Recentemente, um influencer muito conhecido e admirado entre os extremistas de direita, Ryan Santos, um homem preto retinto, disse que percebeu que não dá mais para ele ser de direita porque, em todos os lugares de direita que frequentou, ele sofreu discriminação e nunca foi bem-vindo, mesmo sendo uma pessoa com milhões em sua conta. Eu fiz um vídeo react e um post falando algumas coisas óbvias que gostaria de aprofundar melhor aqui: a fama pode te proporcionar muitos acessos, conforto, viagens, uma infinidade de gostos que o dinheiro pode trazer. Para uma pessoa de pele preta, descendente de africanos, sempre é bom enfatizar, mas não te blinda do racismo, pois é a cor que eles enxergam primeiro.
A experiência de Ryan Santos é um reflexo cruel da realidade enfrentada por muitos pretos, independentemente de sua situação financeira. O racismo é uma estrutura profundamente enraizada na sociedade, que opera de maneira a discriminar e marginalizar indivíduos com base na cor da pele, e não na conta bancária. Ter dinheiro pode abrir portas e oferecer vantagens materiais, mas não altera a percepção racial que está impregnada em muitas instituições e pessoas.
É importante entender que o racismo não é apenas uma questão de preconceito individual, mas um sistema complexo de opressão que se manifesta em diversas áreas da vida. No trabalho, pessoas pretas frequentemente enfrentam barreiras invisíveis que limitam suas oportunidades de ascensão, mesmo quando possuem qualificações e habilidades superiores. Em ambientes sociais, podem ser vistas com desconfiança ou até mesmo hostilidade, independentemente de seu status econômico.
Além disso, a presença de pretos em espaços predominantemente brancos e ricos pode acentuar a discriminação. A riqueza pode fazer com que essas pessoas sejam vistas como exceções ou anomalias, o que não desafia os estereótipos raciais, mas os reforça. Essa dinâmica pode ser ainda mais perniciosa, pois a pessoa preta rica muitas vezes se vê isolada e sem apoio, sendo forçada a confrontar o racismo de maneira solitária.
A situação de Ryan Santos ilustra que, mesmo com recursos financeiros abundantes, a luta contra o racismo é constante e necessária. A cor da pele continua sendo um fator determinante na maneira como uma pessoa é tratada e percebida. Isso reforça a necessidade de um combate ativo ao racismo em todas as suas formas, desde as atitudes individuais até as políticas institucionais.
O racismo está na cultura e no DNA das sociedades ocidentais dominadas e domesticadas pelos europeus eugenistas. É inocência demais acreditar que se tornar famoso irá te proteger de sofrer discriminação racial. A fama, muitas vezes, pode até aumentar a probabilidade de uma pessoa preta sofrer racismo, pois ela passa a acessar lugares onde a maioria das pessoas são brancas e onde os preconceitos estão profundamente enraizados.
Vários exemplos de figuras públicas e influentes ilustram essa realidade. Oprah Winfrey, uma das mulheres mais poderosas e bem-sucedidas do mundo, enfrentou situações de racismo em diversas ocasiões, mesmo com sua imensa fortuna e influência. Ludmilla, cantora brasileira, também denunciou repetidamente os episódios de racismo que sofreu, mesmo sendo uma estrela da música com grande reconhecimento e sucesso.
O jogador de futebol Vinícius Júnior, apesar de sua habilidade extraordinária e fama internacional, tem sido alvo de racismo de forma contínua, tanto dentro quanto fora dos campos. Esses casos mostram que, independentemente do sucesso financeiro ou da notoriedade, o racismo persiste e se manifesta de maneiras variadas e dolorosas.
Bora acordar!!!
Wanderson Dutch.