Como que Alexandre de Moraes se tornou tão poderoso?

 

Poucos nomes da cena nacional despertam tanto respeito, medo e controvérsia como o de Alexandre de Moraes. Para alguns, ele é o ministro que assumiu a linha de frente contra os extremismos que ameaçam corroer as instituições nacionais. Para outros, um personagem inflado pela mídia, um suposto “ditador togado” que teria acumulado poder além do que deveria. O contraste das opiniões diz menos sobre ele e mais sobre o Brasil de hoje. Porque Alexandre de Moraes não surgiu do nada. Sua força não é fruto de capricho pessoal, mas de uma trajetória marcada pela técnica, pela firmeza e por um compromisso incontornável com o cumprimento das normas que regem este país.

A trajetória acadêmica e intelectual

Antes de se tornar uma figura pública reconhecida em todo o país, Alexandre de Moraes já havia construído uma carreira sólida no mundo jurídico. Doutor pela USP, professor de Direito Constitucional, autor de obras que se tornaram referência em cursos universitários, Moraes não é um improvisado. A profundidade de sua formação acadêmica confere lastro a cada uma de suas decisões.

Críticos apressados costumam retratá-lo como alguém que “inventou poderes” ou que age segundo “vontade própria”. Essa caricatura é desonesta. Alexandre de Moraes se ampara em fundamentos constitucionais e legais, em doutrina, jurisprudência e princípios estruturantes do direito penal e processual. O que incomoda é que ele aplica essas bases com firmeza, sem se curvar a pressões externas ou chantagens políticas.

Do professor ao guardião das instituições

O ministro trilhou caminhos relevantes antes de chegar ao Supremo. Foi secretário de Justiça em São Paulo, presidiu o Conselho Nacional de Justiça, foi advogado, promotor e ministro da Justiça. Em todos esses papéis, desenvolveu um perfil de gestor técnico, mas também de homem de enfrentamentos. Sempre demonstrou coragem para tomar decisões que outros preferiam adiar.

Essa postura se intensificou quando assumiu a cadeira no STF. Se até então era visto como um jurista erudito, na Corte ele passou a ser reconhecido como alguém capaz de sustentar, com clareza e rigor, posições que outros hesitavam em assumir.

As eleições de 2022: o divisor de águas

O auge desse processo veio em 2022, quando presidiu o Tribunal Superior Eleitoral. À frente da instituição responsável por garantir o processo eleitoral, Moraes enfrentou uma das maiores tempestades da história recente. A seita bolsonarista, com sua máquina de desinformação, buscava desacreditar as urnas eletrônicas, espalhar mentiras e preparar o terreno para um questionamento da vitória de Lula.

Alexandre de Moraes respondeu com a firmeza que o cargo exigia. Não recuou diante das ameaças, não se deixou intimidar pelos ataques pessoais, nem pelas campanhas difamatórias nas redes. Usou os instrumentos legais disponíveis para coibir a propagação de mentiras em massa e garantiu que o resultado das urnas fosse respeitado. Foi um gesto de coragem institucional que impediu que o país escorregasse em direção ao abismo.

Muitos ainda hoje criticam sua atuação, como se houvesse ali autoritarismo ou arbitrariedade. Mas o que houve, de fato, foi a aplicação rigorosa do Código Penal e da legislação eleitoral diante de práticas criminosas que atentavam contra as instituições.

O enfrentamento ao bolsonarismo

Desde então, Alexandre de Moraes se consolidou como o principal antagonista do bolsonarismo. Essa seita, acostumada a atacar juízes, jornalistas e opositores com fake news, encontrou nele um obstáculo que não se rende ao medo. Cada decisão, cada despacho e cada voto reforçam a mensagem de que não há espaço para violência política, para ameaças digitais ou para o uso das redes como armas de destruição simbólica.

A crítica que se faz a Moraes é, na maioria das vezes, superficial. O acusam de ser “poderoso demais”, como se tivesse inventado atribuições que não existem. Mas basta ler a Constituição, basta consultar o Código Penal, para perceber que suas decisões não se baseiam em vontades pessoais. Ele aplica a lei. Ele cumpre o papel que os próprios constituintes definiram para os ministros da Suprema Corte.

O problema, para seus adversários, é que ele aplica a lei contra eles. E acostumados à impunidade, sentem no corpo o peso de uma autoridade que finalmente decide agir.

A crítica sem fundamento

É curioso observar como a narrativa dos que se dizem perseguidos omite um detalhe fundamental: Alexandre de Moraes não atua sozinho. Suas decisões passam por colegiados, são fundamentadas em precedentes e encontram apoio entre outros ministros. O que o diferencia é a coragem de colocar a cara, de assumir a linha de frente, de não ceder à pressão midiática ou à gritaria digital.

Quando o chamam de “poderoso demais”, estão, na verdade, confessando que não estavam preparados para lidar com um juiz que cumpre a função integralmente. Não se trata de um excesso de poder, mas da ausência histórica de magistrados que se dispusessem a enfrentar com tanto rigor aqueles que atacam as instituições nacionais.

O símbolo de um tempo turbulento

Alexandre de Moraes se tornou símbolo porque os tempos exigem símbolos. Em um cenário de ataques constantes, alguém precisava assumir a posição de resistência. Ele o fez com preparo técnico, com conhecimento jurídico e com bravura pessoal. Isso não significa que seja infalível ou que não cometa erros. Significa que está disposto a sustentar suas decisões em nome da integridade institucional do país.

É essa disposição que o torna alvo da fúria bolsonarista. Porque enfrentar criminosos travestidos de políticos exige não apenas caneta e toga, mas firmeza de caráter.

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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