Contudo, seu gesto final é um reflexo de algo maior: a crescente dominação de instituições-chave por uma oligarquia bilionária que hoje molda os Estados Unidos ao seu favor.

No centro desse modelo de poder estão figuras como Mark Zuckerberg, Jeff Bezos e Elon Musk. Estes magnatas, amplamente beneficiados pela agenda governamental, ocupam espaços estratégicos que influenciam diretamente a sociedade e as estruturas do país. O controle que Zuckerberg exerce através do Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp) é um exemplo claro de como as plataformas digitais, antes vistas como instrumentos de conexão, foram transformadas em ferramentas de manipulação massiva. Os algoritmos não apenas reforçam narrativas convenientes ao governo Trump, mas também marginalizam qualquer oposição crítica, contribuindo para a formação de um consenso imposto, longe de qualquer pluralidade.

Por outro lado, Jeff Bezos simboliza o impacto da centralização de capital em setores vitais, como o comércio e a logística. A Amazon, que monopoliza o mercado global, recebeu benefícios fiscais generosos e contratos governamentais enquanto precariza os trabalhadores em seus armazéns. A promessa de inovação e eficiência esconde uma realidade em que o lucro é priorizado acima de qualquer responsabilidade social. Sob o governo Trump, Bezos não apenas ampliou seu império, mas também garantiu um lugar privilegiado em um sistema que recompensa a exploração.

Elon Musk, com sua imagem de “visionário”, opera de forma semelhante, mas com um discurso cuidadosamente construído para mascarar interesses corporativos. Suas empresas, Tesla e SpaceX, prosperaram graças a bilhões de dólares em contratos governamentais. Enquanto Musk se posiciona como líder em energia sustentável e avanços espaciais, suas práticas empresariais expõem uma realidade diferente: perseguição a trabalhadores que tentam se sindicalizar e influência desproporcional sobre decisões institucionais que deveriam ser imparciais.

O governo Trump não apenas protege, mas também promove essa elite bilionária, garantindo-lhes poder sobre estruturas que impactam diretamente a vida de milhões. A retirada de vozes críticas, como a de Acosta, da mídia tradicional é apenas um sintoma de como as instituições foram cooptadas para sustentar essa aliança entre poder político e interesses privados. Ao invés de cumprir sua função de controle e fiscalização, muitas dessas estruturas são agora usadas como extensões do aparato de poder da oligarquia.

A saída de Acosta da CNN não é apenas o fim de uma trajetória profissional em uma emissora. É uma declaração sobre o estado atual de um país onde o espaço para questionamentos diminui cada vez mais. Quando instituições passam a servir exclusivamente a uma elite econômica e a um governo centralizador, o restante da sociedade fica à margem, enfrentando um sistema que prioriza interesses corporativos acima de qualquer outra consideração.

Trump, ao lado de seus aliados bilionários, não apenas remodelou a maneira como as instituições funcionam, mas também redefiniu seu papel: elas não mais servem à coletividade, mas a um grupo restrito de pessoas que detém riqueza e influência desproporcionais. A saída de Acosta é um lembrete de que as estruturas que deveriam servir à sociedade como um todo estão sendo gradualmente transformadas em instrumentos de opressão e controle.

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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