Orí: O Centro da Existência e da Consciência

Não deixe que sua jornada termine com uma vida inacabada. Todos nós eventualmente deixaremos este plano físico, mas a verdadeira questão é: realmente vivemos? Completamos a missão para a qual fomos designados, após compreender o verdadeiro propósito de estarmos aqui? Assim como montamos tendas no deserto, é importante lembrar que essas tendas são temporárias. Elas representam uma pausa, uma escala, um breve descanso. Por que então limitar-se a concluir esse trabalho imenso como se fosse o destino final? Estamos nos preparando para algo muito maior.

Portanto, nunca tema realizar aquilo para o qual você foi preparado. O verdadeiro medo é ir para o túmulo sem ter vivido plenamente, conformando-se com a mediocridade. Não viva e morra para acabar em uma casa de repouso, preso à monotonia, mancando até o túmulo sem jamais ter descoberto ou realizado seu propósito.

Orí

Orí é o nome dado à cabeça física, mas seu significado vai muito além. Entre os povos Bini, da Nigéria, a cabeça é considerada o receptáculo das ideias, opiniões, emoções e sofrimentos do indivíduo, e está intimamente ligada ao destino e à sorte. Orí é todo o Aşè que uma pessoa carrega, com sua sede na cabeça. É ela que geralmente vem primeiro ao mundo, abrindo o caminho para o restante do corpo. A cabeça é o centro da consciência e dos principais sentidos físicos.

Distinguimos entre Orí Òde, a cabeça física (externa), e Orí Inú, a cabeça interior. A primeira é confiada a Osanyin e Ogun, representando o saber médico. A segunda está ligada a Ifá e aos Orisás, simbolizando o saber divino.

Orí Òde serve como suporte para as obrigações iniciáticas, enquanto Orí Inú é a essência da personalidade, a alma do homem, derivada diretamente de Olodumare. Olodumare é quem coloca Orí Inú no homem, e, após a morte, ela retorna ao Criador.

Cada Orí possui uma individualidade que reflete sua qualidade. Uma pessoa próspera é chamada de Olori Rere (“Aquele que possui uma cabeça boa”), enquanto alguém desafortunado é descrito como Olori Buruku (“Aquele que possui uma cabeça ruim”). Isso se relaciona com o destino das pessoas. Nenhum Orí é essencialmente mau, mas o destino é o fator que pode afetá-lo. Orí Inú é o ser interior ou espiritual do homem e é imortal. Orí Òde, a cabeça física, é mortal e se opõe a Orí Inú, que foi criado por Ajala, um antigo Orisá.

Assim, Orí torna-se a parte mais importante do corpo, sendo concedido à cabeça o máximo respeito nos atos iniciatórios: através do uso de tinturas encantatórias, como efun, osun e waji; a fixação do Ikodide; os banhos de infusão de ervas; e o Eje.

No ato de consulta a Ifá, a participação de Orí é invocada tocando os búzios na testa do consulente. É Orí Inú que fala e determina as condições, que muitas vezes podem ser contrárias às do Orisá da pessoa, como expressa a frase: Òtò ni orí, òtòni òrìsà (“Orí é diferente de Orisá”).

Se o ser interior estiver em desarmonia, o exterior sofrerá com a perdição e desajustes constantes. Orí Inú e Orí Òde são fatores contraditórios em sua natureza, ambos influenciando o homem. Restaurar o equilíbrio entre essas duas partes é o objetivo dos ritos, especialmente o Borí.

Orí é, em essência, como um Orisá e se comporta como tal, inclusive falando na prática divinatória. Em nosso Orí, vive nosso Orisá, que é “lavado, assentado e feito.”

Fonte: Sagrado Feminino e Sagrado Masculino, Facebook

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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