Como a filosofia pode te ajudar a encontrar sentido na vida

Confesso que tenho medo do que é novo e tenho medo de viver coisas que não entendo – gosto da ideia de “controle da situação”, mas sei que eu não controlo nada, nem o ar que eu coloco pra fora. A vida é muito misteriosa: isso me alegra e me assusta ao mesmo tempo. Foi em 2010, no auge do boom das redes sociais no Brasil, que comecei a ter contato com a filosofia de forma mais tangível. Enquanto todos mergulhavam nas interações digitais, eu buscava respostas para o que realmente importava: o sentido da vida, o propósito por trás de tudo.

Mas foi em 2011, durante os primeiros passos na faculdade, que o nome de Nietzsche surgiu como um farol iluminando meu caminho filosófico. Suas palavras eram como um choque de realidade, desafiando minhas crenças e me convidando a olhar para além das superficialidades da existência. Aquele que dizia que ‘o homem é uma corda esticada entre o animal e o super-homem’, despertou em mim uma sede insaciável por compreender a complexidade da condição humana.

O caminho do autoconhecimento, que parecia tão sedutor quanto intimidante, tornou-se minha trilha principal. Engajar-me na busca por entender a essência do meu próprio ser, confrontando medos, incertezas e paradigmas, revelou-se uma jornada árdua, mas de uma beleza e recompensa sem igual.

A filosofia se tornou meu refúgio, onde encontrei respostas que não estavam prontas para serem aceitas, mas sim para serem questionadas. Ela me ensinou que o sentido da vida não é um destino, mas sim uma jornada constante de questionamentos, reflexões e evolução pessoal.

A cada página virada, a cada pensamento desafiado, encontrei um sentido renovado na existência. Descobri que o controle que tanto ansiava era uma ilusão, e a verdadeira liberdade residia na aceitação do desconhecido, na busca pela sabedoria e na coragem de me reinventar a cada aprendizado filosófico. Hoje, mesmo diante das incertezas, encontro conforto na filosofia, pois ela me mostrou que a beleza da vida está justamente na sua imprevisibilidade, na dança constante entre o conhecido e o porvir.

Em um mundo que muitas vezes exige santidades inalcançáveis, descobri a arte de ler minha própria dor, compreender minhas dúvidas e abraçar minhas sombras. Longe da perfeição, encontrei inspiração em mim mesmo para seguir adiante.

A jornada de autodescoberta não é uma estrada tranquila. É um labirinto complexo, repleto de altos e baixos, de luz e escuridão. Ao longo do caminho, aprendi que minha dor não é um fardo, mas sim um livro aberto, uma fonte de aprendizado e crescimento. Cada cicatriz, cada mágoa carrega consigo lições valiosas que moldaram minha essência.

Compreender minhas dúvidas tornou-se um exercício constante de humildade e aceitação. Não mais as enxergo como fraquezas, mas como oportunidades para expandir minha compreensão sobre o mundo e sobre mim mesmo. São as perguntas que levam às descobertas mais profundas, que desvendam verdades escondidas nas entrelinhas da existência.

E quanto às sombras que insistem em me acompanhar, aprendi a não temê-las. Elas são partes inseparáveis do meu ser, tão importantes quanto a luz que brilha em mim. É na aceitação dessas sombras que encontro equilíbrio, é nelas que descubro a complexidade e a riqueza da minha própria natureza humana.

Não sou um modelo de perfeição, mas encontro em minha própria jornada a inspiração para viver autenticamente. Cada passo dado, cada desafio superado, é um testemunho da força e da resiliência que reside dentro de mim.

E você, também deve se orgulhar de sua própria jornada. Não há uma fórmula única para a vida, mas sim a beleza na diversidade de experiências, na aceitação de quem somos e na busca contínua pela autenticidade. Permita-se ler suas dores, compreender suas dúvidas e abraçar suas sombras, pois é aí que reside o verdadeiro poder de se tornar sua própria inspiração para viver plenamente.

Adentrar o mundo da leitura filosófica é como abrir uma porta que não pode ser fechada, uma jornada irreversível que desafia cada pedaço do que conhecemos. Antes de mergulhar nesse universo, é vital questionar-se se realmente se deseja ampliar os horizontes, pois uma vez iniciada essa busca, não há retorno à inocência da ignorância.

Nietzsche, com sua perspicácia penetrante, não apenas desconstrói estruturas de pensamento, mas também desafia os alicerces das relações humanas. Após absorver suas ideias, é como se uma nova lente fosse colocada diante dos olhos, revelando as complexidades ocultas por trás das interações humanas.

Um relacionamento romântico, antes colorido e vibrante, se torna um palco onde as máscaras caem. Nietzsche desvela a natureza humana, desnuda as convenções sociais e desafia a superficialidade das relações. A superficialidade que outrora passava despercebida agora é quase insuportável, tornando o convívio amoroso uma tarefa hercúlea.

O silêncio, outrora negligenciado em meio ao ruído incessante do mundo, passa a ser apreciado como um oásis de tranquilidade. A solidão, outrora temida, torna-se uma companhia desejada, um refúgio para a reflexão e o entendimento íntimo.

E na presença dos animais, na sua pureza descomplicada e na comunicação não verbal, encontra-se uma conexão sincera e inabalável. O afeto genuíno e desprovido de máscaras sociais é uma fonte de conforto, uma presença que acalma e nutre a alma.

A leitura filosófica não apenas transforma a mente, mas molda a perspectiva de mundo e a dinâmica das relações. É um mergulho profundo que muitas vezes nos afasta daqueles que não trilham o mesmo caminho, mas também nos conduz a uma compreensão mais profunda de nós mesmos e do universo que nos cerca.”

Nós realmente precisamos de Deuses?

“Deus e Diabo, entidades simbólicas profundamente enraizadas na linguagem humana, desempenham papéis cruciais no palco da existência. São conceitos que, mesmo sendo abstratos, são fundamentais para a dinâmica do jogo da vida. Sem eles, o mundo poderia parecer desprovido de mistério, de dualidade, de reflexão.

São símbolos que permeiam a história da humanidade, oferecendo explicações, consolos e até mesmo um bode expiatório para os erros cometidos. Deus é a fonte de esperança, de significado, de orientação moral; enquanto o Diabo personifica o mal, o caos, a tentação. Ambos são peças-chave no tabuleiro das crenças humanas, representando forças antagônicas que moldam as decisões e a visão de mundo.

A ausência desses símbolos poderia significar um mundo desprovido de profundidade, de dualidade moral. A humanidade, privada de entidades a quem responsabilizar por suas falhas, poderia se ver diante do desafio de encarar a responsabilidade de suas ações de forma direta, sem projeções externas.

Para muitos, a vida perderia o sentido sem a presença desses arquétipos. A noção de um propósito superior, de um plano divino, confere significado e esperança em meio ao caos. A possibilidade de culpar uma entidade maligna por desvios e erros alivia a carga pessoal de responsabilidade, oferecendo um conforto na adversidade.

Todavia, a ausência desses símbolos também seria uma chamada para a maturidade, um convite para sair do jardim da infância das crenças simplistas e encarar a complexidade do mundo sem muletas metafísicas. Seria um desafio para a humanidade abraçar a responsabilidade pessoal, aceitar as contradições e aceitar o mundo como ele é, sem filtros simplificadores.

Assim, Deus e Diabo se tornam peças essenciais no teatro da existência humana, personificações que, para muitos, são cruciais para dar significado à vida, mas também podem ser vistos como obstáculos para um entendimento mais maduro e profundo da realidade.

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Por: Wanderson Dutch.

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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