Eleições 2026: Tarcísio, o inimigo mais perigoso da extrema-direita contra Lula.

Se o bolsonarismo parecia ter perdido o fôlego após os julgamentos e as derrotas recentes, engana-se quem pensa que a extrema-direita brasileira não tem carta na manga. O nome de Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, surge como a aposta mais sólida de um campo político que não mede esforços – nem limites democráticos – para se manter vivo. Tarcísio não é um outsider improvisado, nem um bufão caricatural como Bolsonaro: ele combina tecnocracia, discurso aparentemente “moderado” e apoio pesado do capital financeiro. E é justamente isso que o torna mais perigoso.

O candidato das elites econômicas

Tarcísio construiu sua imagem na máquina do Estado, circulou por ministérios, foi apresentado como gestor competente, e agora governa o estado mais rico do país. Não tem os arroubos de Bolsonaro, mas carrega consigo a mesma agenda ultraliberal e excludente: privatizações agressivas, desmonte de políticas sociais e submissão completa ao mercado. Em outras palavras, um bolsonarista de gravata e fala mansa, pronto para ser vendido como alternativa “responsável” ao extremismo tosco do ex-capitão.

Nas pesquisas, já aparece competitivo contra Lula. E esse dado, por si só, deveria acender o alerta: a elite encontrou em Tarcísio o rosto palatável para manter os mesmos interesses, sem o desgaste da verborragia de Bolsonaro.

A máscara da moderação

O discurso de Tarcísio é calculado. Ele evita o confronto direto com a imprensa, recorre ao tecnicismo e veste o figurino de gestor pragmático. Mas por trás dessa maquiagem, esconde-se a mesma agenda que ameaça trabalhadores, povos indígenas, quilombolas e qualquer tentativa de soberania popular.

Sob sua gestão em São Paulo, vimos o avanço da privatização da Sabesp, a perseguição a movimentos sociais e a militarização crescente da segurança pública. É uma versão mais sofisticada da velha cartilha da extrema-direita: repressão em casa, entrega de riquezas ao mercado, desmonte de direitos coletivos.

O desafio para a esquerda

A esquerda brasileira, muitas vezes dividida em disputas internas, precisa compreender que Tarcísio representa um inimigo estratégico de maior envergadura do que o próprio Bolsonaro. Enquanto o ex-presidente arrasta consigo a pecha de golpista e inelegível, Tarcísio surge como alternativa “limpa” para setores que jamais aceitarão Lula.

E não se enganem: o arsenal da extrema-direita será mobilizado. Fake news, lawfare, chantagem do mercado, terrorismo digital, violência de rua. A experiência de 2018 mostrou que eles não têm limites. Se o campo progressista não se preparar com organização, narrativa e unidade, corre o risco de enfrentar um adversário letal travestido de gestor eficiente.

Tarcísio de Freitas não é apenas mais um nome no tabuleiro de 2026. Ele é o projeto de poder da extrema-direita em sua forma mais sofisticada. Um Bolsonaro sem as grosserias, mas com o mesmo programa antipopular e entreguista. O verdadeiro inimigo não é só o ex-presidente derrotado nos tribunais, mas aquele que, com fala mansa, tenta conquistar o coração das elites e a mente de um eleitorado cansado da polarização.

A história mostra: subestimar inimigos bem vestidos é um erro fatal. Lula e os setores progressistas não podem cair nessa armadilha.

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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