Boubacar Joseph Ndiaye: um defensor da cultura e da acessibilidade artística africana

Em pleno século XXI, a luta contra o racismo e a discriminação racial ainda é uma batalha constante. E é nesse contexto que a história de Boubacar Joseph Ndiaye (15 de Outubro de 1922 e falecimento em 6 de Fevereiro de 2009) toma destaque mundial na batalha antirracista. Ele resceu em uma família de escultores tradicionais, e desde jovem mostrou interesse em aprender o ofício. Ele estudou na École des Arts in Dakar e na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts em Paris, onde aprimorou suas técnicas e desenvolveu seu estilo único.

Ao longo de sua carreira, Ndiaye criou esculturas que combinavam elementos da cultura senegalesa com técnicas modernas. Suas obras eram frequentemente feitas de madeira, mas também incluíam materiais como metal e vidro. Ele era conhecido por esculpir figuras humanas, animais e objetos com uma habilidade excepcional, e por incorporar simbolismo e espiritualidade em seu trabalho.

Uma de suas esculturas mais famosas é “Le Témoin” (O Testemunho), que foi instalada na Place de l’Indépendance em Dakar em 1993. A escultura é uma representação de um homem que está segurando uma tocha, simbolizando a luz que guia as pessoas em tempos difíceis.

Além de seu trabalho como artista, Ndiaye também foi um ativista e defensor da cultura senegalesa. Ele acreditava que a arte deveria ser acessível a todos, e muitas de suas esculturas foram exibidas em locais públicos para que as pessoas pudessem apreciá-las gratuitamente.

Em reconhecimento ao seu trabalho, Ndiaye recebeu várias homenagens ao longo de sua vida. Em 1999, foi nomeado Chevalier de l’Ordre national du Lion pelo governo senegalês, e em 2006, recebeu o Prêmio Internacional UNESCO para as Artes Plásticas. Suas obras continuam a ser exibidas em museus e galerias de arte em todo o mundo, e sua influência é sentida na cena artística do Senegal e além.

A “Casa dos Escravos”, como ficou conhecida, está localizada na ilha de Gorée, que foi classificada pela UNESCO como Patrimônio Mundial da Humanidade em 1978. Desde então, o local se tornou um ponto turístico importante, visitado por milhares de pessoas que ouvem de Boubacar Ndiaye as histórias de sofrimento dos escravos que eram levados para as plantações americanas.

Apesar de sua importância histórica e cultural, a “Casa dos Escravos” é apenas uma parte de uma história muito maior de opressão, racismo e discriminação. O trabalho de Boubacar Joseph Ndiaye é fundamental para que a memória da escravidão não seja esquecida e para que as gerações futuras possam aprender com os erros do passado.

A luta de Boubacar Joseph Ndiaye também inspirou a realização do filme “Little Senegal” (2001), dirigido pelo cineasta francês Rachid Bouchareb. O filme retrata a jornada de um senegalês que busca suas raízes africanas em Nova York, mostrando a importância da preservação da história e da cultura para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Em tempos em que o racismo e a discriminação racial ainda estão presentes em nosso cotidiano, a história de Boubacar Joseph Ndiaye é um exemplo de resistência e luta por direitos iguais para todos.

O Holocausto não durou nem 12 anos, já a escravidão mais de 300. Não esquecemos!

Não podemos esquecer que o Holocausto foi um dos momentos mais obscuros e trágicos da história da humanidade, onde seis milhões de judeus foram sistematicamente assassinados pelo regime nazista. A brutalidade e o horror desses eventos são inegáveis, e devem ser lembrados para que nunca mais se repitam.

No entanto, é igualmente importante lembrar que a escravidão, que durou mais de 300 anos, também foi um dos momentos mais sombrios e trágicos da história da humanidade. Durante séculos, milhões de africanos foram roubados de suas terras, forçados a trabalhar em condições inumanas e tratados como propriedade. Essa história de exploração e subjugação criou uma realidade profundamente desigual, que ainda é sentida até hoje.

Ao contrário dos judeus, muitos africanos não tiveram a oportunidade de prosperar e construir suas próprias comunidades e nações. Em vez disso, eles foram forçados a trabalhar em condições brutais, sem direitos ou liberdade. E mesmo após a abolição da escravatura, o racismo estrutural continuou a assombrar as comunidades negras, tornando-os vítimas de desigualdade, violência e exclusão.

É por isso que é tão importante lembrar a história da escravidão e suas consequências, para que possamos enfrentar o racismo e trabalhar para construir um mundo mais justo e igualitário. Devemos entender que a discriminação e a desigualdade que ainda existem hoje são frutos de uma história de exploração e subjugação, e que é nossa responsabilidade trabalhar para mudar essa realidade.

Em última análise, é preciso reconhecer que o Holocausto e a escravidão são dois momentos trágicos e distintos da história da humanidade, mas que ambos deixaram marcas profundas e duradouras na consciência coletiva. A luta contra o racismo e a discriminação deve ser constante e incansável, para que possamos construir um futuro melhor para todos.

 

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Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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