Acordei hoje bombardeado com notícias bombásticas e inumeráveis retrocessos conduzidos pelo ditador da atualidade, Donald Trump. Estamos apenas no final de janeiro, e suas ações já reverberam como um terremoto político, social e psicológico, não apenas nos EUA, mas levantando um alerta global. O que vemos agora não é mera política reacionária ou conservadorismo exagerado. É uma ofensiva organizada e sistemática contra qualquer sinal de progresso social, contra os corpos que desafiaram séculos de dominação e ousaram existir em plenitude.
Quem Trump pensa que é? Um rei? Não, ele não é. Ele é apenas o bobo da corte, um peão conveniente no tabuleiro da oligarquia bilionária que realmente controla as peças. O verdadeiro poder não está no Salão Oval, mas nos escritórios das Big Techs e das corporações que moldam o imaginário coletivo e controlam nossas vidas de forma quase invisível. Elon Musk, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos formam a tríade do poder, uma elite sem rosto que dita os rumos do mundo sem precisar de eleições ou aprovações públicas. Eles financiam, influenciam e manipulam. A decisão é deles, e Trump apenas executa.
O que isso significa? Que estamos diante de um projeto de destruição, uma nova colonização em que as correntes são digitais, mas o objetivo é o mesmo: subjugar, dividir e apagar. A proibição da bandeira LGBTQIAP+ em prédios públicos não é uma questão administrativa, é um ataque direto à diversidade, uma tentativa calculada de erradicar símbolos que representam luta e resistência. Trump sabe que símbolos têm poder, e ao eliminá-los, ele elimina a memória coletiva, a possibilidade de um futuro diferente. A tal “bandeira única” que ele promove nada mais é do que uma fachada para a supremacia branca disfarçada de patriotismo.
E como sempre, o ataque não é isolado. Em paralelo, Trump ordena o fechamento de programas de diversidade, equidade e inclusão em instituições federais e universidades, enterrando qualquer chance de correção histórica ou reconhecimento das desigualdades estruturais. O que está em curso é um apagamento sistemático, um retorno ao passado disfarçado de progresso.
Enquanto isso, do outro lado do espectro, a Meta – a gigante das redes sociais – avança na mesma direção, abrindo as portas para o ódio ao permitir expressões racistas antes vetadas, como “odeio negros” e “brancos são os melhores”. O que antes era mascarado por políticas de “tolerância”, agora é escancarado como parte de uma engrenagem que estimula a violência racial e a supremacia branca sem qualquer pudor. O discurso racista, que já operava nas sombras, agora tem passe livre para circular e infectar mentes despreparadas. E o que a Meta ganha com isso? Engajamento. Monetização do ódio. Controle sobre a narrativa.
No Brasil, onde o racismo é crime inafiançável e imprescritível, essa decisão da Meta é uma afronta direta à Constituição. Mas não se enganem, não se trata de um erro, mas de uma decisão calculada, um teste para ver até onde podem ir. Permitir esse discurso nas redes sociais não é apenas uma questão de liberdade de expressão – é uma estratégia deliberada para minar avanços sociais e fortalecer estruturas de dominação.
Mas a ofensiva não para por aí. Trump decidiu revogar a Lei de Igualdade de Oportunidades de Emprego de 1965, que proibia a discriminação racial, religiosa, de gênero e nacionalidade nas contratações. Estamos falando de um retrocesso que nos joga de volta para a segregação institucionalizada, em que negros, imigrantes e mulheres são novamente empurrados para as margens do mercado de trabalho, reduzidos a condições indignas e desumanizadas. O racismo estrutural, que nunca desapareceu, agora tem respaldo jurídico.
Esse não é um conjunto isolado de ações. O que estamos testemunhando é uma aliança entre poder político e poder econômico para reestruturar o mundo sob uma lógica de exclusão e domínio total. Trump e os bilionários que o cercam não estão interessados em governar – estão interessados em possuir. Possuir os corpos, os dados, os recursos, os territórios. E para que essa dominação seja completa, é necessário destruir qualquer forma de resistência organizada, seja ela racial, de gênero, de classe ou de identidade.
Estamos diante de uma nova era das trevas, uma era em que as velhas táticas de dominação colonial são refinadas e reaplicadas em escala global. Não há mais necessidade de tropas nas ruas quando se pode controlar narrativas, reescrever leis e moldar o comportamento coletivo por meio da tecnologia. E o mais perigoso disso tudo? A ilusão de que estamos avançando, de que a tecnologia nos libertaria, quando, na verdade, ela se tornou a mais eficaz ferramenta de controle e opressão.
E agora, o que nos resta? A resposta é clara: lutar, resistir, expor e desmantelar essas estruturas antes que seja tarde demais. Eles querem que nos sintamos impotentes, isolados e sobrecarregados. Querem que acreditemos que não há alternativa. Mas a história nos ensina que a resistência nunca desaparece, ela apenas muda de forma. Precisamos nos organizar, utilizar as mesmas ferramentas que eles usam contra nós, construir espaços alternativos de poder e manter viva a memória das nossas lutas.
A marcha da opressão avança, mas a pergunta é: vamos aceitar ou vamos enfrentá-los?