Ao longo da história, os projetos de dominação sempre se apoiaram em estratégias minuciosamente arquitetadas para controlar as massas, restringir a liberdade e perpetuar sistemas de exploração. Desde os impérios antigos até as ditaduras modernas, a manipulação da informação, a coerção e a supressão da consciência crítica foram os pilares da dominação. Governos colonialistas, por exemplo, impuseram suas ideologias através da religião, da cultura e, principalmente, da força, criando uma estrutura onde os oprimidos eram mantidos em um estado de alienação perpétua, incapazes de perceber sua própria condição de subjugação.
A supremacia branca, sob a roupagem de missões civilizatórias, invadiu territórios, saqueou riquezas e impôs sua visão de mundo, utilizando a violência como instrumento de coerção. A escravidão, o imperialismo econômico e as estruturas de poder raciais, que persistem até hoje, são frutos desse projeto contínuo de dominação. Mas o que mudou nos tempos modernos? Se antes as correntes eram visíveis, hoje elas são invisíveis – psicológicas, digitais, sutis.
E é nesse ponto que Matrix, o filme de 1999, permanece tão relevante. A narrativa da trilogia apresenta uma metáfora precisa sobre o mundo em que vivemos: um sistema cuidadosamente construído para manter as pessoas adormecidas, distraídas e desconectadas da realidade. Assim como no filme, o projeto supremacista neocolonial contemporâneo criou uma realidade artificial para as massas, utilizando as redes sociais, a mídia corporativa e o consumismo desenfreado como ferramentas de controle. A ilusão de liberdade se tornou a prisão perfeita, onde o indivíduo não sente as amarras, pois está entretido com distrações cuidadosamente orquestradas.
O impacto das redes sociais e a nova forma de organização da sociedade
As redes sociais transformaram radicalmente a forma como as sociedades se organizam e percebem a realidade. Elas se tornaram o novo campo de batalha ideológico, onde narrativas são construídas e desconstruídas em tempo real. Se por um lado oferecem um espaço para resistência e mobilização, por outro, são instrumentos poderosos nas mãos dos mesmos grupos que sempre controlaram o mundo. Empresas como Meta, Google e X (antigo Twitter) operam sob uma lógica que visa maximizar o engajamento, amplificando discursos polarizantes e dando voz a ideologias que reforçam a ordem neocolonial vigente.
Grupos extremistas, percebendo o potencial dessas plataformas, se apropriaram delas para disseminar suas agendas supremacistas e coloniais. Eles utilizam técnicas sofisticadas de propaganda, incluindo desinformação, manipulação algorítmica e campanhas de medo, para capturar mentes e corações. A radicalização acontece em bolhas digitais cuidadosamente cultivadas, onde as pessoas são expostas a conteúdos que reforçam suas crenças e gradualmente as empurram para posições extremistas. Como Noam Chomsky já alertava, o controle da mídia é uma ferramenta essencial para manter as massas distraídas com “necessidades fabricadas”, enquanto o verdadeiro poder age nos bastidores.
Esse cenário não se limita aos Estados Unidos ou à Europa. No Brasil e em outros países do Sul Global, essas dinâmicas são ainda mais brutais, pois operam sobre camadas históricas de exploração e desigualdade. O racismo estrutural, o patriarcado e as elites econômicas encontraram nas redes sociais uma nova forma de perpetuar seu domínio, explorando as fragilidades sociais e políticas para manter sua hegemonia. As fake news, as campanhas de desinformação e a cultura do medo são estratégias eficazes para paralisar qualquer movimento de emancipação.
A resistência digital e o papel dos comunicadores independentes
Diante desse cenário de opressão digitalizada, surge um contraponto essencial: os comunicadores digitais independentes. Esses criadores de conteúdo, muitas vezes sem o respaldo de grandes corporações ou fundos milionários, dedicam suas vozes a um projeto de conscientização e resistência. Produzindo conteúdos anti-coloniais, educativos e informativos, eles atuam como agentes de desconstrução da narrativa hegemônica, trazendo à tona histórias silenciadas, conhecimento ancestral e perspectivas que desafiam a normatividade imposta.
A importância desses comunicadores não pode ser subestimada. Enquanto as mídias tradicionais continuam a reforçar a lógica da elite, os criadores independentes são a trincheira de resistência, abrindo espaços de diálogo e reflexão crítica que antes eram impensáveis. Eles atuam como guias na jornada de despertar, fornecendo ferramentas para que as massas percebam a Matrix e comecem a questionar a estrutura imposta.
Estou trabalhando nas redes desde 2014, ininterruptamente, criando conteúdo que desafia o sistema colonial e educa sobre as estruturas que nos aprisionam. Minha luta é por um mundo onde o conhecimento liberta, onde a informação é uma arma poderosa contra a opressão, e onde a verdade não é determinada por algoritmos, mas pela história e pela resistência ancestral que pulsa em cada um de nós.
Não há saída fácil. Assim como no filme Matrix, a escolha está diante de nós: continuar na ilusão confortável ou enfrentar a realidade e lutar para transformá-la. Mas uma coisa é certa: a resistência continua, e nunca deixaremos de lutar.