O trauma psíquico do colonialismo e da escravidão atravessa gerações.

O trauma e a violência colonial psíquica da escravidão viajam pela linha familiar até que algum membro da família esteja pronto para reconhecê-los e curá-los, reiniciando uma história diferente. Será você o responsável por quebrar esse ciclo?

Seus ancestrais não estão distantes, observando você em uma sala especial do outro lado do mundo. Eles estão dentro de você — em cada célula, cada órgão, cada respiração. Eles são você. Reconheça suas origens e honre-as! Seu espírito é antigo, carregado de sabedoria, resiliência e força.

Nossa cultura africana não está perdida. Ela vive em nós, latente, esperando ser reconhecida e trazida de volta à superfície. Não é preciso buscá-la fora; ela pulsa em nossa música, em nossos ritmos, em nossos gestos, em nossas histórias. É nossa tarefa reconhecê-la, nutrir nossas raízes e relembrar quem somos.

Mas, para isso, precisamos começar pela mente. O colonialismo e a escravidão não apenas aprisionaram corpos, mas implantaram uma mentalidade que nos desconectou de nós mesmos.

Essa mentalidade, frequentemente chamada de mente ocidental, tem sido a principal causa dos inúmeros erros que nosso povo continua a repetir.

Libertar a mente é o primeiro passo, pois tudo começa na mente. O Universo é mental. 

Jogos mentais foram jogados em nós por meio da política, da religião, da educação e até da economia. Esses jogos criaram a ilusão de que somos inferiores, incapazes e desconectados de nossa própria essência africana. Mas essa é uma mentira que se sustenta enquanto não voltamos à nossa mente original — a mente conectada à terra, aos ciclos da vida, à sabedoria milenar de nossa ancestralidade.

Para nos curarmos, precisamos embarcar em um renascimento interno. Devemos limpar a toxicidade, a sujeira e a degradação que resultam da exploração de nossos corpos e espíritos. Não é fácil, mas é um passo importantíssimo e necessário.

A autocura começa dentro de nós.

Quando reconhecemos que possuímos o poder da autocura, podemos reinterpretar nossas experiências. De vítimas, nos transformamos em protagonistas de uma nova história. Nossos ancestrais nos ensinaram, através de seus legados, que a força está em nossa conexão com o todo: o corpo, a mente, o espírito e a terra.

Lembre-se: você não está sozinho nesse processo. Ao olhar para dentro, você verá que seus ancestrais estão vivos em você, guiando e fornecendo força. Como dizia Malcolm X: “Se você não está pronto para morrer por isso, tire a palavra ‘liberdade’ do seu vocabulário.” Isso não significa apenas um sacrifício físico, mas a disposição de deixar para trás as correntes mentais e espirituais que nos prendem.

A reconexão com nossa cultura africana é um ato revolucionário. É reconhecer que nosso valor não está no quanto dinheiro ganhamos ou nos padrões impostos pela sociedade, mas em nossa essência, em nossa história, em nossa força.

O renascimento começa agora.

Quebrar o ciclo não é fácil, mas é necessário. Ao honrar suas raízes e libertar sua mente, você não está apenas curando a si mesmo, mas toda uma linhagem ancestral. A verdadeira revolução começa dentro de cada um de nós, e o poder de mudar o mundo está nas nossas mãos. Afinal, como dizia Dr. Robbin Alston, só podemos nos iluminar ao reconhecer que a cura está dentro de nós.

Reconheça, liberte-se, e honre a força que sempre esteve presente. Você é o elo entre o passado e o futuro.

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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