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Sim: “Seja Marginal,Seja Herói” – Entenda o contexto da frase

AI Brain

A  professora de história da arte, que por razões de segurança pessoal preferiu não se identificar, foi demitida de uma escola do Rio de Janeiro após o deputado federal Gustavo Gayer (PL) criticá-la
“Minhas camisetas de obras de arte são feitas por um amigo e na foto eu literalmente só marquei a loja [para divulgação]. A obra é vermelha, por isso a camiseta é vermelha. Não há associação política alguma
“, explicou.explicou ao portal G1.

Hélio Oiticica foi um artista brasileiro que deixou uma marca importante na história da arte contemporânea brasileira. Sua obra é conhecida pela sua experimentação, pela utilização de materiais não convencionais e pela fusão entre arte e vida. Uma das frases mais conhecidas de Oiticica é “Seja Marginal, Seja Herói”, que tem sido amplamente discutida e interpretada ao longo dos anos.

O movimento Marginalia surgiu em meados dos anos 60 no Brasil, em um contexto de grande efervescência cultural e política. O país passava por um período de ditadura militar e muitos artistas e intelectuais se posicionavam contra o regime autoritário e a censura. O movimento Marginalia, liderado por Oiticica, propunha uma ruptura com a arte tradicional e com as normas estabelecidas pela sociedade, através de uma arte experimental e contestadora.

Nos tempos atuais, a frase “Seja Marginal, Seja Herói” do artista Hélio Oiticica pode ser interpretada de maneira distorcida por grupos extremistas que buscam se apropriar de símbolos e ideias para promover discursos de ódio. Mas é importante compreender que, dentro do contexto em que a frase foi criada, ela representa uma crítica ao sistema opressor e à marginalização imposta aos indivíduos que não se enquadram nos padrões sociais e culturais estabelecidos.

O movimento “marginalia”, do qual Oiticica foi um dos principais representantes, surge no Rio de Janeiro e tinha como proposta revolucionária  uma arte engajada e comprometida com as questões políticas e sociais da época. O objetivo era romper com a arte tradicional, elitizada e distante da realidade dos brasileiros.

Nesse contexto, a frase “Seja Marginal, Seja Herói” se torna uma convocação para que as pessoas assumam sua identidade e resistam às pressões do sistema, que impõe padrões rígidos de comportamento e exclui aqueles que não se enquadram neles. Oiticica acredita que a marginalização não é uma escolha, mas sim uma imposição da sociedade, e que ser marginal é uma condição de sobrevivência e resistência.

Hélio Oiticica foi um artista importante para a história da arte brasileira e sua obra continua a inspirar e influenciar gerações de artistas.

A demissão da professora de História da Arte por usar uma camisa com a frase “Seja Marginal, Seja Herói” é um triste reflexo da ignorância que permeia a sociedade brasileira. Ao invés de compreender o contexto artístico e cultural que envolve essa frase, pessoas influenciadas por políticos da extrema direita preferem enxergá-la como uma apologia ao crime.

Essa atitude não apenas é absurda, como também revela a grave crise educacional que assola o país. O ensino de história e arte é frequentemente negligenciado em detrimento de matérias consideradas mais “úteis” para o mercado de trabalho. O resultado disso é uma população mal informada, incapaz de compreender as nuances e sutilezas do mundo ao seu redor.

Além disso, a demissão da professora também é um sintoma da crescente intolerância que assola o Brasil. Em nome da “moral e dos bons costumes”, grupos conservadores tentam impor sua visão de mundo e silenciar qualquer forma de expressão que não esteja de acordo com seus valores retrógrados e ultrapassados.

O papel dos artistas e dos professores é justamente o oposto disso: questionar, subverter, provocar. A arte e a educação não existem para reforçar ideologias e dogmas, mas sim para ampliar a nossa compreensão do mundo e da vida. Ao demitir a professora por usar uma camisa com uma frase que representa exatamente isso, a escola não apenas perde uma excelente educadora, mas também mostra que está disposta a ceder às pressões de grupos intolerantes e ignorantes

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Wanderson Dutch
Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016). Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo. É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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