Os Segredos Ocultos da Biblioteca de Timbuktu: Tesouros Literários da África Antiga que Você Precisa Conhecer

Mali, Africa

A Biblioteca de Timbuktu, localizada no Mali, é um tesouro histórico que guarda milhares de manuscritos antigos, muitos deles com séculos de história. Esses manuscritos cobrem uma vasta gama de temas, desde ciência e medicina até religião e filosofia, revelando a rica tradição literária e intelectual da África Ocidental.

Poucos sabem que, durante os séculos XIV e XVI, Timbuktu era um centro florescente de aprendizagem, atraindo estudiosos de todo o mundo. A cidade abrigava universidades e bibliotecas que rivalizavam com as de outras civilizações antigas, como as do Oriente Médio e da Europa.

Estes manuscritos, escritos em árabe e em línguas africanas, desafiam o estereótipo de que a África pré-colonial era destituída de conhecimento escrito e avançado. Eles são testemunhas da erudição africana e da importância da preservação do patrimônio cultural.

Além disso, a história recente da Biblioteca de Timbuktu é marcada por esforços heroicos de bibliotecários e cidadãos locais que arriscaram suas vidas para salvar esses manuscritos durante a ocupação jihadista em 2012. Eles contrabandearam secretamente milhares de documentos para lugares seguros, protegendo-os da destruição.

Ao explorar a riqueza desses textos antigos, não só ampliamos nosso entendimento sobre a história africana, mas também reconhecemos a importância de preservar o conhecimento para futuras gerações. A Biblioteca de Timbuktu é mais do que um depósito de livros; é um símbolo da resistência cultural e da inestimável contribuição africana ao legado global do conhecimento.

Africa

O continente africano tem sido alvo de uma estratégia persistente de desqualificação ao longo de séculos. Uma das premissas mais notórias utilizadas para justificar a subalternidade deste vasto território — correspondendo a um quarto das terras emersas do globo — foi a suposta “ausência de civilização”, retratando-o como habitado por povos bárbaros e incultos.

No entanto, pesquisas históricas, geográficas e antropológicas têm desafiado essa narrativa ficcional. Na verdade, a África não apenas foi o berço da humanidade, mas também foi o epicentro das primeiras grandes manifestações culturais e civilizacionais, com destaque para o antigo Egito.

Este protagonismo cultural persistiu ao longo dos séculos. Nas vastas planícies da África Ocidental, majestosos impérios entre o Golfo da Guiné e o Deserto do Saara, como o Mali, não apenas prosperaram mas também foram centros de inovação científica. As magníficas bibliotecas do Império do Mali, por exemplo, são um testemunho desse legado.

O Mali, um vasto estado tradicional africano que ocupava as terras ao longo do rio Níger e Senegal, foi fundado por Sundjata Keita no século XIII, alcançando renome no mundo muçulmano e europeu.

Sob a liderança dos Mansas, como eram conhecidos os imperadores do Mali, diferentes grupos étnicos conviviam harmoniosamente em um estado que sustentava uma população estimada entre 40 e 50 milhões de habitantes. Isso demonstra uma organização interna capaz de atender às necessidades de uma grande população.

Graças à estabilidade política e à produtividade de seus habitantes, o Mali viu avanços notáveis em todos os aspectos: técnico, econômico, social, político e cultural. Contrariando estereótipos discriminatórios sobre a África, o império dos Mansas demonstrou um profundo compromisso com o avanço científico.

Timbuktu, localizada no atual Mali, tornou-se sinônimo de um lugar distante, mas já foi um centro de aprendizado, religião e comércio. Famosa por suas mesquitas de barro e suas coleções de milhares de manuscritos acadêmicos, Timbuktu foi crucial no intercâmbio global de conhecimento, especialmente entre os séculos XI e XX.

Esses manuscritos, que enfrentaram ameaças ao longo do tempo, incluindo períodos de conflito com rebeldes islâmicos, foram preservados graças aos esforços de residentes locais e acadêmicos globais. Mais de 40.000 páginas, datando de séculos passados até os dias atuais, foram digitalizadas e estão disponíveis no portal “Mali Magic” do Google Arts and Culture, oferecendo acesso público a artefatos que antes eram pouco conhecidos.

Nos séculos XIV e XV, Timbuktu era famosa pela Mesquita Djinguereber e pela Universidade de Sankoré, centros fundamentais de aprendizado que atraíam estudiosos de diversas partes do mundo para trocas de conhecimento e sabedoria durante uma era de ouro de riqueza e comércio na cidade.

No verão de 2012, a Al-Qaeda começou a se expandir territorialmente no Mali, destruindo tudo que era considerado proibido na visão distorcida da ideologia salafi-wahhabi.
Diante das incursões da Al-Qaeda na região de Timbuktu, o proprietário da biblioteca, Abdel Kader Haidara, embalou silenciosamente as antigas obras de astronomia, poesia, história e direito em caixas e retirou-as da biblioteca em carrinhos de mulas para protegê-las em casas espalhadas pela cidade.
E não parou por aí: ao longo de nove meses, ele e sua equipe resgataram 350.000 manuscritos de 45 bibliotecas diferentes em Timbuktu e os esconderam em Bamako, fora do alcance dos terroristas.
A operação de resgate improvisada se transformou numa verdadeira Odisséia, onde Haidara e seus colaboradores transportaram por rios e estradas, passando por terroristas, militares, bandidos e outros obstáculos, quase todos os 350.000 manuscritos de Timbuktu. Com isso, eles impediram que a coleção de manuscritos históricos mais significativa do país caísse nas mãos da Al-Qaeda no Mali.
Gostou? Compartilhe!
Tenho dito: Conhecimento é poder!
Nenhuma descrição de foto disponível.
Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

apoia.se