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Ainda Estou Aqui vence o Oscar 2025

AI Brain

No dia 2 de março de 2025, o cinema brasileiro fez história com a vitória de Ainda Estou Aqui na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar. Dirigido por Walter Salles, o longa se destacou em meio a uma forte concorrência, tornando-se o primeiro filme brasileiro a vencer essa categoria na premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. O reconhecimento internacional do filme não apenas celebra a qualidade do cinema nacional, mas também reforça a importância da memória histórica e da resistência política em tempos de desafios globais.

Uma História Poderosa

Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, Ainda Estou Aqui retrata a luta incansável de sua mãe, Eunice Paiva, contra o regime militar no Brasil. Eunice foi uma mulher que enfrentou a ditadura após o desaparecimento do marido, Rubens Paiva, sequestrado e assassinado pelo regime. O filme reconstrói sua trajetória de dor, coragem e resiliência, enquanto ela luta para criar seus filhos, enfrentar a censura e denunciar as atrocidades cometidas pelo Estado.

A escolha dessa narrativa para um filme de grande alcance internacional é um marco não apenas para o cinema brasileiro, mas também para a preservação da memória política do país. Em tempos onde movimentos autoritários tentam reescrever a história e minimizar os crimes da ditadura, Ainda Estou Aqui resgata a verdade e a inscreve na cultura cinematográfica global.

Walter Salles e Sua Conexão com a História

Walter Salles, um dos mais prestigiados cineastas brasileiros, já havia sido indicado ao Oscar em 2004 com Diários de Motocicleta, mas agora, com Ainda Estou Aqui, ele finalmente levou a estatueta. Em seu discurso de agradecimento, Salles dedicou o prêmio a Eunice Paiva e às atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, que interpretam Eunice em diferentes momentos da vida.

O diretor enfatizou que essa vitória não é apenas do cinema, mas da memória, da verdade e da justiça. Ele ressaltou que, em um mundo onde regimes autoritários continuam a emergir, filmes como esse são fundamentais para lembrar as gerações futuras sobre o custo da liberdade.

A Força do Elenco e a Indicação de Fernanda Torres

A performance de Fernanda Torres como Eunice Paiva foi amplamente elogiada, rendendo-lhe uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz, tornando-se apenas a segunda brasileira a receber essa nomeação, após sua mãe, Fernanda Montenegro, em 1999 com Central do Brasil. Essa conexão entre mãe e filha no cinema e na vida real tornou a premiação ainda mais simbólica para o Brasil.

Além de Fernanda Torres, o elenco do filme inclui Gabriel Leone, Marco Ricca e Carla Ribas, que entregam atuações impactantes e intensas. A combinação de uma narrativa poderosa com interpretações profundamente emocionais fez de Ainda Estou Aqui um filme inesquecível.

A Caminho do Oscar: A Jornada Internacional do Filme

Antes de chegar ao Oscar, Ainda Estou Aqui já havia conquistado uma trajetória impressionante em festivais internacionais. O filme foi ovacionado no Festival de Veneza, onde recebeu o prêmio de Melhor Roteiro, e também ganhou o Prêmio do Público no Festival de Roterdã. Esses reconhecimentos mostraram que o impacto do longa ia muito além do Brasil, conectando-se com audiências de diferentes partes do mundo.

No Oscar 2025, o filme concorreu com grandes títulos internacionais, incluindo:

• Emilia Pérez (França) – Dirigido por Jacques Audiard, estrelado por Selena Gomez e Zoe Saldaña.

• A Garota da Agulha (Dinamarca) – Drama psicológico que explorou temas de identidade e trauma.

• A Semente do Fruto Sagrado (Irã) – Um filme poético e profundamente simbólico sobre religião e opressão.

• Flow (Letônia) – Uma obra de vanguarda sobre imigração e pertencimento na Europa moderna.

A vitória de Ainda Estou Aqui sobre esses concorrentes consagrou o filme como uma produção de impacto global, reafirmando a força do cinema brasileiro na narrativa política e humana.

A Repercussão no Brasil e no Mundo

Após a vitória, as redes sociais foram inundadas por mensagens de orgulho e celebração. Personalidades do cinema, da política e da cultura comemoraram o feito histórico. No Brasil, a vitória foi especialmente simbólica em um momento de intenso debate sobre o legado da ditadura e os desafios da democracia.

Críticos internacionais destacaram a profundidade do roteiro, a direção impecável de Walter Salles e a atuação magistral de Fernanda Torres. O jornal The Guardian chamou o filme de “uma obra-prima da memória e da resistência”, enquanto a Variety o descreveu como “um lembrete necessário do preço da verdade”.

O Impacto para o Cinema Brasileiro

A conquista de Ainda Estou Aqui no Oscar pode abrir portas para novas produções brasileiras no circuito internacional. Historicamente, o Brasil já havia sido indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional quatro vezes:

• O Pagador de Promessas (1963)

• O Quatrilho (1996)

• O Que é Isso, Companheiro? (1998)

• Central do Brasil (1999)

Mas nunca um filme brasileiro havia vencido a categoria. Essa vitória pode impulsionar novos projetos nacionais e incentivar um maior reconhecimento do cinema latino-americano.

Além disso, abre um precedente para mais financiamento e apoio internacional a produções brasileiras, algo que sempre foi um desafio para a indústria cinematográfica do país.

Um Marco na História do Brasil

Ainda Estou Aqui não é apenas um filme. É um testemunho de resistência, memória e verdade. Sua vitória no Oscar 2025 não apenas consagra Walter Salles e sua equipe, mas também reafirma a importância do cinema como ferramenta de luta contra o apagamento histórico.

O Brasil celebrou essa vitória como um sinal de que histórias como a de Eunice Paiva não serão esquecidas. Seu legado, agora eternizado na tela e reconhecido no palco mais prestigiado do cinema mundial, é uma lembrança de que a busca por justiça nunca pode ser silenciada.

Que esse Oscar seja apenas o começo de uma nova era para o cinema brasileiro, onde histórias essenciais como essa continuem sendo contadas e reconhecidas globalmente.

Wanderson Dutch
Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016). Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo. É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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