Quem será o novo Rei do Gado Brasileiro?

O suposto coach Pablo Marçal elogia Bolsonaro e foi detonado pelo ex-inquilino da Alvorada.

O ex-ocupante do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro, e o deputado Eduardo Bolsonaro, detonaram Pablo Marçal nesta quinta-feira (22/8). Em uma publicação no Instagram, o candidato a prefeito de São Paulo fez elogios a Bolsonaro e acabou recebendo uma resposta irônica.

A disputa pela liderança entre as principais figuras públicas que buscam se tornar o novo “Rei do Gado” no cenário dos extremistas brasileiros está cada vez mais acirrada. De um lado, temos Bolsonaro, que ainda exerce uma influência considerável entre seus seguidores mais fervorosos, defendendo um discurso que mistura saudosismo com ataques a adversários políticos. Do outro, surgem novas figuras como Pablo Marçal, que, utilizando-se da imagem de coach, tenta capturar uma fatia do eleitorado radical, almejando consolidar-se como a nova voz dos extremistas.

Ao fazer elogios a Bolsonaro, Marçal pareceu buscar um alinhamento com a base bolsonarista, tentando angariar apoio para sua candidatura em São Paulo. No entanto, o gesto não foi bem recebido. Tanto Jair quanto Eduardo Bolsonaro não hesitaram em criticar publicamente Marçal, evidenciando o clima de competição e a falta de união dentro desse campo político. O que antes poderia ser visto como uma frente unida, agora mostra sinais claros de fragmentação.

Essa troca de farpas indica que a luta pela liderança dentro do movimento extremista brasileiro não será simples. As figuras públicas envolvidas estão em um jogo de poder, buscando não apenas a aceitação popular, mas também a legitimação entre seus pares, o que torna a disputa ainda mais intensa e, muitas vezes, pessoal.

A resposta dos Bolsonaro a Marçal também revela um certo receio de que novas lideranças possam emergir e tomar o espaço que, até pouco tempo, parecia ser exclusivamente deles. A tentativa de Marçal de se aproximar, apenas para ser repelido, demonstra a complexidade e a volatilidade dessa disputa.

Marcus Garvey
Marcus Garvey, pan-africanista que influenciou nomes como Malcolm X e Martin Luther King

Enquanto o cenário político se desenrola, fica claro que a busca pelo título de “Rei do Gado” está longe de ser decidida, com cada figura tentando marcar seu território e manter sua base fiel. O resultado dessa batalha interna pode ter implicações significativas não só para o futuro da extrema-direita no Brasil, mas também para a própria dinâmica política do país nos próximos anos.

Antes de morrer, Marcus Garvey nos alertou de forma dura: “Bando de pretos inúteis, vocês não conseguem fazer algo pra vocês mesmos, estão sempre dependentes dos brancos.” Essas palavras, apesar de duras, carregam uma verdade que, ao longo dos anos, tem nos feito refletir sobre a importância da autonomia e da união do povo preto no Brasil.

A realidade é que, ao longo de nossa história, temos sido sistematicamente marginalizados, excluídos das esferas de poder e subjugados por uma estrutura racista que se recusa a reconhecer nossa força e valor. No entanto, a chave para nossa libertação e prosperidade está em nossa capacidade de nos unirmos em prol de uma agenda comum, uma que beneficie todas as pessoas descendentes de africanos neste país.

Essa união não se trata apenas de nos defendermos contra as injustiças que sofremos diariamente, mas também de construirmos juntos um futuro que reflita nossas raízes, nossa cultura e nossa identidade. Devemos compreender que o poder do coletivo é imenso e que, ao nos unirmos em torno de causas comuns, podemos criar mudanças significativas.

Primeiro, é fundamental que priorizemos a educação e a conscientização dentro de nossas comunidades. Precisamos resgatar e valorizar a história africana e afro-brasileira, para que as futuras gerações cresçam com uma autoestima sólida, sabendo que descendem de um povo rico em cultura, ciência, e espiritualidade. A educação é a base para que possamos nos posicionar de forma independente e com orgulho, sem depender das narrativas impostas por uma sociedade branca e eurocêntrica.

Além disso, é necessário que fortaleçamos o apoio mútuo dentro de nossas redes econômicas. Investir em negócios pretos, consumir de empreendedores pretos, e apoiar projetos e iniciativas lideradas por pessoas pretas são passos essenciais para construirmos uma economia que nos favoreça. O empoderamento econômico é uma das maneiras mais eficazes de quebrarmos as correntes da dependência e conquistarmos nossa verdadeira autonomia.

Devemos também lutar por uma representação política que realmente reflita nossos interesses. A participação ativa nas eleições e o apoio a candidaturas de pessoas pretas conscientes e comprometidas com a causa negra são passos importantes para que nossa voz seja ouvida nos espaços de poder. Não podemos permitir que outros decidam por nós ou falem em nosso nome. Precisamos ser protagonistas de nossas próprias histórias.

A união do povo preto em prol de uma agenda comum não é uma utopia, mas uma necessidade urgente. Se quisermos honrar os legados de líderes como Marcus Garvey, Zumbi dos Palmares, Dandara, e tantos outros que lutaram por nossa liberdade, precisamos agir agora. É hora de deixarmos de lado as divisões que nos enfraquecem e nos concentrarmos naquilo que nos une: a busca por justiça, igualdade e dignidade para todos os descendentes de africanos no Brasil.

Que essa luta seja marcada pela solidariedade, pelo amor ao próximo, e pela determinação inabalável de construirmos um futuro em que sejamos, finalmente, senhores de nossos próprios destinos.

 

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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