Aprenda a dominar este vício e você dominará todos os outros automaticamente em sua vida.

Há um vício mais perigoso que a comida, mais sorrateiro que o cigarro, mais viciante que qualquer droga sintética. Um vício que se disfarça de liberdade, mas aprisiona. Que finge ser comunicação, mas é ruído. Esse vício se chama: o vício da fala.

A mente humana, quando desgovernada, fala.

O ego, quando inseguro, fala.

A alma, quando em paz, silencia.

O vício da fala é o vício que sustenta todos os outros.

Ele é a cola mental que alimenta compulsões, valida ilusões e retroalimenta narrativas do ego. É por meio dele que a maioria das pessoas tenta controlar o incontrolável: o outro, o tempo, a própria imagem. Fala-se para se justificar, para ser notado, para parecer sábio, para se defender — quase nunca para construir. O vício da fala é o barulho do medo querendo se esconder atrás de palavras.

Estamos imersos numa sociedade que glorifica a opinião e esqueceu a sabedoria. Onde há microfone, há ruído. Onde há silêncio, há fuga. Porque o silêncio exige presença. E a presença assusta quem ainda não se habita.

Dominar o vício da fala é começar a operar de outra dimensão.

É sair da frequência da reação e entrar na vibração da criação.

É deixar de responder ao mundo e começar a moldá-lo com sua simples existência.

Quando você domina o vício da fala, você perde peso

Não é metáfora.

Não é energia sutil apenas. É fisiologia, biologia, neuroquímica.

O corpo que silencia cura-se

Quando falamos compulsivamente, ativamos em excesso áreas do cérebro ligadas à linguagem, ao julgamento e à memória de curto prazo. A respiração se torna curta. Os músculos da face se contraem. O sistema nervoso se mantém em estado de vigilância. O corpo entra num ciclo de alerta. E, em estado de alerta, o organismo não regenera — apenas sobrevive.

Silenciar é permitir que o corpo entre em estado parasimpático: o modo de reparação, digestão, equilíbrio hormonal. Pessoas que falam menos dormem melhor, digerem melhor, pensam com mais clareza e acessam com mais facilidade o estado meditativo natural. Elas não precisam “fugir para meditar”. Elas transformam o próprio silêncio em campo meditativo.

O corpo físico responde à vibração do campo mental. Quando você fala compulsivamente, sua energia é dispersa, seu foco é fraturado e seu apetite se desregula. A mente ansiosa que fala demais também come demais, se movimenta demais ou entra em ciclos de exaustão. O silêncio cura a mente — e, por consequência, reorganiza o corpo. Falar menos reduz o cortisol, regula a insulina, acalma o sistema digestivo e reorganiza o apetite.

O silêncio é uma forma de jejum. Um jejum vibracional. E assim como o corpo em jejum de comida elimina toxinas, o corpo em jejum de palavras elimina tensões. Ao falar menos, você precisa de menos estímulo. E quanto menos estímulo, menos peso vibracional e físico o corpo carrega. O emagrecimento, aqui, não é só estético — é energético, emocional, espiritual.

O poder do silêncio como tecnologia espiritual

As grandes tradições de sabedoria nunca glorificaram a fala. Glorificaram o silêncio, a pausa, a escuta atenta. Em Kemet, a palavra era heka — um som sagrado. Só podia ser pronunciada após silêncio interior. Nos templos africanos, no taoísmo chinês, nos saberes guaranis, no zen-budismo, nas escolas sufis, aprendia-se que a palavra mal utilizada é um veneno que envenena primeiro quem fala.

O silêncio é arma, é escudo, é afinação. Quem se cala com sabedoria observa melhor, sente mais, percebe antes. O silêncio conecta o ser com dimensões mais sutis da realidade. Ele não é ausência de som — é presença total do espírito. E onde há presença, há poder.

O corpo interpreta esse excesso como estresse.

E como todo organismo que entra em estresse, ele se prepara para a guerra: acumula gordura, altera o apetite, reduz o sono profundo, ativa o cortisol. Resultado? Um corpo inflamado, agitado, tenso — tentando compensar o desequilíbrio energético que o excesso de fala causa.

Agora inverte: silencia.

Não como fuga, mas como prática.

Você verá o corpo entrar num novo estado.

Um estado de retorno ao eixo. O apetite diminui. A necessidade de preencher vazios cessa. Você mastiga devagar. Você respira mais profundamente.

Você sente que não precisa mais compensar nada. E o corpo entende. Ele solta. Ele excreta. Ele purifica.

O silêncio é um jejum: um jejum vibracional, emocional e hormonal.

E, nesse jejum, você emagrece ruídos.

Provérbios africanos sobre a fala e o silêncio

“A palavra é como a água: uma vez derramada, não volta para a vasilha.” – Provérbio bantu

“O silêncio é a virtude dos fortes.” – Provérbio iorubá

“Fala menos e observa mais: o leão não ruge quando caça.” – Provérbio da savana

“A língua não tem ossos, mas quebra corações.” – Provérbio do Congo

“Quando o sábio aponta a lua, o tolo discute o dedo.” – Provérbio africano popularizado.

O sistema em que vivemos estimula o vício da fala porque sabe que o silêncio é revolucionário. O ser que silencia entra em contato com o que realmente sente. E sentir profundamente é o primeiro passo para se libertar. Falar demais serve ao capitalismo da distração. Silenciar é insurgir contra ele. É desconectar-se da lógica do espetáculo e retornar ao que é essencial.

Por isso, quanto mais barulho houver ao redor, mais você será convidado a produzir ruído também. A cultura do conteúdo imediato, da resposta rápida, da opinião sobre tudo — tudo isso alimenta o vício da fala. Mas há outro caminho. O caminho de quem fala só quando a palavra for mais forte que o silêncio.

A fala precisa ser lapidada como se fosse pedra rara

Cada palavra que você pronuncia molda o campo. As palavras não são inocentes. Elas são ondas. Códigos. Feitiços. A fala deve ser lapidada como o ouro: polida, aquecida, refinada. Porque ela carrega sua assinatura vibracional.

Dominar o vício da fala é escolher qualidade sobre quantidade. É entender que o mundo não precisa da sua opinião sobre tudo — precisa da sua consciência em tudo. Falar menos, com mais intenção, é fazer com que cada palavra pese como decreto.

Seu primeiro idioma quando você nasceu foi o silêncio. Seja fluente nele.

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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