Em 11 de maio de 1930, Mary Anne MacLeod desembarcou em Nova York com apenas 50 dólares no bolso – o equivalente a cerca de 950 dólares hoje. A jovem escocesa, que mais tarde se tornaria mãe do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou ao país em busca de uma vida melhor, como milhões de outros imigrantes antes e depois dela. Diferente da narrativa oficial propagada pela família Trump, que romantiza sua chegada como uma viagem temporária de turismo, documentos alfandegários indicam que Mary Anne pretendia ficar desde o início.
A realidade é que Mary Anne MacLeod Trump foi uma imigrante que chegou com quase nada, trabalhou duro como empregada doméstica e encontrou no casamento com Fred Trump, filho de imigrantes alemães, a oportunidade de ascender socialmente. Essa trajetória, contudo, não impediu seu filho de se tornar o opressor branco socialmente aceito, utilizando sua posição privilegiada para promover políticas de exclusão e perseguição aos imigrantes que hoje tentam refazer o mesmo caminho que sua mãe trilhou.
Atualmente, em seu segundo mandato como presidente, Donald Trump intensificou ainda mais sua cruzada contra imigrantes, construindo um legado de deportações em massa, separação de famílias e criminalização daqueles que buscam uma vida melhor nos EUA. Recentemente, imigrantes brasileiros e latino-americanos foram enviados de volta aos seus países de origem algemados, tratados como criminosos, em um espetáculo de humilhação pública orquestrado por um governo que ignora suas próprias origens imigrantes.
Essa contradição não é coincidência, mas um reflexo da mentalidade colonialista e supremacista branca que Trump representa. Enquanto sua mãe chegou aos Estados Unidos de maneira precária, sem posses e com perspectivas incertas, ele agora faz de tudo para impedir que outros tenham as mesmas chances. A narrativa do “America First” que ele promove é, na verdade, um pretexto para perpetuar o racismo estrutural, garantir privilégios de classe e consolidar o mito do homem branco como o único legítimo construtor da nação.
Trump governa não apenas com mão de ferro, mas com uma hipocrisia calculada. Ele explora o medo e a ignorância, pintando imigrantes como inimigos da economia americana, enquanto sabe que são justamente esses trabalhadores os responsáveis por manter setores inteiros funcionando. Ele, como um opressor branco socialmente aceito, manipula a população com um discurso de segurança e prosperidade, mas nega aos outros as mesmas oportunidades que sua própria família teve.
A pergunta inevitável é: se Mary Anne MacLeod chegasse aos EUA hoje, sob o governo de seu filho, ela teria as mesmas oportunidades? Provavelmente não. Ela seria recebida com suspeita, enfrentaria um sistema cruel de imigração, e talvez nunca tivesse a chance de construir o futuro que conquistou décadas atrás.
A história de Mary Anne expõe a hipocrisia de Trump e de uma América que esqueceu suas raízes. A figura do opressor branco socialmente aceito continua moldando as políticas e narrativas do país, perpetuando o ciclo de exploração e exclusão. Enquanto isso, os imigrantes continuam chegando, resistindo, e lutando contra um sistema que só beneficia aqueles que já nasceram dentro do privilégio.