Como a filosofia me ajudou em um relacionamento abusivo

Nós, amantes da filosofia, sabemos que ela não se coloca como uma muleta para solucionar problemas de ninguém. Muito pelo contrário, de modo geral, a filosofia tem como via de regra o questionar, apresentar perguntas e não trazer respostas prontas, não é mesmo? Pois bem, saindo um pouco desse campo de teorização e indo para o lado prático da coisa em si, posso te garantir que os conteúdos dos diferentes filósofos me fortaleceram para ter um entendimento mais profundo de um relacionamento extremamente abusivo que eu vivia.

Nietzsche, Bauman, Sartre e muitos outros nomes conhecidos da filosofia me ajudaram a repensar um contexto complicado. Eu aprendi cinco lições incríveis, e vou compartilhá-las aqui agora.

A primeira lição que absorvi foi a importância de questionar e desafiar as estruturas de poder. Nietzsche me ensinou que a moralidade pode ser usada como uma ferramenta de controle e opressão, e que é necessário questionar os valores impostos pela sociedade. Essa perspectiva filosófica me ajudou a enxergar que o relacionamento abusivo no qual eu estava inserido era resultado de uma dinâmica de poder desigual, na qual o agressor se aproveitava da minha submissão.

A segunda lição veio de Bauman e sua teoria da modernidade líquida. Ele argumenta que vivemos em uma sociedade marcada pela fragilidade dos vínculos humanos, em que as relações são fluidas e descartáveis. Ao compreender essa perspectiva, percebi que meu relacionamento abusivo não era uma falha pessoal minha, mas sim uma consequência dessa cultura do descartável, na qual os laços afetivos são facilmente rompidos e os abusadores tendem a manipular e explorar essa fragilidade.

A terceira lição veio de Sartre e sua concepção de liberdade e responsabilidade individual. Ele argumenta que somos responsáveis por nossas escolhas e ações, mesmo em situações difíceis. Com isso, compreendi que eu tinha o poder e a responsabilidade de sair desse relacionamento abusivo, de tomar minhas próprias decisões e buscar a minha liberdade.

A quarta lição veio de Simone de Beauvoir e seu olhar sobre a opressão e a emancipação das mulheres. Ela afirmou que as mulheres são frequentemente tratadas como objetos e subordinadas aos homens na sociedade patriarcal. Essa visão me ajudou a reconhecer o padrão de opressão que estava vivenciando e a entender que merecia ser tratado com dignidade e respeito.

Por fim, a quinta lição veio da filosofia existencialista como um todo. Essa corrente filosófica destaca a importância de criar significado e propósito em nossa própria existência. Ao aplicar essa perspectiva, percebi que precisava me libertar desse relacionamento abusivo para buscar minha autenticidade e construir uma vida baseada em valores que eu acreditava.

Em suma, a filosofia foi uma bússola que me guiou em meio às dificuldades de um relacionamento abusivo. Ela me ajudou a questionar, compreender a dinâmica de poder, assumir minha responsabilidade, reconhecer a opressão e buscar minha própria liberdade. Através dessas lições, fortaleci-me emocionalmente e encontrei a coragem necessária para deixar esse relacionamento tóxico para trás e seguir em busca de uma vida mais autêntica e saudável.

A filosofia não me forneceu respostas prontas, mas me empoderou com as ferramentas para encontrar meu próprio caminho e trilhar uma jornada de crescimento pessoal e liberdade.

Se você quer se libertar do ex ou de qualquer contexto problemático, você precisa entender isso:

A evolução é um processo intrincado e muitas vezes doloroso. Ela exige que abandonemos velhos padrões, enfrentemos desafios e nos desprendamos de tudo o que nos limita. Às vezes, isso significa passar noites sem dormir, abrir mão de relacionamentos tóxicos, abandonar vícios arraigados e deixar para trás maus hábitos que nos aprisionam.

A jornada rumo ao autoconhecimento é um caminho de autotransformação que requer coragem e disposição para confrontar a si mesmo. Não é possível descobrir quem somos verdadeiramente sem enfrentar o desconforto de olhar de perto nossas próprias fraquezas e medos. A destruição é uma parte inevitável desse processo.

Assim como uma semente que precisa se romper e se desfazer para dar lugar a uma nova planta, nós também precisamos passar por um processo de destruição interna para crescer e florescer. É nesse espaço de desconstrução que encontramos oportunidades para crescer, aprender e nos reconstruir de uma maneira mais autêntica.

Embora a evolução seja essencial para o nosso desenvolvimento pessoal, é importante reconhecer que ela não vem sem dor. O desconhecido pode ser assustador e o enfrentamento das nossas sombras pode causar sofrimento. É preciso coragem para seguir em frente, mesmo quando tudo parece estar desmoronando ao nosso redor.

No entanto, é importante lembrar que a dor é passageira e temporária. Ela é apenas uma parte do processo de transformação, não o destino final. Ao abraçar a jornada evolutiva, descobrimos que a dor e o sofrimento têm um propósito maior: nos impulsionar a alcançar todo o nosso potencial e nos tornar versões mais autênticas de nós mesmos.

A evolução nos desafia a questionar nossas crenças arraigadas, a abandonar a complacência e a explorar territórios desconhecidos. À medida que nos libertamos dos apegos e padrões limitantes, abrimos espaço para o crescimento, a sabedoria e a expansão da consciência.

Portanto, não se engane: a evolução é dolorosa. Mas é justamente nesse desconforto que encontramos o verdadeiro poder de transformação. Ao abraçar o processo de destruição, nos permitimos renascer, mais fortes e resilientes do que antes. É através da dor que encontramos a cura, e é no processo de evolução que descobrimos quem somos verdadeiramente capazes de ser.

Wanderson Dutch

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Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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