Elon Musk, o bilionário que adora brincar de teórico da conspiração no Twitter, resolveu abrir mais um episódio da sua série “Eu Sei de Algo Que Ninguém Sabe, Mas Não Tenho Provas”. Desta vez, o alvo foi a eleição brasileira de 2022. Em resposta a um post do senador republicano Mike Lee — que, por sua vez, havia se encontrado com Eduardo Bolsonaro, o herdeiro do bolsonarismo — Musk afirmou que o “Deep State” dos Estados Unidos financiou a vitória de Lula contra Jair Bolsonaro.
Ah, the “Deep State”—um dos termos favoritos da extrema direita americana para descrever um suposto governo oculto que manipula as eleições, sabota seus líderes favoritos e controla tudo das sombras. Na prática, é um bordão para transformar qualquer derrota política em um grande complô internacional. O engraçado é que, assim como todas as outras teorias conspiratórias de Musk, essa também vem sem um único grama de prova.
O Que Elon Musk Ganha com Isso?
Musk, que já provou que não precisa de muito para espalhar desinformação (vide seu novo papel como propagador de fake news no X/Twitter), parece cada vez mais comprometido em ser a versão bilionária de um tiozão do zap. Ao endossar teorias infundadas sobre a eleição brasileira, ele não apenas reforça o vitimismo bolsonarista como também tenta resgatar um eleitorado trumpista que vê no Brasil um espelho de suas próprias derrotas.
Aliás, é curioso como essa narrativa sempre surge quando a extrema direita perde. Bolsonaro perdeu? Foi fraude. Trump perdeu? Também foi fraude. E se Musk perder mais alguns bilhões na sua gestão caótica do X? Bom, certamente ele dirá que foi culpa do Deep State, dos comunistas, da ONU ou de qualquer outro inimigo imaginário da vez.
USAID e a eFraude Fantasma
A teoria da conspiração de Musk também resgata uma velha fake news sobre a USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) supostamente financiando uma fraude eleitoral contra Bolsonaro. Nenhuma prova foi apresentada. Nenhum documento vazado. Nenhuma investigação séria chegou perto de sugerir isso. Mas, na era das redes sociais, quem precisa de fatos quando se tem tweets impulsionados e seguidores dispostos a acreditar em qualquer coisa?
O mais irônico é que, se há um histórico de interferência americana em eleições pelo mundo, ele certamente favoreceu muito mais a direita do que governos progressistas. Mas, claro, isso não vem ao caso quando o objetivo é apenas criar histeria e alimentar delírios conspiratórios.
Musk: O Novo Guru da Extrema Direita?
O que Elon Musk está fazendo é um experimento perigoso. Ao se alinhar cada vez mais com figuras como Donald Trump e Jair Bolsonaro, ele não apenas coloca sua credibilidade (ou o que restava dela) em jogo, mas também reforça a normalização de mentiras políticas. O bilionário que um dia foi sinônimo de inovação agora parece mais interessado em ser um “shitposter-in-chief” — ou seja, o rei dos tweets vazios que inflamam a base radical sem entregar nada de substância.
No fim, tudo se resume a poder e influência. Musk não se importa com a verdade. O que importa é manter sua posição como um influenciador político digital, um “mártir” da liberdade de expressão que, ironicamente, censura e bane qualquer um que o critique em sua própria plataforma.
Enquanto isso, no mundo real, Lula governa, Bolsonaro se enrola cada vez mais na Justiça e o Brasil segue sem precisar da aprovação de um bilionário americano para definir seus próprios rumos.