Chimamanda Ngozi Adichie está sendo chamada de transfóbica.

Em 2017, Chimamanda Ngozi Adichie foi alvo de comentários nas redes sociais por sua declaração a respeito das mulheres trans. Em 2024, essa discussão foi reacendida quando Bira, do canal O Algoritmo da Imagem, trouxe o tema de volta ao debate público. Bira publicou no X:

“Ontem, um aluno me disse que uma admirada escritora africana tem falas transfóbicas. ‘O que faço? Na questão racial, eu gosto muito do que ela diz’, ele falou. Precisamos urgentemente parar de buscar arautos de moralidade. Ninguém é perfeito, e nem falará só o que você concorda.”

Chimamanda Ngozi Adichie

Chimamanda Ngozi Adichie, autora nigeriana reconhecida por suas contribuições ao feminismo e à questão de gênero, gerou polêmica com suas observações sobre mulheres trans durante uma entrevista para um canal de televisão inglês. A declaração dela foi a seguinte:

“Eu acho que todo o problema de gênero no mundo é sobre nossas experiências. Não é sobre como usamos nossos cabelos ou se temos uma vagina ou um pênis. É sobre a maneira como o mundo nos trata, e eu acho que se você viveu no mundo como um homem com os privilégios que o mundo concede aos homens e, em seguida, vivenciou a mudança de gênero, é difícil para mim aceitar que, em seguida, podemos igualar a sua experiência com a experiência de uma mulher que vive desde o início de sua vida como uma mulher, e que não teve os privilégios que os homens têm.”

A declaração provocou um intenso debate entre grupos feministas de diversas vertentes, não só nos Estados Unidos, mas também no Brasil e em outros países ao redor do mundo. Embora muitos tenham apoiado o posicionamento de Adichie, sua fala foi amplamente criticada por ser considerada transfóbica.

Liniker

 

A crítica se baseia na percepção de que Adichie, ao argumentar que a experiência de ser mulher é determinada exclusivamente pelo “nascimento biológico”, desconsidera a complexidade e a validade das experiências vividas por mulheres trans. A ideia de que as mulheres trans não compartilham da mesma experiência de “mulheridade” que as mulheres cis pode ser vista como uma forma de invalidar as vivências e identidades das mulheres trans, reduzindo suas experiências a uma questão de privilégio e não reconhecendo as realidades distintas e igualmente significativas que enfrentam.

Este debate é um exemplo de como as conversas sobre gênero e feminismo podem se tornar polarizadas, revelando as tensões entre diferentes perspectivas sobre a inclusão e o reconhecimento das identidades trans. A questão central é se é possível reconciliar as experiências de mulheres cis e trans dentro de um movimento feminista inclusivo, sem cair na armadilha de hierarquizar ou invalidar as vivências de qualquer grupo.

O debate sobre as palavras de Chimamanda Ngozi Adichie destaca a necessidade de uma abordagem mais nuançada e empática sobre a experiência de gênero. Em vez de buscar figuras que representem uma moralidade perfeita, é essencial reconhecer que o diálogo sobre questões de gênero deve ser contínuo e aberto, permitindo a evolução das ideias e o crescimento coletivo em direção a uma maior inclusão e compreensão.

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Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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