Histórias que Inspiram: Conheça o Herói Esquecido da Segunda Guerra Mundial

A Segunda Guerra Mundial foi marcada por nomes que a história branca insiste em glorificar, mas há heróis que lutaram com a mesma coragem e estratégia, arriscaram suas vidas pelo triunfo contra o nazismo e, no entanto, foram apagados simplesmente por serem pretos.

Se você nunca ouviu falar de Job Maseko, isso não é coincidência. Este homem deveria estar nos livros de história ao lado dos grandes nomes da Segunda Guerra, mas sua cor de pele impediu que ele recebesse a maior condecoração militar do Império Britânico.

E agora você vai conhecer a verdade que tentaram enterrar.

Quem foi Job Maseko?

Job Maseko era um soldado sul-africano recrutado pelo Exército Britânico durante a Segunda Guerra Mundial. Como a África do Sul ainda era um país dominado pelo regime racista da supremacia branca, os soldados pretos não recebiam o mesmo tratamento que os brancos. Eles eram enviados à guerra, sim, mas não podiam carregar armas como os soldados europeus. Eram designados a funções consideradas “inferiores”, como transporte, logística e serviços gerais.

Mas Maseko se recusou a ser apenas um figurante em um conflito que decidiria o destino do mundo.

Durante a Campanha do Norte da África, ele foi capturado pelas forças alemãs em 1942 e se tornou prisioneiro de guerra. Mas os nazistas subestimaram seu intelecto e sua capacidade de resistência.

O Feito que Deveria Ter Entrado para a História

Enquanto estava no campo de prisioneiros, Job Maseko observava tudo. Ele entendeu a estrutura do local, conhecia os horários de patrulha e, acima de tudo, sabia que precisava agir.

A oportunidade veio quando ele foi forçado a trabalhar descarregando suprimentos para os alemães no porto de Tobruk, na Líbia. Com engenhosidade impressionante, ele conseguiu reunir materiais simples – pólvora de projéteis desativados, um pavio improvisado e querosene – e criou uma bomba artesanal.

Ele entrou discretamente em um navio alemão, plantou o explosivo e saiu. Minutos depois, a embarcação nazista foi pelos ares.

Job Maseko, um prisioneiro preto subjugado por um exército racista, havia afundado um navio alemão com um explosivo improvisado.

Após sua fuga do campo de prisioneiros, ele se juntou novamente ao exército aliado e continuou servindo até o fim da guerra. Ele foi condecorado com a Medalha Militar por sua bravura, mas deveria ter recebido a Cruz Vitória – a mais alta honraria do Exército Britânico.

E por que não recebeu? Porque era preto.

O Reconhecimento Negado

A decisão de não conceder a Cruz Vitória a Job Maseko foi puramente racista. Os comandantes britânicos reconheciam seu feito, mas consideraram que um homem preto não deveria receber a mesma honra concedida a soldados brancos.

Seu comandante na época, ao recomendar a medalha menor, escreveu:

“Se fosse um homem branco, teria recebido a Cruz Vitória.”

Sim, isso está registrado. Eles sabiam que ele merecia, mas não queriam quebrar a hierarquia racial do Império.

Após a guerra, Job Maseko voltou para a África do Sul e foi tratado pelo governo racista do apartheid como se nada tivesse feito. Enquanto soldados brancos recebiam pensões e benefícios, ele voltou a trabalhar como carteiro e viveu o resto da vida na pobreza.

Morreu em 1952, esquecido.

Um Legado que Não Pode Ser Apagado

A história pode tentar apagar heróis como Job Maseko, mas isso não significa que sua coragem foi menor. Ele desafiou os nazistas, burlou um sistema que o via apenas como mão de obra descartável e, mesmo sem armas, provou que inteligência e estratégia valem mais do que qualquer fuzil.

Décadas depois, há um esforço tardio para que ele finalmente receba a Cruz Vitória postumamente. Mas independentemente do que o governo britânico decida, nós sabemos a verdade.

Job Maseko foi um herói de guerra. Foi um gênio subestimado. Foi um homem que enfrentou dois inimigos ao mesmo tempo: o nazismo e o racismo britânico.

E a única coisa que ele jamais foi, foi um esquecido. Porque agora, você conhece seu nome.

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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