Uma nova era se inicia no Vaticano. Aos 69 anos, o cardeal Robert Francis Prevost foi eleito papa e escolheu o nome Leão XIV, tornando-se o primeiro pontífice norte-americano da história da Igreja Católica. A escolha foi anunciada de forma tradicional, com a emblemática fumaça branca subindo da Capela Sistina e, logo em seguida, a apresentação em latim feita pelo cardeal Dominique Mamberti.
Prevost apareceu na sacada da Basílica de São Pedro e, em seu primeiro discurso como papa, escolheu começar com a saudação da esperança:
“A paz esteja com todos vocês. Esta é a primeira saudação do Cristo ressuscitado. Eu também gostaria que essa saudação de paz entrasse no coração de vocês.”
Apesar da origem norte-americana, Prevost tem raízes espirituais agostinianas — linha teológica que remonta a Santo Agostinho, o pensador africano cujas ideias foram fundamentais para a Igreja, mas cuja identidade foi sistematicamente embranquecida ao longo dos séculos. Sua eleição carrega consigo o peso simbólico de um novo ciclo: um papa vindo do império contemporâneo da globalização, ao mesmo tempo em que tenta manter acesa a chama das reformas pastorais iniciadas por Francisco.
Mesmo próximo do papa emérito e reconhecido por sua atuação pastoral em regiões periféricas da América Latina, Prevost mantém posturas mais tradicionais em temas como moral sexual, papel das mulheres na Igreja e estrutura do clero. Seu desafio, agora, será equilibrar a herança progressista de Francisco com sua própria inclinação conservadora — especialmente em um cenário global em que a Igreja perde fiéis, enfrenta crises internas e precisa dialogar com novas gerações.
“Queremos ser uma igreja sinodal, que avança, que busca sempre a paz, a caridade, sempre estar próxima, principalmente daqueles que sofrem”, afirmou o novo papa em tom conciliador, sinalizando que a escuta e o acolhimento permanecerão no centro de sua missão.
O nome Leão XIV também carrega um simbolismo potente: remete à tradição, mas também à força e à autoridade espiritual em tempos de incerteza. A escolha pode indicar uma tentativa de consolidar a influência da Igreja em um mundo cada vez mais fragmentado entre conservadorismo político, novas espiritualidades e o avanço de igrejas neopentecostais.
Resta saber se Leão XIV será apenas um continuador cauteloso ou se terá coragem para ousar em nome da fé — e da história.