Você se pergunta em algum momento sobre aquilo que pensa?

Por que você pensa aquilo que pensa?

Inicialmente, é fundamental compreender o que caracteriza o ato de pensar e qual sua motivação intrínseca. No século 19, Nietzsche, com sua assertiva “eu não penso, algo pensa em mim”, instiga uma reflexão profunda sobre a natureza do pensamento e o papel da consciência em nossas atividades cognitivas diárias.

O pensamento, longe de ser algo apenas trivial, apresenta-se como um fenômeno de extrema complexidade e sofisticação. Envolvendo intricados processos cognitivos, interações emocionais e experiências vivenciais, nossos pensamentos se entrelaçam numa tapeçaria única, fortemente influenciada por uma rede complexa de memórias, crenças e contextos sociais.

Surge, então, a indagação: será possível afirmar que controlamos plenamente nossos próprios pensamentos, ou, em certa medida, somos receptores de forças inconscientes que se manifestam em nossa consciência? A provocação de Nietzsche desafia a concepção tradicional do pensamento como um ato completamente consciente e autônomo.

Num cenário de tal complexidade, emerge a interrogação: em que medida somos conscientes de nossos próprios pensamentos? A exploração dessa questão adentra o território da introspecção, desafiando nossas convicções e delineando a compreensão de que, por vezes, aquilo que acreditamos ser uma criação mental exclusiva pode ter raízes mais profundas e intrincadas.

Assim, ao lançarmos olhar crítico sobre aquilo que permeia nosso pensamento, deparamo-nos com um convite à jornada de autoconhecimento. Nessa exploração das nuances do pensamento, reconhecemos que, em muitas circunstâncias, somos tanto os agentes que pensam quanto os pensados. Faz sentido?

A origem do pensamento na da humanidade.

Falar sobre a origem do pensamento humano é falar de uma história fascinante, um enigma que nos conduz através dos intricados caminhos da nossa evolução e da complexidade do cérebro humano. Compreender como surgiu o pensamento implica explorar não apenas a biologia, mas também os elementos culturais e sociais que moldaram essa capacidade singular.

Nos primórdios da existência humana, nossos ancestrais enfrentavam desafios de sobrevivência, levando à necessidade de adaptação e inovação. O desenvolvimento de habilidades cognitivas superiores, como a capacidade de prever eventos futuros, solucionar problemas e criar estratégias, foi crucial para a sobrevivência e o sucesso da espécie.

À medida que os seres humanos evoluíam, a socialização tornou-se uma força motriz para o desenvolvimento do pensamento. A comunicação verbal e, posteriormente, a linguagem escrita possibilitaram a transmissão de conhecimento de geração em geração. Esse intercâmbio cultural contribuiu significativamente para a expansão das capacidades cognitivas.

O surgimento de sociedades complexas trouxe consigo a necessidade de planejamento, organização e tomada de decisões, impulsionando o desenvolvimento do pensamento crítico. A escrita, a filosofia e as expressões artísticas são testemunhos históricos do florescimento do pensamento humano em diversas culturas ao longo do tempo.

Além disso, avanços na compreensão do funcionamento cerebral, como os estudos da neurociência, têm contribuído para desvendar os mistérios por trás do pensamento. A plasticidade cerebral e a complexa rede de neurônios fornecem insights sobre como o pensamento se manifesta e se adapta ao longo da vida.

Em suma, a origem do pensamento é um intricado resultado da evolução biológica, interações sociais e desafios ambientais. O pensamento, ao longo da história humana, revelou-se uma ferramenta extraordinária que impulsionou a inovação, a cultura e a compreensão do mundo que nos cerca.

Os orientais e as tradições mais antigas da África vão nos ensinar: você não é o seu pensamento.

As tradições antigas dos orientais e da África oferecem uma perspectiva única sobre o pensamento humano, desafiando a visão convencional que muitas vezes nos faz identificar inteiramente com nossos pensamentos. A sabedoria dessas culturas ancestralmente enraizadas sugere que “você não é o seu pensamento”.

Nessas tradições, o pensamento é visto como uma parte da experiência humana, mas não como a totalidade da identidade. Enquanto as filosofias orientais, como o budismo, exploram a natureza transitória e efêmera dos pensamentos, as tradições africanas frequentemente enfatizam a interconexão entre os indivíduos e o ambiente ao seu redor.

A ideia de “você não é o seu pensamento” destaca a capacidade de separar a consciência do fluxo constante de pensamentos que atravessa a mente. Isso implica reconhecer que os pensamentos são eventos passageiros e não uma representação intrínseca da identidade. Essa abordagem oferece uma libertação da identificação excessiva com as narrativas mentais, permitindo uma compreensão mais profunda da própria natureza.

A prática da meditação e do mindfulness, presentes em muitas dessas tradições, são meios pelos quais as pessoas aprendem a observar os pensamentos sem se apegar a eles. Isso promove uma consciência mais clara e uma compreensão de que, embora os pensamentos possam surgir, não definem a essência do ser.
Para terminar, as tradições antigas do oriente e da África nos convidam a transcender a estreita identificação com nossos pensamentos, abrindo espaço para uma consciência mais profunda e uma compreensão mais ampla de nossa própria existência. Essa perspectiva ressoa como um convite à liberdade mental e espiritual, proporcionando uma visão enriquecedora sobre a complexidade da experiência humana.

Por: Wanderson Dufch.

Fonte para pesquisa sobre o tema:

1. **”O Mundo Como Vontade e Representação” – Arthur Schopenhauer:** Explora a filosofia de Schopenhauer sobre a vontade, consciência e a natureza transitória da existência.

2. **”O Tao Te Ching” – Laozi:** Um clássico da filosofia chinesa que aborda o Tao, o caminho, e oferece insights sobre a natureza do pensamento e da existência.

3. **”O Poder do Agora” – Eckhart Tolle:** Examina a importância de viver no presente e desvincular a identidade do pensamento incessante.

4. **”Sapiens: Uma Breve História da Humanidade” – Yuval Noah Harari:** Oferece uma visão global da evolução humana, abordando também as complexidades culturais que influenciam o pensamento.

5. **”A Mente Nova do Rei” – James Burke:** Explora a interconexão entre inovação tecnológica, sociedade e pensamento ao longo da história.

6. **”O Poder do Agora” – Thich Nhat Hanh:** Um mestre budista vietnamita, Hanh explora a prática da atenção plena e suas implicações na forma como percebemos o pensamento.

7. **”Consciência: Uma Breve História da Vida Privada” – Julian Jaynes:** Examina a evolução da consciência humana e como isso influencia a maneira como pensamos e percebemos o mundo ao nosso redor.

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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