Quando os evangélicos vão acordar do maior delírio extremista dos últimos anos chamado Bolsonaro? Essa é uma pergunta que ecoa com urgência diante da crescente radicalização e intolerância que têm se infiltrado entre milhões de fiéis. Para entender essa dinâmica complexa, é essencial traçar uma análise histórica desde os tempos passados até os dias atuais, evidenciando os momentos problemáticos em que a igreja se aliou a ditadores e sanguinários ao longo das épocas.
A história é pontilhada de episódios em que instituições religiosas se aproximaram de líderes autoritários e desumanos, muitas vezes em busca de poder e influência. No caso dos evangélicos, essa tendência não foi uma exceção. Desde o surgimento do movimento, houve momentos em que grupos evangélicos se associaram a figuras de poder questionáveis em nome de agendas políticas e ideológicas.
Na América Latina, por exemplo, ditaduras militares foram frequentemente apoiadas por segmentos evangélicos, que viam nesses regimes a possibilidade de promover valores conservadores e combater o que consideravam “ameaças” ideológicas, como o comunismo. Isso resultou em alianças problemáticas com líderes que perpetuaram violações dos direitos humanos e reprimiram a oposição de forma brutal. O fenômeno não se limitou a uma única região ou período, estendendo-se por décadas.
Infelizmente, essa história não ficou confinada ao passado. Nos últimos anos, assistimos a um ressurgimento dessa tendência, desta vez com uma adesão significativa de evangélicos ao movimento político liderado por Jair Bolsonaro no Brasil. A retórica polarizadora, o discurso de ódio e a falta de compromisso com a diversidade e a inclusão foram ignorados em favor de promessas de “valores cristãos” e conservadorismo moral. O que se seguiu foi um cenário de radicalização, em que a intolerância e o extremismo se infiltraram entre os fiéis.
Bolsonaro, enquanto líder, destacou-se por suas declarações polêmicas, posturas antidemocráticas e desrespeito aos direitos humanos. No entanto, muitos evangélicos optaram por ignorar ou minimizar esses aspectos, em um cenário que relembrava alianças problemáticas do passado. Esse alinhamento político gerou uma polarização cada vez mais acentuada na sociedade brasileira, com um impacto profundo nas relações interpessoais e na qualidade do debate público.
A pergunta persiste: quando os evangélicos vão acordar? A resposta não é simples, uma vez que envolve uma série de fatores complexos, incluindo a interseção entre fé, política, identidade e pertencimento. No entanto, é crucial que a comunidade evangélica reflita sobre a história e sobre as implicações de suas escolhas políticas. É necessário separar a busca por valores éticos e morais da conivência com discursos e ações que promovam divisões e injustiças.
Em um mundo que exige mais empatia, diálogo e tolerância, os evangélicos têm a oportunidade de se posicionar como agentes de transformação positiva. Isso requer um desapego das narrativas extremistas e um compromisso renovado com a justiça social, os direitos humanos e a busca pelo bem comum. Somente quando essa reflexão ocorrer poderemos vislumbrar um caminho mais saudável e inclusivo para todos, independentemente de suas crenças religiosas.
Wanderson Dutch.