Palestina, Jesus e a Busca Eterna pela Paz

É impossível não abordar o nome de Jesus em um momento tão tumultuado quanto o que estamos enfrentando nos últimos dias. Os palestinos estão sofrendo ataques por parte do Estado de Israel após o brutal e inesperado ataque do HAMAS.

Muitos evangélicos brasileiros desconhecem o fato de que Jesus era um judeu-palestino e que, até os dias atuais, os judeus não reconhecem sua condição de Messias legítimo. Alguns chegam até a negar sua existência. Essa questão suscita reflexões importantes sobre a diversidade de perspectivas religiosas e culturais relacionadas a uma figura histórica tão influente.

Para muitos, Jesus é uma figura central na fé cristã, considerado o Filho de Deus e o Salvador da humanidade. No entanto, é crucial reconhecer que diferentes tradições religiosas têm interpretações distintas sobre sua vida e significado. A compreensão de Jesus como um judeu-palestino lança luz sobre sua origem geográfica e cultural, destacando a complexidade das questões religiosas e políticas na região do Oriente Médio.

Em meio a conflitos e tensões históricas, a figura de Jesus continua a ser um ponto de conexão e, ao mesmo tempo, um ponto de divisão entre diferentes comunidades e tradições religiosas. O entendimento de sua identidade e legado é, sem dúvida, um tema profundo e extremamente complexo que merece reflexão e respeito pela diversidade de crenças e opiniões.

A eterna busca pela paz

Falar em paz deveria ser algo que gerasse forte união entre todos nós, não é mesmo? Mas, infelizmente, isso não é real. No século 19, Nietzsche escreveu que “a crueldade é um prazer antigo.” De fato, quando olhamos para a história da civilização, é assustador como nós, seres humanos, gostamos de fazer guerra. Fico me perguntando aqui: para quê? A vida é um presente do universo, e é um presente tão breve. Há terra para todo mundo neste planeta enorme, mas infelizmente a ganância de poucos nos coloca nessa eterna roda de samsara. “Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”, como bem cantou Belchior.

Palestina, um Estado marcado por conflitos, ilustra a triste realidade dessa busca incessante pela paz. Gerações de pessoas têm vivido sob a sombra da violência e do conflito, sofrendo as consequências de uma disputa que parece eterna. Muros e fronteiras, lágrimas e sofrimento – tudo em nome de uma terra que, como mencionado, é vasta o suficiente para todos. A esperança de paz na Palestina parece muitas vezes um sonho distante, e essa realidade nos lembra o quão difícil é alcançar a harmonia em um mundo marcado por divisões.

Jesus, independente de sua existência histórica ou não, foi apresentado como o príncipe da paz. Um conceito profundamente inspirador, mas também altamente controverso. Enquanto muitos veem Jesus como um farol de amor e reconciliação, outros o consideram um impostor, um instrumento de divisão e controle. A história e os ensinamentos de Jesus têm sido interpretados de diversas maneiras ao longo dos séculos, e a religião se tornou muitas vezes uma fonte de conflito, em vez de unificação.

A busca eterna pela paz, seja na Palestina, seja na interpretação dos ensinamentos de Jesus, levanta questões essenciais sobre a natureza humana. Somos capazes de superar nossas diferenças e abraçar a paz como um valor universal? Ou estamos condenados a repetir os erros do passado, caindo na armadilha da crueldade e da violência?

Por que os judeus não acreditam em Jesus?

A fé judaica tem uma história rica e complexa que remonta a milhares de anos. Os judeus acreditam na vinda do Messias, um ungido por Deus que trará paz, justiça e a redenção para o povo judeu e para o mundo. No entanto, a interpretação do que constitui o Messias difere entre o judaísmo e o cristianismo.

Os judeus esperam um Messias que seja um líder humano, descendente da linhagem de Davi, um mestre da Torá e um indivíduo capaz de unir todas as nações e estabelecer um governo justo. Essa visão se baseia em profecias do Antigo Testamento, como as de Isaías e Miquéias. Jesus, do ponto de vista judaico, não cumpriu esses critérios. A crença na divindade de Jesus e na Trindade, fundamentais para o cristianismo, não encontra respaldo na tradição judaica, que enfatiza o monoteísmo estrito.

Assim, a divergência fundamental entre as crenças judaicas e cristãs sobre a identidade e o papel do Messias é o ponto de partida para a falta de aceitação de Jesus como o Messias pelos judeus. Para eles, Jesus não atendeu às expectativas messiânicas judaicas tradicionais, o que levou a rejeição de sua pretensão messiânica.

No entanto, vale ressaltar que o judaísmo é diverso, e diferentes correntes dentro do judaísmo podem ter abordagens variadas a essa questão. Além disso, a relação entre judeus e cristãos evoluiu ao longo da história, muitas vezes marcada por tensões e conflitos, mas também por esforços de diálogo e compreensão mútua.

O conhecimento desempenha um papel crucial na promoção desse diálogo e na compreensão das complexas relações inter-religiosas. A busca por conhecimento e a vontade de entender as perspectivas alheias podem abrir caminhos para o respeito e a tolerância, fortalecendo a convivência pacífica entre diferentes crenças e culturas. Portanto, ao considerar por que os judeus nunca acreditaram que Jesus fosse o Messias, é essencial lembrar que o entendimento profundo dessas questões pode levar a uma maior compreensão e respeito mútuo, promovendo a paz e a harmonia em um mundo diverso.

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Wanderson Dutch.

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch

Wanderson Dutch é escritor, dancarino, produtor de conteúdo digital desde 2015, formado em Letras pela Faculdade Capixaba do Espírito Santo (Multivix 2011-2014) e pós-graduado pela Faculdade União Cultural do estado de São Paulo (2015-2016).
Vasta experiência internacional, já morou em Dublin(Irlanda), Portugal, é um espírito livre, já visitou mais de 15 países da Europa e atualmente mora em São Paulo.
É coautor no livro: Versões do Perdão, autor do livro O Diário de Ayron e também de Breves Reflexões para não Desistir da Vida.

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