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A cegueira social e o dever moral dos que enxergam

AI Brain

José Saramago é muito conhecido por sua habilidade de penetrar nas profundezas da condição humana e levantar questões incômodas sobre a sociedade em que vivemos. Em sua obra “Ensaio sobre a Cegueira,” Saramago nos oferece uma metáfora poderosa para a cegueira social que assola nossa sociedade contemporânea. A história, que narra uma epidemia de cegueira súbita e inexplicável, serve como um espelho para nossa incapacidade de enxergar e compreender as injustiças que ocorrem diante de nossos olhos.

No entanto, essa cegueira não é literal, mas sim uma metáfora para a nossa capacidade de ignorar, fechar os olhos e desviar nossa atenção das tragédias e injustiças que ocorrem no mundo. A situação atual na Faixa de Gaza, como mencionada, é um exemplo gritante dessa cegueira social. Os números alarmantes de mortos e feridos são o resultado de um conflito prolongado que parece ter se tornado parte da paisagem de nossa consciência global.

O dever moral dos que enxergam é o tema central da reflexão proposta. Enquanto a comunidade internacional observa e, muitas vezes, hesita em agir, aqueles que têm o privilégio de enxergar o que está acontecendo têm a responsabilidade moral de se manifestar, questionar e agir. A indiferença não é uma opção.

Em “Ensaio sobre a Cegueira,” Saramago retrata a solidariedade e o sacrifício de alguns personagens que, apesar de também terem sido acometidos pela cegueira, fazem o possível para ajudar os outros. Isso nos lembra que a empatia e a compaixão são as ferramentas necessárias para combater a cegueira social. Devemos abrir os olhos para as injustiças, mesmo quando não as vivenciamos diretamente.

No contexto do massacre em Gaza, é crucial que aqueles de nós que têm o privilégio de viver em locais seguros e estáveis, longe da violência, usem suas vozes, recursos e influência para pressionar por soluções pacíficas e justas. Devemos buscar compreender as raízes profundas do conflito e trabalhar para promover o diálogo e a negociação como alternativas à violência.

O exemplo de Saramago nos lembra que, embora possamos não ser responsáveis diretamente pelos horrores do mundo, somos responsáveis por nosso próprio entendimento e ação diante deles. Enquanto pessoas que enxergam, temos a capacidade de agir em prol da justiça e do bem-estar da humanidade. A cegueira social só pode ser superada quando escolhemos abrir nossos olhos e agir de maneira solidária e compassiva.

Somos reféns dos EUA, essa é a grande verdade que você não vai ver nenhum jornalista da Globo News ou de qualquer grande mídia dizendo. Eles mandam no mundo, eles controlam o mundo, eles são os verdadeiros opressores

O sofrimento do povo palestino é uma questão profundamente perturbadora, marcada pelo que muitos consideram um genocídio em andamento. Esta tragédia de longa data tem sido agravada pelo papel dos Estados Unidos, de Israel e de outros países que fornecem apoio político, financeiro e militar para as ações que resultaram na perda de vidas e na destruição de comunidades palestinas.

Isso já está escancarado.


Além dos Estados Unidos e Israel, a atitude de outros países em relação ao genocídio palestino também tem sido questionada. A falta de uma resposta internacional eficaz à situação é motivo de consternação, uma vez que resoluções da ONU e apelos à justiça em nome do povo palestino muitas vezes não se traduzem em medidas financeiras significativas.

O genocidio do povo palestino está sendo transmitido diariamente nas telas dos nossos celulares.

Por que, então, permanecemos obstinadamente cegos perante a flagrante injustiça que aflige o povo palestino? Por que nossos olhos se desviam, como se fosse mais fácil ignorar o genocídio que está acontecendo de forma escancarada.

Nossa apatia é uma triste testemunha da condição humana, da covardia que muitos escolhem abraçar em vez de desafiar o status quo opressivo doentio. A história é repleta de exemplos que revelam como as massas são mantidas em um estado de torpor, incapazes de enxergar além do véu de mentiras e manipulações.

A dominação, disfarçada como política, faz uso de narrativas distorcidas que manipulam a percepção e obscurecem a realidade. O controle é sutil, mas seus efeitos são avassaladores. Assim, multidões permanecem impassíveis, enquanto vidas são destruídas, comunidades dizimadas e sonhos esmagados.

É fundamental  que todos nós reflitamos sobre a inércia que nos envolve. Não podemos mais permitir que nossos corações e mentes fiquem embotados diante do sofrimento alheio. Devemos recusar a aceitação da injustiça, confrontar as sombras da opressão e exigir que o mundo desperte para a crueldade que ocorre sob o disfarce da geopolítica.

A mudança começa com a conscientização, com a rejeição da apatia que nos aprisiona. O tempo de fechar os olhos e fingir que não vemos o genocídio é passado. Precisamos olhar de frente para a brutalidade da realidade, reconhecer nossa responsabilidade moral

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Wanderson Dutch.

Wanderson Dutch
Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016). Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo. É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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