Mais de 4 milhões de brasileiros ainda não têm banheiro em casa, uma realidade que escancara a desigualdade estrutural no Brasil. Apesar de ser um dos países mais ricos em recursos naturais, o Brasil convive com a falta de infraestrutura básica para milhões de cidadãos. Maria José Gomes, de 58 anos, moradora de Itapecuru Mirim, no Maranhão, nunca teve acesso a um banheiro ou água encanada.
Esse contraste entre riqueza e abandono é um reflexo cruel de um modelo econômico que prioriza lucro e concentração de renda em detrimento das necessidades humanas básicas.
O governo do Maranhão afirmou ter distribuído mais de 900 kits modulados de banheiro para famílias cadastradas no CadÚnico, mas alegou que a responsabilidade pela implementação de banheiros é dos municípios.
A prefeitura de Itapecuru Mirim, por sua vez, jogou a responsabilidade para a Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão, prometendo retomada de obras e citando um termo de ajustamento de conduta em andamento para ações de saneamento. Esse empurra-empurra entre instâncias de governo exemplifica como a burocracia e a falta de prioridade política perpetuam o problema.
A reportagem do Jornal Nacional, exibida no último sábado (23), revelou que 4,4 milhões de brasileiros não têm banheiro em casa, segundo o Instituto Trata Brasil, com 63% desse total vivendo no Nordeste.
Diante desses números, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou: “Isso não é gasto, é uma questão de decência.” Lula afirmou nesta terça-feira (26) que pediu ao Ministério das Cidades a elaboração de um programa federal para a construção de banheiros para as famílias em situação de vulnerabilidade.
Ele ainda criticou o excesso de burocracia que trava obras essenciais no Brasil, como as do programa Minha Casa, Minha Vida.
Essa realidade expõe o paradoxo de um país rico que falha em atender às demandas mais básicas de sua população.
Como pode uma nação com tanto potencial, do agronegócio à mineração, conviver com milhões de pessoas sem banheiro?
O capitalismo brasileiro, que enriquece poucos e deixa tantos à margem, continua mostrando seu lado mais perverso: prioriza lucros e grandes projetos enquanto ignora a dignidade de quem mais precisa. Lula resumiu bem: