Persistência do Genocídio Negro: O Impacto Atual e a Necessidade Urgente de Mudança

Abdias Nascimento foi uma figura proeminente na luta pelos direitos civis e contra o racismo no Brasil. Além de ser um renomado artista, dramaturgo e político, ele deixou um legado significativo com seu livro “Genocídio do Negro Brasileiro”. Publicado em 1978, essa obra é um marco na discussão sobre a situação do negro no Brasil.

O livro aborda de maneira contundente e corajosa as questões estruturais que perpetuam a discriminação racial e o genocídio da população negra no país. Abdias Nascimento mergulha nas raízes históricas do racismo, traçando sua origem desde os tempos da escravidão até as manifestações contemporâneas de opressão racial.

Um dos principais pontos destacados por Nascimento é a violência sistemática e estrutural que atinge a população negra, evidenciando a negligência do Estado em garantir direitos iguais a todos os cidadãos. Ele aborda questões como o acesso desigual à educação, oportunidades de trabalho limitadas e a violência policial que afeta de maneira desproporcional a comunidade negra.

Além disso, Abdias Nascimento critica o mito da democracia racial, argumentando que a ideia de que o Brasil é uma sociedade sem discriminação é uma ilusão que perpetua a marginalização dos negros. Ele destaca a urgência de reconhecer e combater as estruturas racistas profundamente enraizadas na sociedade brasileira.

O autor também aponta para a importância da consciência e resistência negras, enfatizando a necessidade de uma mobilização coletiva para reverter o quadro de genocídio. “Genocídio do Negro Brasileiro” não é apenas uma crítica à situação, mas uma chamada à ação, instigando a sociedade a enfrentar suas próprias contradições e promover mudanças reais.

A obra de Abdias Nascimento permanece como um legado valioso, oferecendo uma análise profunda das questões raciais no Brasil e inspirando gerações a continuarem a luta por justiça e igualdade.

O que mudou desde o lançamento do ‘Genocídio do Povo Negro’ de 1978 para os Tempos Atuais

Quando Abdias Nascimento lançou “Genocídio do Negro Brasileiro” em 1978, vislumbrava-se que sua obra seria um divisor de águas na conscientização sobre a situação da população negra no Brasil. À medida que avançamos para os tempos atuais, uma análise crítica revela que, apesar das transformações sociais, muitos aspectos lamentáveis persistem e até se agravaram.

Recentes dados do Atlas da Violência 2023, publicado pelo Ipea e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostram que a proporção de pessoas negras assassinadas atingiu sua maior marca em 11 anos, alcançando assustadores 78,5% em 2021. Isso significa que quase 8 em cada 10 vítimas de homicídios no país eram negras. Essa estatística alarmante reflete um aumento significativo em relação a 2011, quando esse grupo representava 71,4% das mortes violentas.

Outro dado impactante é que, em 2021, a taxa de homicídios entre negros era três vezes maior do que entre o restante da população (brancos, amarelos e indígenas), registrando 31 casos para 100 mil habitantes, em comparação com 10,8 na população não negra.

Essas estatísticas sombrias evidenciam que, apesar das décadas transcorridas desde o lançamento da obra de Abdias Nascimento, a realidade enfrentada pela população negra continua marcada por altos índices de violência e desigualdade. A promulgação da Lei de Cotas e a criação de políticas afirmativas foram passos importantes, mas os dados recentes apontam que essas medidas ainda não foram suficientes para reverter a tendência de genocídio.

A crítica social presente em “Genocídio do Negro Brasileiro” ecoa dolorosamente até os dias atuais. A despeito dos avanços em alguns campos, a persistência da violência letal contra a população negra destaca a necessidade urgente de ações efetivas para desconstruir estruturas racistas profundamente enraizadas na sociedade brasileira.

Em um momento em que a discussão sobre igualdade racial ganha destaque global, é crucial que a sociedade reflita sobre o que mudou e o que ainda precisa mudar desde a publicação desse livro impactante. O genocídio persistente clama por medidas concretas, políticas públicas eficazes e uma transformação cultural profunda que promova uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária.

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Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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