2026 será mais um ano eleitoral onde a polarização política irá simplesmente explodir — e o mais recente episódio entre Tarcísio de Freitas e Jair Bolsonaro acende ainda mais essa fogueira.
O governador de São Paulo confidenciou a empresários, banqueiros e agentes de mercado que, se vencer a corrida presidencial de 2026, vai conceder indulto a Bolsonaro — mesmo estando consciente de que isso não restauraria os direitos políticos do ex-presidente antes de 2030 . O argumento? A chamada “pacificação nacional”, algo que se transformou num mantra da elite econômica: custa pouco, mas pacifica muito ().
O cálculo frio por trás da “paz”
Esse tipo de jogo político não é novidade. Médicos e executivos pedem moderação, mas aceitam pactos inconfessáveis com quem põe em risco as instituições democráticas. Tarcísio, ao prometer indulto, mostra que, para alguns, a estabilidade política vale mais que a justiça e a memória das agressões autoritárias de 2023.
Traição ou pragmatismo?
A fala de Tarcísio é clara: sem Bolsonaro ao seu lado, ele não embarca na disputa presidencial. E esse indulto funcionaria como sua “chave de entrada” no núcleo duro do bolsonarismo — que, caso contrário, enxergaria seu ex-ministro como um traidor. Mas ao mesmo tempo ele jura lealdade ao mito . Uma dança entre obedecer às exigências do ex-presidente e afagar o ego do mercado.
O preço da “despolarização”
Num momento em que setores da chamada “sociedade moderada” clamam pelo fim do “nós contra eles” para fomentar o tal investimento e crescimento, surge a paradoxal proposta de impunidade como instrumento unilateral de conciliação (). Mas indulto não é bálsamo — é concessão que pode corroer ainda mais a confiança nas instituições.
A bomba-relógio eleitoral
O trovão já ecoa: “quem trai um padrinho político trai o eleitor”. Se Tarcísio deseja se autoposicionar como pacificador, está prestes a acender a pólvora de uma explosão ainda maior. O embate em torno do indulto pode ser o estopim para uma polarização ainda mais tóxica nos dois anos que virão.
Conclusão amarga: a promessa de indulto revela que, para alguns, o afogamento dos conflitos passa por encobrir culpabilidades — um caminho que pode dar paz momentânea, mas que mina a justiça e a integridade do debate político. Na terra da polarização, quem abre mão da memória e da punição arrisca mergulhar o país num abismo de impunidade institucional — e os eleitores saberão cobrar o valor dessa aposta.