Estudo revela que ancestrais humanos de 3 milhões de anos atrás eram vegetarianos

Um estudo recente publicado no periódico Science trouxe novas luzes sobre a alimentação dos nossos ancestrais de 3 milhões de anos atrás. A pesquisa analisou os níveis de nitrogênio encontrados no esmalte dentário de fósseis, buscando entender se esses hominídeos eram predominantemente vegetarianos ou se já haviam incorporado a carne em sua dieta. Os resultados indicaram que, por um longo período da evolução humana, a alimentação foi baseada essencialmente em frutas, vegetais, raízes, sementes e nozes, contrariando a narrativa de que o consumo de carne sempre foi fundamental para o desenvolvimento da espécie.

Embora a introdução da carne na dieta dos hominídeos tenha sido considerada um marco importante para a evolução, fornecendo proteínas e gorduras cruciais para o crescimento do cérebro, a ciência ainda debate quando exatamente esse hábito se consolidou. Este estudo ajuda a estabelecer uma linha do tempo mais precisa, demonstrando que nossos ancestrais viveram por milhões de anos com uma dieta baseada majoritariamente em plantas.

A pesquisa reforça que a evolução da alimentação humana foi um processo gradual e complexo, e que a adaptação a diferentes tipos de alimentos esteve profundamente ligada às mudanças ambientais e ao desenvolvimento de novas habilidades, como o uso de ferramentas e a descoberta do fogo. No entanto, o estudo aponta que a dieta baseada em vegetais foi o alicerce que sustentou os primeiros passos da humanidade.

O Surgimento do Conceito de Vegetarianismo

Curiosamente, o termo “vegetariano” só surgiu na primeira metade do século XIX, quando a Sociedade Vegetariana foi fundada em 1847 na cidade de Manchester, na Inglaterra. No entanto, a prática de uma dieta baseada em vegetais remonta a tempos imemoriais, muito antes de haver uma palavra para descrevê-la. Povos ancestrais ao redor do mundo adotaram esse estilo de vida por necessidade, disponibilidade de recursos naturais e, em muitos casos, por crenças culturais e espirituais.

A alimentação primitiva dos hominídeos, centrada em alimentos vegetais, refletia a relação harmoniosa que esses primeiros seres humanos mantinham com a natureza. A coleta de frutos e sementes era uma prática sustentável e que demandava um conhecimento apurado do ambiente ao redor, algo que se perdeu ao longo do tempo com a industrialização e a domesticação dos alimentos.

A Filosofia Rastafari e a Alimentação Ital

Áfricano preparando ITAL

Ao observar a história alimentar da humanidade, percebemos que práticas como a dieta Rastafari, baseada no conceito de Ital, refletem muitos dos princípios que guiavam nossos ancestrais. A alimentação Ital, que significa “natural” ou “vital”, tem raízes profundas na cultura africana e é centrada em alimentos não processados, cultivados localmente e de forma orgânica.

A dieta Rastafari é predominantemente vegetariana, focada no consumo de frutas, vegetais, grãos, nozes e legumes. Muitos adeptos também consomem peixes e frutos do mar, mas rejeitam rigorosamente carnes processadas e, principalmente, carne de porco. Além disso, a filosofia Ital valoriza o uso de ervas e especiarias naturais, evitando produtos industrializados, açúcar refinado e sal em excesso, buscando preservar a energia vital dos alimentos e promover o equilíbrio do corpo e da mente.

Essa conexão entre a alimentação Ital e os hábitos dos primeiros hominídeos destaca como a busca por uma nutrição pura e natural sempre foi um pilar essencial da humanidade. Mesmo nas grandes metrópoles, os Rastafaris urbanos procuram manter essa tradição, apoiando pequenos produtores e feirantes que oferecem alimentos frescos e orgânicos, fortalecendo a cadeia de produção sustentável.

A redescoberta dos padrões alimentares ancestrais vem ganhando força na contemporaneidade, à medida que mais pessoas percebem os benefícios de uma dieta baseada em plantas para a saúde e o meio ambiente. Estudos modernos reforçam que a alimentação rica em vegetais, como a praticada por nossos ancestrais, contribui para a prevenção de doenças crônicas, melhora o metabolismo e fortalece o sistema imunológico.

Além dos benefícios individuais, essa abordagem alimentar reduz o impacto ambiental, exigindo menos recursos naturais em comparação à produção de carne. A crescente conscientização sobre os impactos da agropecuária no meio ambiente tem levado muitas pessoas a reconsiderarem seus hábitos alimentares e a buscarem alternativas mais sustentáveis, inspiradas nas práticas dos povos antigos.

Entender que nossos ancestrais eram predominantemente vegetarianos nos leva a refletir sobre nossas escolhas alimentares e o impacto que elas têm no mundo atual. A alimentação baseada em vegetais não é apenas uma tendência contemporânea, mas sim um retorno às origens, uma redescoberta de um modo de vida mais saudável e sustentável.

Assim como os primeiros hominídeos dependiam da natureza para sua sobrevivência, nós também temos a oportunidade de retomar essa relação simbiótica com o meio ambiente, valorizando alimentos naturais e adotando práticas que respeitem a vida em todas as suas formas.

Afinal, o caminho para uma vida mais equilibrada pode estar justamente naquilo que nossos ancestrais já sabiam há milhões de anos: a simplicidade e a riqueza de uma alimentação conectada à terra.

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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