Uma mente revolucionária e lendária entre nós: Kendrick Lamar

Ser preto em um mundo que construiu sua riqueza sobre o sangue, suor e lágrimas de nossos ancestrais é carregar, ao mesmo tempo, um fardo e uma força ancestral imensurável. Entre nós, há aqueles que compreendem profundamente esse peso e o transformam em arte, resistência e orgulho. Kendrick Lamar é um desses espíritos indomáveis, uma mente revolucionária e lendária que nos lembra, a cada verso, de quem somos e de onde viemos.

Nascido em Compton, Califórnia, Kendrick Lamar Duckworth cresceu entre as rachaduras do concreto urbano, testemunhando o impacto implacável de um sistema que nunca nos quis livres. Ainda assim, sua mente floresceu, rompendo as correntes invisíveis que tentam limitar o potencial preto. Desde suas primeiras rimas como K-Dot, Kendrick já não era apenas um rapper; era um griô contemporâneo, herdeiro de uma tradição oral africana que carrega histórias, dores e esperanças através do tempo.

Em 2015, com o lançamento de To Pimp a Butterfly, Kendrick não apenas entregou um álbum, mas um manifesto. “We gon’ be alright” não foi apenas um refrão; foi um grito de guerra. Foi a reafirmação de que, apesar de séculos de opressão, genocídio e marginalização, nossa existência é resistência. Quando Kendrick subiu ao palco do Grammy em 2016, acorrentado e cercado por dançarinos que encenavam a brutalidade do encarceramento em massa, ele não estava apenas se apresentando; estava narrando uma realidade que nos atravessa há mais de 400 anos. Ali, ele mesmo disse com firmeza: “Eu sou afro-americano, logo sou africano. Vocês nos odeiam. Odeiam nosso povo. Nos infernizaram por 400 anos. E continuam com a matança.”

Essas palavras ecoam além da música. Elas nos convidam a olhar no espelho e ver mais do que cicatrizes. Kendrick nos lembra que nossa identidade não se limita ao chão onde nossos pés pisam agora. Somos filhos de reis e rainhas africanos, sobreviventes de travessias forçadas, criadores de culturas que moldaram o mundo, mesmo quando tentaram nos apagar.

Ao longo de sua carreira, Kendrick tem sido uma voz que não pede permissão para existir. Ele confronta o sistema, desmascara as hipocrisias e oferece um caminho de autoconsciência. Em DAMN.

Em 2025 ele fez história novamente, para além de ter ganhado 5 Grammy ele deixou uma apresentação icônica e surreal.

Kendrick Lamar Super Bow 2025

A apresentação do rapper no intervalo do evento foi assistida por mais de 133 milhões de espectadores.

Kendrick Lamar fez história no Super Bowl 2025 ao entregar uma performance inesquecível e se tornar o protagonista do show de intervalo mais assistido da história. A apresentação foi vista por 133,5 milhões de espectadores, somando os números das transmissões na TV e nas plataformas digitais. Os dados foram confirmados pela Roc Nation, gravadora responsável por selecionar os artistas que se apresentam no evento.

Com esse número impressionante, o rapper superou apresentações icônicas que marcaram o Super Bowl em anos anteriores. Rihanna, em 2023, atraiu 121 milhões de espectadores, enquanto Usher, em 2024, reuniu 129,3 milhões de pessoas diante das telas. Agora, Kendrick Lamar ocupa o topo desse ranking histórico, consolidando ainda mais seu impacto na música e na cultura pop mundial.

De acordo com a NFL, o Super Bowl deste ano registrou um aumento de 3% na audiência geral em comparação com a edição anterior. Parte desse crescimento é atribuído à expectativa gerada em torno da performance de Kendrick, que, ao longo dos anos, construiu uma carreira marcada por músicas de impacto, prêmios históricos e apresentações sempre carregadas de autenticidade.

A performance de Kendrick Lamar no intervalo do Super Bowl 2025 não apenas quebrou recordes, mas também reforçou o poder da música em conectar públicos de diferentes gerações e partes do mundo.

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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