Você sabe quem são os Afares? Os verdadeiros descendentes do antigo Egito?

Você sabe quem são os Afars? Os verdadeiros descendentes dos antigos egípcios? Começando assim: ‘O colonizador, ao chegar na África, causou um verdadeiro rastro de destruição, perseguição e escravização, deixando-nos um legado de sofrimento que ainda persiste nas comunidades negras em todas as partes do mundo, através do racismo estrutural. Hoje, mesmo diante de muitos obstáculos, estamos recontando nossa história, resgatando nossa autoestima, e sobrevivendo diariamente em uma sociedade que só nos oferece a morte. Bem, hoje quero mais uma vez trazer conhecimento útil para você: os Afars, os verdadeiros egípcios keméticos do antigo Egito.


Os Afars são um grupo étnico seminômade que reside principalmente no Djibouti, Eritreia e Etiópia, com uma rica história e cultura. Conhecidos por sua resistência e habilidade de adaptação a ambientes áridos, os Afars tradicionalmente se dedicam à criação de gado, comércio e pesca nas regiões desérticas do Chifre da África.

Sua língua, o afar, é uma parte crucial da identidade cultural, e eles têm um sistema de clãs bem estruturado que influencia muitos aspectos da vida social e política. Com uma história marcada por conflitos e desafios, os Afars mantêm suas tradições, música, dança e cerimônias religiosas, contribuindo para a diversidade cultural da região.

No entanto, qualquer associação dos Afars como os “verdadeiros egípcios keméticos do antigo Egito” não é sustentada por evidências acadêmicas ou científicas amplamente aceitas. Enquanto as pesquisas e estudos sobre a história antiga são contínuos, a ligação direta entre os Afars e os antigos egípcios não é uma teoria estabelecida na comunidade acadêmica.
Afares, Etiópia

O povo de Afar, habitante de algumas das áreas mais desafiadoras do mundo, é reconhecido por sua resiliência, força e orgulho. No entanto, na região nordeste da Etiópia, estão enfrentando uma dura realidade: são considerados o grupo étnico mais negligenciado e marginalizado do país. Os nômades Afar têm acesso limitado a hospitais, escolas e serviços sociais, em comparação com outras regiões etíopes. Isso resulta em taxas mais altas de mortalidade prematura e menor probabilidade de escapar da pobreza.

O Sultão de Afar, Ali Mireh Hanfareh, está ciente dos desafios enfrentados pela sua região. Ele enfatiza a importância da educação como solução para muitos desses problemas. No entanto, aponta que a região carece significativamente de instituições educacionais; apenas três escolas secundárias estão disponíveis em todo o estado, uma das quais ele próprio construiu. Apenas um por cento dos Afars concluíram o ensino primário.

Além disso, a limitada infraestrutura educacional disponível muitas vezes resulta na migração de pessoas em busca de oportunidades melhores, deixando a região mais desfavorecida. Como pastores, os Afar se deslocam com seus rebanhos através das fronteiras, cobrindo vastas distâncias. Apesar de abranger cerca de um quinto do território etíope, a região de terras baixas onde vivem enfrenta escassez crônica de serviços de saúde adequados.

Apenas aproximadamente cinco por cento da população Afar têm acesso a cuidados de saúde adequados, com apenas dois hospitais atendendo toda a população – uma situação considerada extremamente inadequada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A infraestrutura básica, como energia elétrica, transporte e comunicações, é escassa, dificultando severamente a prestação de serviços.

A falta de serviços de extensão sanitária nos últimos três anos, devido a restrições financeiras e falta de transporte, a quase inexistente imunização contra doenças e a limitada eletricidade na capital, Asayita, evidenciam os desafios diários enfrentados pelos Afars. A construção de uma nova capital, Semara, está em andamento, mas permanece desabitada até o momento.

Décadas de discriminação e violações dos direitos humanos

Existe um histórico estabelecido de detenções arbitrárias e desaparecimentos de pessoas Afar, conforme observado pelo Relator Especial. Um incidente particularmente flagrante em 2022, conforme observado no relatório do Relator Especial, foi a detenção em massa de pescadores Afar pela marinha da Eritreia.

“Em 28 de agosto de 2022, a marinha da Eritreia apreendeu barcos de pesca e deteve entre 80 e 100 pescadores Afar ao largo da costa de Bara sole e levou-os para a prisão de Assab. Eles foram então entregues à 38ª Divisão Militar, responsável por realizar batidas de recrutas na região sul do Mar Vermelho e levados para Ras Tarma, o centro de defesa da marinha da Eritreia, perto do porto de Assab. Posteriormente, foram transferidos para a prisão de Tehadiso, também em Assab, onde teriam permanecido detidos”.

Outro incidente semelhante aconteceu apenas algumas semanas depois, conforme observado no relatório:

“No dia 9 de setembro de 2022, a marinha da Eritreia capturou vários membros de uma família em Buri, quando regressavam do Iémen, onde tinham vendido o seu peixe. O barco e a carga deles foram apreendidos e eles foram levados para o centro de detenção da Marinha de Galalu.”

O relatório avalia que o governo da Eritreia se envolveu num padrão de assédio e exploração contra o povo Afar. O relatório do Relator Especial inclui incidentes envolvendo prisões arbitrárias e apreensões de seus bens e bens.

“Embora alguns deles tenham sido libertados, muitos permanecem desaparecidos, sem mais informações disponíveis sobre o seu destino. Os libertados, bem como as famílias dos detidos, são instruídos a não perguntarem sobre os bens e barcos confiscados durante as detenções. Aqueles que tentam recuperar os seus bens do Governo são ameaçados com prisão e multas proibitivas de milhões de nakfa.

Gostou de conhecer um pouco sobre os Afar??

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Fonte:

https://www.iwgia.org/

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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