Você acha que está acordado, mas ainda sonha: as correntes que não se veem.

Constantemente, quando eu trago esse tema para discussão — sobre controle alimentar, manipulação mental e programação de massas — muita gente se apressa em dizer:

“Eu já despertei.”

“Eu estou nos 5%.”

“Estou cansado de tentar acordar os outros.”

Mas o que eu tenho a dizer a você, que acredita estar entre os poucos despertos, é o seguinte: reveja. Questione-se. Observe mais profundamente.

Se você ainda se identifica com o ego — com a sua aparência, com o seu nome, com o seu CPF, com seu status social, com suas conquistas — você ainda não despertou.

Se você ainda acredita que é esse corpo, que o que você consome é “normal”, que viver correndo atrás de dinheiro é natural, que obedecer sem questionar é sinônimo de ser uma “pessoa de bem”… então você ainda está sonhando.

Porque o sonho mais perigoso é aquele que a gente jura estar acordado.

Vivemos em um mundo onde as correntes não são mais de ferro. São mentais, simbólicas, digitais, bioquímicas. E exatamente por isso, são ainda mais eficazes.

A prisão começa na mente

O ex-Navy SEAL e ultramaratonista David Goggins disse em seu livro Nada Pode Me Ferir:

“Tudo na vida se trata de um jogo mental. Quem você está imaginando ser? O que você diz sobre si mesmo?”

Essa pergunta deveria ecoar (ou melhor, reverberar) em cada pensamento que temos sobre nós mesmos. Porque o sistema é inteligente: ele nos programa desde o berço. Você ganha um nome que não escolheu, uma religião que não questionou, uma escola que te treinou para obedecer e não para pensar.

Somos condicionados a acreditar que “ser alguém na vida” é consumir, acumular, performar. E quando não conseguimos, nos sentimos inadequados.

Mas a inadequação não é um erro pessoal: ela é o combustível da máquina.

Correntes invisíveis: onde elas se escondem?

As correntes invisíveis estão em todos os cantos. E quanto mais invisíveis, mais potentes.

1. A alimentação como arma de controle

Você realmente escolheu o que come? Ou foi ensinado a achar “normal” um café da manhã lotado de açúcar, um almoço com carne embebida em hormônios e agrotóxicos, e jantares congelados preparados por multinacionais que lucram com doenças?

O escritor Michael Pollan alerta:

“Coma comida. Não em excesso. Principalmente plantas.”

Mas no sistema atual, comer comida de verdade virou luxo. A indústria alimentícia empurra produtos ultraprocessados que alimentam o vício, não o corpo.

Quem controla sua comida, controla sua energia, sua disposição, sua capacidade de pensar. A alimentação é um código que reconfigura ou adormece o corpo — e o corpo é a ponte da mente com o real.

2. O ar que te adoece sem você ver

Não se fala muito, mas o ar que respiramos também é manipulado. Vivemos em cidades onde respirar é um ato tóxico. A poluição do ar, segundo a OMS, mata cerca de 7 milhões de pessoas por ano no planeta.

Mas o que isso tem a ver com controle?

Ar poluído afeta sua oxigenação, sua clareza mental, sua imunidade e até sua memória. Um corpo exausto, inflamado e doente não tem energia para questionar, nem para resistir. A letargia também é uma ferramenta de dominação.

3. O entretenimento como distração de massa

Enquanto o mundo real colapsa, o Instagram segue entregando vídeos curtos de danças, polêmicas ensaiadas e filtros de beleza. A Netflix repete narrativas e repagina guerras com heróis americanos. A Globo seleciona o que você deve ver, chorar ou comemorar.

A filósofa Simone Weil já dizia:

“A atenção é a forma mais rara e pura de generosidade.”

Mas a sua atenção foi sequestrada. Você acha que está escolhendo, mas está sendo conduzido por algoritmos que sabem mais sobre seus impulsos do que você mesmo.

O ego como isca: você é o avatar, não o jogador

A identificação com o ego é talvez a corrente mais cruel de todas.

Você acredita que é esse personagem que atende pelo seu nome. Se orgulha do seu “estilo”, das roupas que veste, da forma como é visto pelos outros. Gasta mais tempo se comparando do que se olhando de verdade.

Mas como diz Eckhart Tolle:

“O ego é sempre definido em contraste com o outro. Ele precisa de inimigos para existir.”

E enquanto estivermos identificados com o ego, continuaremos reagindo ao mundo de forma automática, impulsiva, sem presença. Continuaremos a alimentar o sistema com nossas emoções inconscientes.

A falsa ideia de despertar

Ser “desperto” não é consumir conteúdo espiritual nas redes sociais.

Não é fazer yoga ao som de mantras e depois xingar o motoboy.

Não é saber que o 1% comanda tudo, mas continuar alimentando o sistema com medo, culpa e desejo de status.

Despertar é se desidentificar do personagem.

É perceber que a realidade é um reflexo da sua vibração, não da sua opinião.

É entender que liberdade não é fazer o que se quer, mas sim não ser refém de nada.

Mas afinal… quem são os 1%, os 4%, os 90% e os 5%?

Essa divisão é simbólica, mas real:

  • 1% detêm a riqueza, o poder, os meios de produção, a influência sobre governos, escolas, alimentos, medicamentos, tecnologia e guerra.
  • 4% são os operadores: juízes, CEOs, editores, militares, políticos e formadores de opinião que mantêm a ordem estabelecida.
  • 90% são os que estão dormindo. Vivem no piloto automático. Trabalham, comem, dormem, reproduzem sem refletir.
  • 5% são os que estão despertando. Os que sentem o incômodo. Que não se encaixam. Que enxergam as engrenagens do jogo e tentam, a duras penas, hackear o sistema por dentro.

Só que até esses 5% precisam tomar cuidado. Porque o ego espiritual é outra armadilha. Achar-se mais consciente que os outros é mais um tipo de prisão.

O que é preciso para acordar?

Acordar não é um evento. É um processo. Um descondicionamento contínuo.

Significa questionar tudo:

O que você come. O que você acredita. O que você sente. O que você teme.

Significa morrer para a velha identidade. E isso dói. Despertar dói.

Porque ver a prisão é desconfortável.

Mas ver a prisão é o primeiro passo para sair dela.

Caminhos de libertação possíveis

  1. Silêncio: Reduza os ruídos. O mundo fala demais. O silêncio te ensina.
  2. Respiração consciente: Respire fundo. O ar é presença.
  3. Alimentação viva: O que está vivo te mantém vivo.
  4. Movimento: Corpo parado é mente estagnada.
  5. Consciência emocional: Sinta sem se afundar.
  6. Estudo crítico: Leia. Pesquise. Desconfie até de mim.
  7. Desapego de papéis sociais: Você não é o que o mundo diz que você é.

Encerrando com uma pergunta sincera:

Você ainda acredita que está entre os 5%?

Se você ainda se alimenta como o sistema quer,

se ainda reage como o ego deseja,

se ainda consome entretenimento como distração,

e acredita que despertar é só uma estética ou um discurso…

Talvez você ainda esteja sonhando.

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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