Formation: A Trágica História de Messy Mya

Messy Mya, nome artístico de Anthony Barré, foi um rapper, poeta e ativista cultural de Nova Orleans. Com uma personalidade vibrante e um estilo provocativo, ele usava sua arte e presença online para dar voz às lutas de sua comunidade, abordando temas como racismo, pobreza e, principalmente, a violência policial que assolava os bairros negros de sua cidade. Em pouco tempo, Messy Mya tornou-se um dos principais nomes de destaque na denúncia contra a brutalidade policial, usando a música e vídeos para expor as realidades de um sistema que constantemente marginaliza pessoas negras.

Mya não apenas fazia música; ele documentava a vida em Nova Orleans, muitas vezes com um tom ácido e direto, chamando atenção para os problemas enfrentados por sua comunidade. Essa coragem em expor verdades que muitos preferiam ignorar tornou-o um alvo. Tragicamente, ele acabou vítima da mesma violência que combatia. No dia 14 de novembro de 2010, Messy Mya foi assassinado a tiros após sair de um chá de bebê de um amigo. Tinha apenas 22 anos. A suspeita de que sua morte estivesse relacionada à violência sistêmica e à criminalidade que ele tanto denunciava marcou ainda mais sua partida como um símbolo de injustiça.

Messy Maya 2010

Anos depois, sua voz ressurgiu em um contexto global. Em 2016, Beyoncé lançou o single “Formation”, um hino poderoso de empoderamento negro e resistência. A música abre com a inconfundível fala de Messy Mya retirada de um de seus vídeos: “What happened at the New Orleans? Bitch, I’m back by popular demand!” O trecho deu à música um tom autêntico e conectou-a às raízes culturais de Nova Orleans. No entanto, a inclusão de sua voz gerou controvérsias quando a família de Messy Mya alegou que Beyoncé usou o material sem autorização ou compensação financeira.

Ashley Barré, irmã de Mya e responsável por seu espólio, processou Beyoncé, pedindo 20 milhões de dólares em danos. Ashley argumentou que, embora fosse significativo ver a obra de Mya celebrada em uma plataforma global, ele não recebeu os créditos devidos. A questão levantou debates importantes sobre direitos autorais, apropriação de vozes marginalizadas e a responsabilidade de grandes artistas em reconhecer as contribuições de criadores independentes.

Messy Maya meses antes de morrer em 2010

O caso foi encerrado após um acordo entre Beyoncé e Ashley Barré. Embora os detalhes não tenham sido revelados, o resultado garantiu que os direitos de Messy Mya fossem reconhecidos e que seu legado permanecesse protegido.

Messy Mya foi mais do que um artista; ele foi uma voz que denunciava a violência estrutural e lutava por justiça. Sua trágica morte é um lembrete brutal da vulnerabilidade de jovens negros em um sistema opressor. No entanto, sua voz continua ecoando, seja nas ruas de Nova Orleans ou em músicas que celebram sua luta e sua arte. Messy Mya permanece como um símbolo de resistência e como uma figura que nunca será esquecida.

Eu postei o vídeo original no Instagram, basta clicar neste link para ver.

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Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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